ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O prefeito Ney Santos (PRB) parou de abastecer os carros oficiais da prefeitura com gasolina e óleo diesel fornecidos diretamente por uma refinaria, a preços mais baixos, para encher o tanque da frota municipal em um posto comum, a valores mais altos, sem qualquer concorrência pública, em suposto esquema de desvio de dinheiro público que chega a mais de R$ 7 mil por mês e R$ 86 mil por ano, só de gasolina, denuncia o Cidadão Comum, colunista do VERBO.
De acordo com a denúncia, a prefeitura pagava cerca de R$ 3,95 pela gasolina ao comprar direto da refinaria. Ao gastar em torno de 4.500 litros por semana, gastava R$ 17.775 – ou 18 mil litros e R$ 71,1 mil por mês. “Podemos até achar que é um volume alto, mas a prefeitura estava certa em comprar direto da refinaria, pois sai com um preço bem abaixo do que o dos postos de gasolina. Mas, de caso pensado, o prefeito muda o fornecedor de combustível”, diz o colunista.
Há uma semana e meia, Ney mudou o local de abastecimento dos carros e caminhões da prefeitura na surdina. “Agora, toda a frota está sendo abastecida no posto Ipiranga que fica localizado no Cercado Grande, região central de Embu. Isso significa que a prefeitura passa a pagar pelo combustível o mesmo que qualquer pessoa. Abasteci meu carro nesse posto e paguei R$ 4,35 no litro da gasolina. A prefeitura passa a pagar por semana algo em torno de R$ 19.575”, diz.
Por mês, a prefeitura desembolsaria R$ 78.300 para o “privilegiado” posto, ou seja, R$ 7.200 a mais. “Continuando a fazer as contas, a prefeitura terá um custo anual em torno de R$ 86.400 a mais pelo combustível. […] Tudo isso está acontecendo sem nenhum tipo de licitação ou carta convite, não consegui encontrar no Portal da Transparência no site da prefeitura, então isso só me leva a pensar que tem algo muito sério acontecendo que deve ser investigado”, diz.
Ainda segundo a denúncia, o proprietário do posto no centro de Embu pertence ao sogro do ex-prefeito Chico Brito (ex-PT, sem partido), que apoiou Ney na campanha, tanto que Ney manteve muitos secretários de Chico, diz. “Isso cheira uma influência muito grande de Chico para que o contrato fosse celebrado com esse posto, para que fossem atendidos interesses pessoais do ex-prefeito, e deixa claro o quanto o ex-prefeito tem influência dentro do atual governo”, aponta.
Na coluna publicada neste domingo (12), excepcionalmente, e com exclusividade pelo VERBO, o Cidadão Comum detalha o suposto esquema e o liga ao projeto de Ney de eleger os candidatos que lançou, Ely Santos (PRB, irmã do prefeito), a deputada federal, e Hugo Prado (PSB, presidente da Câmara), a deputado estadual. “Tudo isso coloca mais em dúvida esse contrato com essa rede de postos de combustíveis que abastece os carros oficiais da prefeitura”, diz.
“Tudo é possível para se manter no poder, e o governo está desesperado para eleger esses dois candidatos, e é típico dele [Ney] gastar muito dinheiro com campanha”, observa o Cidadão Comum, que está recorrendo ao Ministério Público. “Tudo está sendo encaminhado para que eles [promotores] comecem, urgente, uma investigação séria e muito cuidadosa sobre tudo isso, eu estou apenas relatando o que sei e fiz questão de investigar”, diz o colunista do VERBO.
OUTRO LADO
Procurado pelo VERBO por e-mail e via mensagem de texto, o governo Ney não comentou a denúncia. “Em atenção a solicitação, informo que a Secretaria de Gestão Tecnológica e Comunicação não atende aos domingos”, disse o ouvidor Fagner Gouveia – que se ocupa com serviços alheios à função. A reportagem também procurou o ex-prefeito Chico Brito sobre o posto de combustíveis do sogro ser “escolhido” para fornecer à prefeitura. Ele não visualizou o contato.
> LEIA COLUNA DO CIDADÃO COMUM SOBRE TROCA DE FORNECEDOR DE COMBUSTÍVEIS PELO GOVERNO NEY
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