Em nova reviravolta, Ney e vice são cassados por uso de dinheiro do crime na eleição

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

A chapa do prefeito Ney Santos (PRB) e do vice Dr. Peter (MDB) foi cassada por uso de recursos ilícitos na campanha há dois anos, em nova reviravolta no comando do Executivo municipal de Embu das Artes. A juíza Tatyana Teixeira Jorge, de Embu, deu a sentença na semana passada, mas a decisão foi publicada nesta segunda-feira (9), conforme apurou o VERBO. A ação de investigação judicial eleitoral foi proposta em 14 de dezembro de 2016 pelo Ministério Público.

Prefeito Ney Santos (PRB) e o vice Dr. Peter (MDB)
Prefeito Ney Santos (PRB) e o vice Dr. Peter (MDB), chapa cassada por uso de recursos ilícitos na campanha

O processo eleitoral é autônomo, mas baseado na ação criminal em que Ney é denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por associação a facção criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, já que a Promotoria apontava que a chapa teve parte da campanha financiada com dinheiro do crime. O juiz Gustavo Sauaia deu liminar que suspendeu a diplomação e consequentemente a posse de Ney e Dr. Peter, a pedido do promotor Estêvão Luís Lemos.

À frente das investigações sobre Ney e outros 13 denunciados na ação criminal – inclusive Ely Santos, irmã de Ney, hoje pré-candidata a deputada federal -, Lemos cravou que Ney “usou contribuições provenientes de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico de entorpecentes, incluindo os valores doados pelo próprio eleito à campanha”. Esses delitos seriam praticados pela facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), da qual Ney seria integrante, segundo o MP.

Nesta segunda-feira (9), o VERBO noticiou, com exclusividade, que Ney teve a campanha a prefeito em 2016 financiada, “em boa parte”, por um membro de facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas, o PCC, em valor que chega a pelo menos R$ 12 milhões. É o próprio Ney que faz a revelação em conversa – gravada – com um então assessor parlamentar. O áudio na íntegra ainda não é público, mas este portal teve acesso ao teor em primeira mão.

Em janeiro de 2017, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revogou a suspensão da diplomação. Em maio de 2017, Tatyana autorizou a quebra de sigilo fiscal de Ney, Dr. Peter, do doador Piter Aparecido dos Santos e outras duas pessoas na ação eleitoral. Justificou ser “indispensável a verificação da evolução patrimonial” deles. Nas contas da campanha, Ney declara ter recebido R$ 182.000 de Piter Pepe Car Automóveis (14,57% do total de doações de R$ 1.244.870,00).

De acordo com um jurista que acompanha o caso ouvido pelo VERBO, a instrução (atos e diligências para esclarecer fato) foi bem feita, a desvendar que os prováveis “laranjas” que fizeram as doações têm origens de fortuna tão duvidosas quanto às de Ney. Uma condenação implica deduzir que o então candidato e os doadores não conseguiram apresentar explicações e documentos convincentes que comprovassem a licitude do dinheiro que bancou a campanha.

“No estágio inicial já tinha um DVD com um calhamaço de documentos da investigação policial. Imagine depois”, disse o jurista. Em caso de trânsito em julgado (decisão final) contra Ney-Peter, haverá nova eleição e posse de novos eleitos. A defesa deverá, porém, apelar a embargos de declaração ou requerer cautelar para que ambos sigam no cargo até decisão em segunda instância. Cassado, Ney não apareceu em quatro reuniões políticas marcadas nesta segunda-feira.

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