Ney chama Festa do Trabalhador de histórica, mas foi ‘show de horrores’ com feridos

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Em suspeito tom triunfalista, o prefeito Ney Santos (PRB) alardeia que a Festa do Trabalhador de Embu das Artes que promoveu, na terça-feira, foi “o maior 1º de Maio da história” da cidade, mas o evento com constelação de badalados artistas da atualidade foi um “show de horrores”, com falta de licenças de segurança, quase nenhum policiamento, “chuva de garrafas”, pessoas ensaguentadas, guarda municipal ferido e PM com fratura. Por “sorte”, não teve morte.

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Trânsito travado no parque Rizzo; pessoas fazem sexo durante evento; sujeira e 'bala de borracha' 1 dia depois
Trânsito travado no parque Rizzo; pessoas fazem sexo durante evento; sujeira e ‘bala de borracha’ 1 dia depois

Desde o fim da festa, no parque Francisco Rizzo, relatos de fatos gravíssimos vêm à tona. Em evento mal organizado, para ser “generoso”, barraqueiros não tinham licença e quando abordados por fiscais diziam ter pago R$ 250 a um tal de “Alemão, da prefeitura”. Muitos vendiam bebidas alcoólicas em garrafas que viraram armas contra gente que esperava se divertir e a polícia. Vendedores usavam botijão de gás entre o público, proibido pelo Corpo de Bombeiros.

Ney diz que a festa atraiu 100 mil pessoas. Sondagem feita pelo VERBO aponta, porém, cerca de 50 mil – condizente, aliás, com a quantidade de mantimentos arrecadados anunciada pelo governo (a entrada era um quilo de alimento). Mesmo com público menor, o policiamento da Guarda Municipal e da Polícia Militar era extremamente reduzido e a segurança particular se resumia a – pasme – dez agentes. “No mínimo teria que ter 200”, diz um colaborador do evento.

Várias vezes durante a festa, o apresentador e até artistas tiveram de pedir que “valentões” parassem de brigar em meio à multidão, mas dezenas de pessoas foram pisoteadas. Para “coroar” o 1º de Maio em Embu, no final, o evento registrou tumulto de grande proporção, garrafas foram jogadas contra o público e também GCMs e PMs. Conforme apurou a reportagem junto à Delegacia Central, quatro suspeitos do vandalismo foram detidos e depois liberados.

As vítimas relatam a festa do “horror”. “Grande marco na história da cidade! Parabéns, principalmente ao que não teve, mas o que importa é que foi sucesso. O resultado? Nem ortopedia no município tinha. Só um caso isolado? Não, só no hospital que estive três casos iguais! Uma adolescente, como outros casos, praticamente pisoteada e onde estava o socorro? Horrorizada, um dia de festa, um ano com todo o resto faltando!”, ironiza Flavia Diniz, com braço enfaixado.

Uma moradora protesta contra ação das forças públicas de segurança ao postar foto de um jovem com hematomas pelo corpo e corte grave no alto da cabeça. “Senhor prefeito Ney Santos, na próxima vez que fizer algum evento no parque Rizzo coloque polícia de competência, não policiais que batem nas pessoas. Se eles estão cansados fiquem em casa, que tem policiais que respeitam o ser humano. Olha o que fizeram, precisamos de respeito”, diz Patricia Kercher.

A Guarda Municipal, subordinada ao prefeito, nega ter reagido com truculência e relata que a corporação que foi alvo de violência, que garrafas jogadas quebraram viaturas e feriram um GCM na cabeça. A Romu (grupo de elite da GCM) teria chegado atrasado, já depois da confusão. O VERBO não conseguiu contatar o comando da PM na região, mas um policial em moto teve fratura no tornozelo ao ser agredido. Foi operado e terá de se recuperar para voltar à ativa.

“Isso [repressão da GCM] é mentira, uma turma que começou a jogar garrafa no ônibus da GCM, e a PM e a Romu vieram apoiar. Inclusive, quando a Romu chegou, já tinha acabado lá. Aquilo foi um caos, mas temos que dizer o certo”, diz um interlocutor do governo. Em retrato do pandemônio, o mais eloquente da “grandeza” da festa, uma jovem foi ferida gravemente na cabeça e ficou ensanguentada, aos prantos. Amigos falam, porém, que ela foi ferida pela GCM.

O “caos” era previsível, a organização não possuía autorizações para fazer o evento. “Não tinha AVCB [auto de vistoria do Corpo de Bombeiros], a PM não recebeu nenhum ofício. Em vídeo, Ney fala que o evento tem o apoio da prefeitura e é promovido por Ney Santos Eventos e Produções, Nativa FM e Força Sindical. Nenhum tomou a cautela de protocolar para obter os documentos necessários”, diz o presidente do Conseg (Conselho de Segurança) Centro, Luís Junqueira.

Embu não tem infraestrutura para ter tamanha festa e o evento foi “um verdadeiro desastre”, diz Junqueira. “O PS ficou sem Samu, as duas viaturas estavam lá. O número de pessoas sem licença vendendo bebidas a menores foi assustador, muitos acabaram no PS em coma alcoólico. Teve gente que fez sexo explícito durante os shows, gente foi pisoteada. O GCM ferido levou 10 pontos na cabeça, está afastado. O PM agredido teve de operar, ficará cinco meses afastado”, cita.

Nenhuma revista foi feita. “Se algo explodisse ali, uma briga mais feia, com arma, faca, ia ser um desastre, até porque não havia rota de fuga. É jogar as mãos ao céu por não ter tido óbito”, finaliza Junqueira. Alheio aos riscos, Ney, com o presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB), um dos candidatos dele no “palanque”, pulava diante do público. Mas alguém ainda tinha lucidez ali. Com a aglomeração no palco, alguns artistas se recusaram a subir, como uma cantora de forró.

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> Colaborou a Redação do VERBO ONLINE
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comentários

  • Larga mão jornaleco de fundo de quintal. A festa foi um arraso. Qual festa que não tem briga ou confusão. Vocês tão com inveja do nosso maravilhoso prefeito Ney Santos. E vamos ter mais festas. Preparem mais espaço neste jornaleco pra falar mal. Alvará de bombeiros ???? pra que kkkk

  • Maravilhoso prefeito???? Kkkkk faz-me rir! Quem elogia ou é muito inocente, iludido ou está sendo beneficiado em algum embuste.

  • Bem feito, para que vcs foram a essa festa, deveria ter matado todo mundo.
    E não fala mal do meu Prefeito municipal Ney Santos.

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