Lula é preso e começa a cumprir 12 anos de pena; ele segue presidenciável, diz PT

Especial para o VERBO ONLINE

ALCEU LIMA
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegou por volta das 22h deste sábado (7), em um avião monomotor, ao prédio da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde começa a cumprir a pena de 12 anos e um mês de prisão a que foi sentenciado, denunciado por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex. Mais cedo, ele desembarcou no aeroporto Afonso Pena, na capital paranaense, e foi até a superintendência em helicóptero da PF.

Ex-presidente Lula chega à sede da PF em Curitiba
Lula (paletó cinza) chega à PF em Curitiba; petista é 0 primeiro ex-presidente do país preso por crime comum
Lula acena ao participar de a
Horas antes de ser preso, Lula participa de missa diante de sindicato no ABC que virou ato de desagravo a ele

Lula foi levado para uma sala especial que foi reservada para ele. O local funcionava como dormitório para agentes da PF e foi transformada em uma sala de Estado Maior para receber o ex-presidente. O espaço possui apenas uma mesa, uma cadeira, uma cama e um banheiro. Uma janela dá vista à parte interna do prédio. Uma grande queima de fogos aconteceu logo que Lula chegou à PF em Curitiba, onde se reunia grande número de manifestantes pró e contra Lula.

Separados por um espaço de 30 metros, os grupos gritavam palavras de ordem. Apoiadores de Lula, emocionados, cantaram e protestavam contra a prisão. Com bandeiras de movimentos sociais, entidades sindicais e partidos políticos, o grupo usou um sinalizador ao saber que o ex-presidente desembarcara. Do outro lado, manifestantes contrários ao ex-presidente comemoraram a prisão com buzinas e bandeiras do Brasil, além da queima de fogos.

Houve confusão quando o helicóptero transportando Lula pousava na sede da PF. Segundo relatos, manifestantes atiraram pedras e tentaram derrubar o portão de acesso à PF. Policiais militares dispararam bombas e balas de borracha contra apoiadores do ex-presidente. O presidente do PT no Paraná, Doutor Rosinha, negou qualquer tentativa de derrubada do portão e lançamento de pedras por parte dos manifestantes favoráveis ao ex-presidente Lula.

O juiz Ernani Mendes Silva Filho atendeu a um pedido da prefeitura de Curitiba e deu liminar determinando a saída dos manifestantes das áreas próximas à PF. Eles não podem transitar na área, não podem impedir o trânsito de pessoas e montar estruturas e acampamentos nas ruas e praças da cidade sem prévia autorização. A prefeitura alegou que a aglomeração poderia causar “transtornos aos moradores da região e grave lesão à ordem e à segurança pública”.

Na decisão, o juiz afirma que “há um justo receio de turbação ou esbulho, o que ficou comprovado através dos noticiários, que registram a prática de confrontos em diversas localidades – em especial na sede do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo -, com pessoas feridas e baleadas, assim como agressões à jornalistas e vandalismos em prédios públicos e particulares – à exemplo do ocorrido no imóvel de propriedade da Presidente do Supremo Tribunal Federal [ministra Cármen Lúcia] -, o que não se pode admitir no Estado Democrático de Direito”.

Após dois dias no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Lula se entregou à PF por volta das 18h40, mais de 24 horas após o prazo dado pelo juiz Sérgio Moro. Antes, ele participou de uma missa em memória da mulher, Marisa Letícia, que completaria 68 anos na data, que se transformou em ato de desagravo a ele. “É triste”, lamentou padre Jaime Crowe, da diocese na região, amigo de Lula, ao VERBO ao participar de uma missa no Campo Limpo na noite deste sábado (7).

No ato, da qual participaram também petistas e outras lideranças da região, Lula fez um longo discurso, no qual relembrou sua trajetória política, criticou o Judiciário, a imprensa, o processo que levou à sua condenação e disse que a prisão não encerrará suas ideias e os sonhos da população. Depois, ele deixou o sindicato a pé e se entregou à PF. No fim da tarde, ele foi levado para a sede da PF em São Paulo para exame de corpo de delito, para seguir a Curitiba.

Lula é o primeiro ex-presidente do país preso por crime comum. Antes dele, cinco ex-presidentes foram detidos, só que por motivos políticos – Hermes da Fonseca, no século 20; Washington Luís e Arthur Bernardes, nos anos de 1930; Café Filho, anos de 1950, e Juscelino Kubitschek, durante a ditadura militar. Nos Estados Unidos, o vice-presidente nacional do PT, Alexandre Padilha, disse que Lula continuará como o candidato do PT à presidência, mesmo atrás das grades.

> Colaborou Adilson Oliveira, Especial para o VERBO ONLINE, no Campo Limpo, em São Paulo
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