No Pirajuçara, Analice diz ‘você viu o UOL hoje?’, sobre Ney ter ligação com facção

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, no Pirajuçara, em Taboão da Serra

Durante caminhada neste sábado (22) no Pirajuçara, em Taboão da Serra, a deputada estadual e candidata à reeleição Analice Fernandes (PSDB) perguntou a um membro da campanha, entre um e outro pedido de voto a eleitores, se tinha visto reportagem em um dos principais portais de notícias do país em que o prefeito licenciado de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), irmão da candidata a deputada federal Ely Santos (PRB), tem ligação “concreta” com facção criminosa.

No Pirajuçara, Analice atravessa rua quando comentou com Félix
Analice atravessa rua quando comentou notícia sobre ‘PCC’ com o coordenador de campanha Paulo Félix (esq.)
Prefeito licenciado Ney Santos (PRB) e notícia
Prefeito licenciado Ney Santos (PRB) e reportagem do UOL que o aponta de ter ligação com facção criminosa

O portal UOL publicou neste sábado a reportagem “Facções criminosas miram influência em eleições nas 5 regiões do país” em que diz que “investigadores de São Paulo e Rio de Janeiro revelaram que pelo menos 20 candidatos (dez em cada Estado) são investigados por suas supostas ligações com facções criminosas como o CV (Comando Vermelho) e o PCC (Primeiro Comando da Capital)”. Observa que o “tema é tratado com sigilo” pela maioria dos envolvidos nos casos.

Ao citar um dos casos sob investigação, a reportagem aponta que, “em São Paulo, a polícia tenta identificar os objetivos da ligação entre os candidatos com criminosos”. “Enquanto essas suspeitas ainda são investigadas, o MP [Ministério Público] e a Justiça de SP afirmam que já há pelo menos um caso concreto de ligação entre o PCC e a política em território paulista: Ney Santos […]”, diz o UOL, que cita Ney como ex-prefeito de Embu, talvez por ter se licenciado.

Após citar passagens criminais anteriores de Ney, o UOL diz que ele, “em 2016, foi acusado pelo Ministério Público de integrar o PCC e de ter cometido os crimes de lavagem de dinheiro e associação ao tráfico de drogas” – o portal cita que, “em outubro daquele ano, acabou eleito prefeito da cidade”, mas a denúncia do MP ocorreu dois meses depois. “Uma desembargadora de São Paulo confirma: ainda há processos tramitando contra o prefeito”, diz a a reportagem.

Quando atravessou a rua Luiz Carlos Ventura, Analice disse ao coordenador da campanha Paulo Félix “você viu o UOL hoje?”, com aparente ar de satisfação, na frente do VERBO. Enquanto Analice pedia voto em uma loja de calçados onde entrou em seguida, Félix foi indagado por este portal se a deputada se referia à reportagem sobre facções criminosas publicada naquela madrugada pelo veículo de comunicação de São Paulo. “Ah, lógico, do PCC”, disse Félix, sorrindo.

No dia 7, o prefeito Fernando Fernandes (PSDB), marido de Analice, disse que não admitiu “dobrada” (propaganda eleitoral conjunta) da mulher com Ely por conta de que Ney é réu por associação ao crime organizado, decisão que disse que já tinha em mente desde que Ney “teve que se tornar foragido da polícia” e pesa “sobre ele tudo isso que está acontecendo agora”. “Desde lá trás eu já vinha com esse posicionamento”, disse Fernando, questionado pelo VERBO.

Analice caminhou do Poupatempo até quase o fim da estrada Kizaemon Takeuti, quando conversou com funcionários de uma rede de eletrodomésticos e não seguiu em direção a Embu, diante das primeiras agita-bandeiras de Ely. Um correligionário repetiu ao microfone: “Esta é ficha limpa”. Ela não deu entrevista, disse estar “focada” na atividade. Ela falou rapidamente com o VERBO sobre a caminhada. “Maravilhosa. Quem trabalha, a população reconhece”, disse.

OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO, Ney negou ligação com facção e indicou que Analice recebeu doação de campanha de empresa investigada. “Se sou ligado a alguma facção criminosa, eu deveria estar preso. Desde 2010, quando fui candidato a primeira vez, essa conversa é falada em época de eleição, mas depois acaba em pizza, não se prova nada. Estou aqui, vou continuar, porque nunca existiu e nunca existirá nenhum tipo de ligação minha com facção criminosa”, disse.

“O que a deputada Analice fala para mim não faz tanta diferença, até porque ela só fala bosta. Só são do bem pessoas que agradam a eles. Há quatro anos, quando coordenei a campanha dela em Embu das Artes, e ela teve 14.450 votos, eu era a melhor pessoa do mundo. Hoje, porque tenho um candidato, Hugo Prado, eu sou líder de facção criminosa. Há dois anos, quando fui candidato a prefeito, ela estava falando que eu seria o melhor prefeito do mundo”, afirmou.

“É uma pessoa que não tem escrúpulo, que na eleição quem está com ela é do bem, quem não está com ela é do mal. Não tem problema, meus eleitores me conhecem, a população da região já acordou. Se for olhar a minha prestação de contas, vai ver que nunca recebi dinheiro de empresa envolvida em desvio de verba do rodoanel, do metrô, em Lava-Jato, de empresa nenhuma ligada à prestação de serviço público. Minhas campanhas fiz com recurso próprio”, afirmou.

> Leia reportagem do UOL “Facções criminosas miram influência em eleições nas 5 regiões do país”
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