ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) acusou nesta quinta-feira (30) o prefeito Ney Santos (PRB), os vereadores Eduardo Nóbrega, Carlinhos do Leme, Érica Franquini, André Egydio, todos do PSDB, e Alex Bodinho (PPS) e o vice-prefeito Laércio Lopes, do PSDB, de tentarem chegar ao comando da prefeitura de Taboão da Serra por meio de um “golpe”. Ao eleger o prefeito vizinho como o “arquiteto”, ele disse que Ney devia cuidar de Embu, que “está um caos”.


Em entrevista coletiva no gabinete do prefeito, em tom forte, Fernando reagiu aos vereadores – dos cinco, quatro do próprio partido – diante da decisão de anunciarem a desistência de apoiar a deputada estadual e candidata à reeleição Analice Fernandes (PSDB), mulher dele, na noite de quarta (29). Eles já tinham fechado apoio à candidata a deputada federal Ely Santos (PRB), irmã de Ney, contra “ordem” de Fernando, de que o grupo apoiasse Bruna Furlan (PSDB).
Em vez de Analice, os vereadores dissidentes decidiram que vão apoiar agora para a Assembleia Legislativa Hugo Prado (PSB), presidente da Câmara de Embu, em anúncio que fizeram no próprio comitê de Ely em Taboão e já com a presença de Hugo, como novo candidato do grupo. Em outra afronta a Fernando, o grupo ratificou ainda que não apoiará mais o tucano João Doria para governador, mas Paulo Skaf (MDB) – o maior rival de Doria nesta eleição.
Desafiado como nunca em 40 anos de vida pública, Fernando explicitou a decepção. “Quando vejo toda essa história, um monte de inverdades, e aí me chamam o vice, que ainda vai lá! E ainda dá uma declaração que deixou todo mundo de saia justa, de que fizeram acordo para apoiar Skaf. Por trás disso há algo muito maior”, disse ele, que em seguida mirou Ney sobre ter dito que depois de emplacar a irmã elegerá os futuros presidente da Câmara e prefeito de Taboão.
“Na hora que Ney Santos vem a Taboão e diz que vai fazer o presidente da Câmara e o próximo prefeito, num imenso desprezo às forças políticas da cidade; carregam o vice para esse ambiente, e vejo o número de reuniões que tem-se feito com Aprígio [nome a estadual e virtual prefeiturável em 2020] – temos essa informação -, só tenho a concluir: é tentativa de golpe, querem chegar ao poder agora num golpe. Nos reunimos e chegamos à conclusão”, disse Fernando.
“Vamos ver isso na Câmara com tentativas de CPI, acusações. É o desenho político”, acrescentou Fernando, para na sequência acusar Ney de ser o arquiteto do golpe. “Não vamos permitir e não vamos ser vítima de um golpe político na nossa cidade. Principalmente um golpe político arquitetado por Ney Santos. Que deveria estar cuidando da cidade dele, que está um caos”, disparou – em sintonia com a percepção do cidadão de Embu, apesar de motivada pela desavença.
Fernando estava rodeado de sete vereadores, os governistas que não debandaram, entre eles a tucana Rita de Cássia, que optou por não romper com o prefeito, ao contrário dos colegas de partido – no anúncio da decisão do grupo, Nóbrega provocou que “dá tempo ainda” de Rita repensar. Porém, os que se autodenominaram “bloco independente e harmônico” (BIH) viraram “oposição” para Fernando. “É base ou oposição. Bloco independente é para boi dormir”, disse.
Fernando rebateu, sobretudo, declarações de Nóbrega. Negou que tenha deixado de valorizar o PSDB, apesar de em 2004 o governo ter decidido ter como candidato a prefeito Arlete Silva (PTB). Ele contestou fala de Nóbrega de que nenhum dos três presidentes da Câmara desde 2013 foi do PSDB por culpa dele. “Se o PSDB não foi presidente da Câmara foi por causa do Eduardo”, ironizou, sobre o vereador ter sido a opção escolhida, então no PR, e ainda criticar.
“Os problemas políticos dentro do governo foram criados pelo Eduardo Nóbrega. A maioria dos problemas que houve com a Câmara teve o protagonismo do Eduardo. No início do ano, ficaram quatro meses sem vir à prefeitura. Essas crises vêm desde 2013 quando cheguei à prefeitura”, espinafrou Fernando. Ele retrucou ainda não ter fechado para eleger Carlinhos em 2017 porque sabia que os vereadores não votariam nele por ver que quem mandaria era Nóbrega.
Um dos motivos alegados para o racha, Fernando falou sobre a briga com Bodinho. Reconheceu que perdeu a cabeça ao ir para cima dele para fazer deixar a sala, mas negou agressão e justificou o nervosismo por momento delicado da família. “Eles não narram as circunstâncias nas quais aconteceu o episódio. Estava em meu gabinete e pediram uma reunião para tratar de questões políticas. A primeira pergunta do Eduardo foi: por que você fala mal de mim?'”, disse.
“Naquele momento meu filho me liga chorando, dizendo que meu neto de seis meses teve uma complicação grave. E mandou uma foto para mim [do bebê], mostrei a eles. O Bodinho começou a gritar que não dava, que podia mandar todo mundo embora. Perdi a cabeça, parti para cima dele e pedi para ele sair da sala porque não tinha respeito pela minha dor. Não falam isso e ainda vêm dizer que tenho que pedir perdão para o Bodinho. É uma desfaçatez”, disse.
Fernando não quis dar explicação para ter vetado material de campanha em conjunto entre Analice e Ely. “É uma decisão política nossa”, disse o prefeito. Ele questionou se o grupo vai se manter vivo. “Até quando vai durar os cinco votos deles? Tudo que se alicerça numa base ruim não se sustenta. Esse solo [Ney] é contaminado”, afirmou, em declaração que foi vista como menção à ligação de Ney com o crime organizado, conforme o Ministério Público.
Horas antes da coletiva, Fernando se reuniu com todos os secretários municipais para decidir a demissão de servidores indicados pelos cinco vereadores. Apesar de dizer que “eles vão perder espaço”, ele prometeu não demitir pais de famílias apenas por serem ligados a um vereador. Ele disse que o secretário do Planejamento, Olívio Nóbrega, seria o primeiro a sair. Olívio, antes, apresentou uma carta de demissão. Se o ato não fosse “espontâneo”, ele seria demitido.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE
Fernando Fernandes, o que dizer de Ney Santos? Se o senhor nem investir na sua GCM faz, pelo contrário, sucateou… Isso mesmo… Sucateou, Ney Santos pelo menos paga salário digno aos guardas, e deixam os próprios guardas escolherem um CMT e um secretário, e não fica como Taboão, apenas os paus mandados do senhor.