ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) afirmou no dia 1º, em inauguração de um centro esportivo, que a declaração do prefeito Ney Santos (PRB) de que fará os futuros presidente da Câmara e prefeito de Taboão da Serra é um plano de “golpe” e avisou que não deixará o “legado” da sua gestão com um “aventureiro”. Ele disse que Ney “não tem nem condição moral e ética” para ditar o destino de Taboão, em alusão a Ney ser réu por associação ao crime organizado.
Na inauguração de comitê da irmã Ely Santos (PRB), candidata a deputada federal, no dia 25, Ney anunciou o plano. “Escuta bem o que vou falar para vocês que são de Taboão da Serra. Deste projeto, vai sair uma deputada federal. Pode escrever o que estou falando. Deste projeto vai sair o presidente da Câmara de Taboão da Serra do próximo mandato. E o mais importante, é deste projeto que vai sair o próximo prefeito de Taboão. O povo clama por mudança”, afirmou.
Ney fez a fala nove dias depois de Fernando e Alex Bodinho (PPS) terem violento bate-boca e o vereador ser agredido por um assessor do prefeito. No dia 21, os vereadores Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, Érica Franquini e André Egydio, quatro dos cinco vereadores do PSDB, e Bodinho declararam deixar a base do prefeito. No dia 29, romperam com o mandatário ao retirarem apoio à deputado estadual e candidata Analice Fernandes (PSDB), mulher de Fernando.
Após Laércio Lopes (PSDB) recuar, Fernando reconsiderou que a adesão inicial do vice aos cinco vereadores dissidentes era uma articulação para ser tirado do comando da prefeitura, mas manteve a percepção em relação à investida do prefeito vizinho. “Não descarto o golpe. Quando um mandatário de outro município […], o cara vem aqui dizer que vai fazer o presidente da Câmara, que vai fazer o futuro prefeito da cidade, me desculpa, isso é um golpe!”, afirmou.
Fernando disse que também seria golpe se fosse a Embu e fizesse o mesmo. Ele disse que foi a Embu na filiação do Sargento Ruas ao PSDB, mas “foi uma parceria para a candidatura de Analice”. “Eu não fui para lá para falar que vou fazer o prefeito e o presidente da Câmara. Eu posso até apoiar alguém numa eleição futura [a prefeito]. Presidente da Câmara, eu jamais interferiria, não teria nem sentido. Agora, [Ney] vir aqui e falar isso, me desculpe”, disse o prefeito.
Fernando reclamou que, embora dirigente máximo do PSDB em Taboão, os vereadores dissidentes do partido nunca o procuraram para tratar sobre apoiarem Ely. “Essa briga começou por quê? Não foi crise institucional ou política. Esse grupo do PSDB foi lá no Embu e tomou a decisão de fechar com Ney Santos para a irmã dele sem falar comigo. Eu sou o presidente do partido, organizei o PSDB, fiz cinco cadeiras na Câmara. Verdade ou mentira? Verdade, né?”, falou.
Fernando disse que “sempre respeitei” que os vereadores apoiassem o nome a federal que quisessem, mas mesmo assim aliados de outros partidos o procuram para conversar sobre apoiarem candidato que não é do PSDB. “Mas eles tomaram a iniciativa e fizeram o acordo deles. Depois, vieram a mim e quiseram fazer material [de campanha] da Analice com a Ely Santos. Falei: ‘Isso não, não quero’. Por ‘n’ motivos, que não quero ficar aqui destilando”, disse.
Ele foi instado pelo VERBO a dizer ao menos um, mas se recusou. “Não vou citar, porque não sou da mesma estirpe”, disse. Apesar de ser evasivo, Fernando indicou aversão à vida pregressa de Ney e da própria Ely. Denunciados pelo Gaeco (Ministério Público), ambos são réus por associação com facção criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas. Ney fugiu. Ely chegou a ser presa. Eles pediram liminar para não serem presos – não foram inocentados.
Ao discursar, Fernando disse que daqui dois anos vai deixar a prefeitura certo de ter feito “um grande governo para esta cidade”. “Mas esse legado não será jogado às traças, não será deixado na mão de aventureiro, principalmente de pessoas que não têm história nenhuma com esta cidade. Nenhuma! E agora quer vir aqui e dizer como será o destino de Taboão. Não tem nem condição moral e ética para isso!”, reagiu, em nova estocada sobre as denúncias contra Ney.
Fernando disse ainda que o prefeiturável do governo em 2020 enfrentará o candidato de Ney. “O nosso candidato ou candidata terá de se reunir com esses trabalhadores e assumir na minha frente o compromisso de que esse grupo continuara à frente da prefeitura. Esse grupo, assim como ajudou Fernando, vai continuar trabalhando por Taboão”, disse, em reação ao “plano” de Ney. O VERBO não conseguiu contatar Ney para comentar as declarações de Fernando.
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