ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Nesta quarta-feira (27), a partir das 19h, a Câmara de Embu das Artes realiza sessão solene em comemoração aos 110 anos da imigração japonesa ao Brasil, com a entrega do título de “Cidadão Embuense”, a maior honraria do município, a um descendente nipônico ilustre da cidade, Sadao Nagata. Uma das personalidades mais importantes e queridas de Embu, Sadao, neto de japoneses (sansei), é agricultor e comerciante e foi político do município, nos anos 1970 a 1990.
Nascido em 1941 em Promissão (SP), Sadao, de 77 anos, é neto de Tsutae (1888-1933) e Heitaro Nagata (1879-1948), que decidiu partir da Província de Kumamoto (sul do Japão) para o Brasil em busca de melhores condições de vida – o país asiático enfrentava superpopulação e fome. Literalmente, não só na linguagem popular, Heitaro, que tinha lutado na guerra entre Japão e Rússia (que disputavam territórios da China e Manchúria), em 1904 e 1905, foi um “guerreiro”.
De navio, Heitaro partiu do país do Sol Nascente em 27 de junho e chegou ao Brasil em 28 de agosto de 1913. “Eu devo o título, primeiro, a meu avô. Se não fosse ele, eu não estava aqui. O pessoal fala que o Japão é longe, mas [saindo de São Paulo, de avião] entre 24 e 30 horas chega lá. Meu avô levou 64 dias”, diz Sadao, contido ao expressar sentimento, como a maioria dos japoneses e descendentes, mas com grande gratidão ao avó, a quem chama de “herói de guerra”.
Sadao tem orgulho do avô que não é pouca. “Ele é da primeira e única imigração que veio para Minas Gerais. Trabalhou na lavra de ouro”, conta. Há registros de presença de japoneses em Minas desde a década de 1910. Em 1913, 107 imigrantes foram trabalhar na mina de Morro Velho, em Nova Lima, hoje município da região metropolitana de Belo Horizonte. “Ele ganhou um trocadinho e foi plantar café. Depois, veio para o interior de São Paulo”, relata Sadao.
Heitaro se fixou no município de Lins (430 km de São Paulo), onde comprou uma pequena propriedade, a fazenda Itacolomi, que originou Promissão, cidade natal do mais novo cidadão embuense. Sadao ainda era adolescente – 16 anos – quando chegou a Embu, em 1957, com os pais – Toshiko (1919-1988) e Satoru Nagata (1918-2009 – 91 anos). Aliás, Embu ainda nem existia. “Eu cheguei quando ainda era município de Itapecerica [da Serra]”, conta, saudoso.
Continuador da tradição dos avós e pais e como os mais genuínos japoneses, Sadao se dedicou à agricultura na “nova terra”, em várias frentes. Ele foi diretor do Sindicato Rural de São Paulo e do Sincaesp (Sindicato dos Permissionários do Entreposto de São Paulo – Ceagesp). Com ideal de coletividade aflorado, entrou também para a política. Foi presidente da Câmara em 1979 e 1980 e vice-prefeito de Embu de 1993 a 96, na administração do prefeito Geraldo Puccini (PMDB).
Fora da política desde a experiência no Executivo, Sadao se dedica integralmente à agricultura. Até usa a atividade para brincar sobre já ter vivido muito – alheio aos interlocutores que apontam que terá vida longa, diante de tamanha lucidez, memória prodigiosa e subir escadas com passo firme e ligeiro. “Estou no caminho da roça… Até hoje trabalho na roça, ali no fundo do Jardim Magali. Mexo com hidroponia”, diz, sobre a técnica de cultivar plantas sem uso do solo.
Sadao tem cinco filhos (duas mulheres e três homens). Reservado, que dispensa, com delicadeza, ser chamado à frente ou compor mesa de autoridades, ele abrirá uma exceção para o título, que considera até um acaso. “Gostaria de deixar mais para frente, mas sortearam para mim. Vou receber com muito respeito. Na verdade, devo o título às pessoas que me acolheram aqui. Estabeleci aqui toda minha família, criei todos os meus filhos. Sou muito grato a Embu”, afirma.
SERVIÇO
Sessão solene pelos 110 anos da imigração japonesa e entrega de título de ‘Cidadão Embuense’ a Sadao Nagata
Nesta quarta-feira (27), a partir das 19h
Na Câmara de Embu das Artes (r. Marcelino Pinto Teixeira, 50, Parque Industrial, Embu das Artes)
Participação aberta ao público
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