Com R$ 13 mi de verba, Jones abandona pasta para atuar em campanha eleitoral

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O secretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB), Jones Donizette, anunciou que nesta semana se afastará do comando da pasta, em nota divulgada no sábado (16) e por ele mesmo. Jones abandonará a secretaria cujo orçamento – inflado para R$ 13 milhões – é muito questionado, e após usar o cargo para fazer ataques “apelativos” e “covardes” a jornalistas e principalmente vereadores da oposição, sem a defesa de governistas, já fartos com a postura de Jones.

Jones Donizette, que anunciou "afastamento"
Jones Donizette, que anunciou “afastamento” da Secretaria de Comunicação para atuar na campanha eleitoral

Hostil aos moradores críticos ao governo nas redes sociais desde os primeiros meses como secretário municipal, Jones intensificou os ataques depois dos protestos da população contra a decisão de Ney de criar a taxa de lixo e de o VERBO revelar que o prefeito não foi assinar emenda indicada pelo deputado estadual Geraldo Cruz (PT) para a saúde de Embu. O secretário passou a atacar que este site é “jornal do PT”. Rechaçado e desafiado a provar, refugou e calou.

Apesar de acusar que o VERBO é do PT, Jones é quem desfrutou de cargo “cobiçado” do governo petista, na gestão Chico Brito, quando o prefeito ainda estava no partido. Conforme a portaria nº 150, Jones Donizette Sobrinho ocupou o cargo de assessor de planejamento III, em comissão, ou seja, de indicação política, não técnica, até 3 de fevereiro de 2016 – Chico deixou o PT em abril daquele ano. O hoje secretário teria ficado no posto por um ano, nomeado em 2015.

Jones não só era “cabide de emprego” no governo do PT como também “fantasma”. Secretário de Governo de Chico, Paulo Giannini diz que Jones só fez uma coisa na prefeitura: embolsar o pagamento, que seria na faixa de R$ 7 mil. “Ele não trabalhou em canto nenhum da prefeitura. Só recebia o salário”, disse. Sobre se Jones era funcionário “fantasma”, Giannini afirmou: “É, pode dizer que sim, se ele não exercia a função”. Jones ganhou o apelido de “Assombrones”.

Com o governo impopular alvo de críticas na Câmara, Jones passou a mirar com frequência vereadores da oposição, principalmente André Maestri (PTB), que reagiu. Após uma das investidas do secretário, André chamou Jones de “cabra sem-vergonha” e que nem mora em Embu. Ao afirmar ter “passado limpo”, ele indicou que Jones responde a crime – estelionato no esquema de “pirâmide”, conhecido golpe para angariar dinheiro fácil, denunciado por vítima até no Peru.

Apesar de ocupante de cargo não eleito pela população, Jones continuou com “carta branca” de Ney para atacar. Em público, ele acusou a oposição de votar contra a entrega de kit escolar, para indignação dos cinco vereadores. A postura é vista, porém, como tática para tentar blindar Ney e minimizar o desgaste do prefeito com a gestão impopular. Na implantação do “Cartão Cidadão”, Jones sofreu revés, a Procuradoria do Estado declarou que o programa é “ilegal”.

Na nota, Jones alega “afastamento” da pasta para ser “um dos coordenadores gerais” da campanha dos pré-candidatos a deputado lançados por Ney, Ely Santos (federal) e Hugo Prado (estadual). “Nos próximos meses me dedicarei exclusivamente a este grande projeto regional”, disse. Ele afirma que “os projetos da secretaria” continuam sendo tocados “a todo vapor por uma equipe competentíssima que será liderada pelo atual secretário adjunto Deivid Reis”.

Parte das lideranças políticas crê, porém, que Jones caiu e que a campanha “veio a calhar”. “Foi tarde. Está desgastado com a população e arrasta o governo junto. Acredito que acharam o momento eleitoral dos candidatos a deputado para justificar a saída”, disse o vereador Luiz do Depósito (MDB), um dos mais críticos a Jones. “Quando você faz coisa boa, o povo reconhece, não precisa um secretário gastar R$ 600 mil para fazer impulsionamento em Facebook”, disse.

Para André, porém, Jones deixou mesmo a pasta para atuar nas candidaturas lançadas por Ney e que deverá voltar à prefeitura. “É uma articulação do governo para que ele faça o trabalho de marqueteiro da campanha do governo, não creio que tenha caído, até porque desde o início do mandato [de Ney] ele tem feito ações negativas e em nenhum momento sofreu repreensão. Creio que seja só um afastamento para cumprir essa missão a pedido do prefeito”, disse.

André diz que Ney deveria aproveitar a saída de Jones para rever o gasto com a pasta. “É oportuno para reconhecer o erro, quando destina R$ 13 milhões para uma secretaria que faz mais promoção pessoal e não informa a população, e deixa serviços essenciais sem a devida atenção como a saúde, que continua com vários problemas. A falta de gestão, prioridade deste governo é visível, destinar esse valor é infeliz, cada dia que passa temos essa confirmação”, afirmou.

> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

>