Com intromissão de irmão, João Leite se recusa a citar Geraldo, mas quer ‘dobrada’

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O pré-candidato a deputado federal João Leite, presidente do Pros de Embu das Artes, disse no domingo (22) durante encontro regional do partido que continua com a mesma “ideologia” de quando era do PT e que só quer “seguir novo caminho com novas perspectivas”. Em entrevista conturbada, com intromissão de um irmão, João se recusou a citar o nome do deputado estadual Geraldo Cruz, com quem teve atrito no PT, mas disse querer “dobrada” com o petista.

O pré-candidato a deputado federal
O pré-candidato a federal João Leite fala no encontro regional Pros, observado por um irmão, que interferiu
Público no encontro regional do Pros
Público no encontro regional do Pros, presidido por João Leite, que teve cerca de 300 partidários e convidados

Após ser presidente dois mandatos seguidos (seis anos), João deixou o PT em 2017 dizendo “ser barrado de crescer” no partido por Geraldo e negou ter saído por estar prestes a ser expulso. Conforme apurou o VERBO, porém, João buscou a cassação de Geraldo ao pedir para entrar como assistente da acusação e disposto a “produzir provas” contra o petista no processo por uso de jornal. João, que era suplente e assumiria a vaga do deputado, diz que só pleiteou um desfecho.

Candidato a deputado estadual em 2014 com a máquina da gestão Chico Brito (então PT) “azeitada” a favor, João teve, porém, insuficientes 58.169 votos, dos quais só 14.711 em Embu. Contudo, ele fala em aumentar em mais de 50% a votação a federal. “Vamos trabalhar muito com o pé no chão, respeitando a lei, mas pelo trabalho que fizemos na cidade, a referência que abri quando candidato, espero ter 20 mil votos a mais e superar os 80 mil, 90 mil votos”, disse.

Além de contar com um governo “engajado” e um Chico “empenhado”, João teve os 43.458 votos fora de Embu pelo apoio de um grupo do PT forte na zona leste. Ele minimizou a votação considerada “artificial” – 3/4 fora da área de atuação -, quando evitou citar Geraldo. “Eu agradeço a todos naquela campanha, mas não foi uma votação ruim, fui o segundo mais votado na cidade, o primeiro foi o outro candidato com quem disputamos no mesmo partido”, disse.

O VERBO perguntou quem foi o político contra quem disputou os votos na região. “É um outro candidato, não vou citar o nome, até porque não tenho autoridade de ficar citando nome. [Mas] Tem possibilidade, para mim não existe isso [rixa] na política, vamos certamente lá na frente fazer dobrada com ele também, acredito”, disse João. A reportagem voltou a indagar: “Com ele quem?” Ele respondeu: “Com o deputado anterior [sic]. Ô, eu não vou falar nome”, disse.

O irmão de João, Francisco, que se mantinha ao lado, interrompeu: “Só um pouquinho, só um minutinho. Geraldo Cruz é do PT, e estamos no evento do Pros. Com todo respeito que temos ao PT, ao Geraldo Cruz, mas gostaríamos de falar sobre o João Leite”. O VERBO disse: “Posso continuar entrevistando o pré-candidato?”. E perguntou como João iria fazer “dobrada” (candidatura vinculada à outra de outro partido) com Geraldo se tinha se indisposto com o petista.

“Eu vou fazer ‘dobrada’ com todos os candidatos que tenham possibilidade de dar voto. Eu sei aonde eu quero chegar, sei para que eu quero meu mandato, quero fazer um mandato propositivo, você que é jornalista sabe o trabalho que fizemos na cidade, vou poder construir ainda mais como federal, não só para Embu como toda a região e o Estado. Eu não tive indisposição com ninguém no PT, saí porque quero seguir um novo caminho com novas perspectivas”, frisou.

Apesar de negar desavença com Geraldo, João disse que não iniciou conversa com ele sobre eventual dobrada e ainda falou que cabe ao petista também procurar. “Não conversei. Do mesmo jeito que eu posso ir lá para conversar, quem tiver interesse [pode fazer igual]”, disse evasivo. Ele se esforçou em demonstrar ter cacife político. “São várias dobradas, temos em torno de 50 já programadas [no Estado], não só com pessoas do Pros, mas de outros partidos”, garantiu.

Indagado se também com o partido de Geraldo e solicitado a citar um candidato, João confirmou que o PT é um dos partidos que procura, mas disse não poder citar nomes por estar ainda “conversando”. O irmão interrompeu de novo e “ditou” para o pré-candidato que a série de dobradas ainda “está em negociação, não tem nada fechado ainda, estamos abertos para conversar”. A reportagem reclamou de novo da intromissão. “Eu sou assessor dele”, respondeu o parente.

Apesar de evidência contrária, João disse que o assunto Geraldo está resolvido. “Se não estivesse, estaria lá. Hoje estou no Pros, do Pros que vou cuidar”, disse. Sobre filiações, que eram apenas 70 em janeiro, ele disse que “já filiamos mais de cem pessoas novas, e temos proposta de mais de 200 para vir para o Pros de Embu”. Afirmou que na região o ex-vice-prefeito de Juquitiba Roberto Lamartino aderiu ao Pros e “vários vereadores vão vir compor quando abrir a janela”.

João respondeu sobre o governo Ney Santos (PRB), mas tentou ficar “em cima do muro”. “A minha posição não mudou, eu continuo acreditando em governo que faz propostas sérias e cumpre. Eu não quero discutir sobre isso, mas minha ideologia é de esquerda. Sempre foi e sempre será”, disse. João foi indagado se era oposição a Ney. O irmão voltou a “ditar” resposta: “É contrário a muitas ações dele”. João disse não saber a posição do Pros nacional sobre a gestão Ney.

João não hesitou, porém, em rejeitar a taxa de lixo criada por Ney. “Quando vereador, por várias vezes fomos contra e não deixamos aprovar. Sou contra tudo aquilo que prejudica o povo mais humilde e tira dinheiro do trabalhador”, disse. O encontro do Pros reuniu 300 pessoas e contou com os vereadores Edvânio Mendes (PT), de Embu, e Moreira (PSD), de Taboão da Serra, e presidentes de partido em Embu como Gabino Silva, do PT, e Antonio Cavalcante, do PSDB.

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