ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vice-prefeito de Embu das Artes, Nataniel Carvalho, o Natinha (Pros), pretendia manter a candidatura a deputado federal mesmo sem contar mais com “ajuda” do prefeito Chico Brito (PT) e não foi convencido a desistir, mas teve de aceitar por interferência de petistas no governo, apurou o VERBO. Nesta segunda-feira, dia 19, Natinha teve de anunciar que não concorrerá mais uma cadeira na Câmara Federal após reunião marcada por bate-boca e quase agressão física.
Natinha sofreu o revés com a decisão da direção estadual do Pros (Partido Republicano da Ordem Social) de apoiar o pré-candidato a governador do PMDB, Paulo Skaf, e não o postulante do PT ao Palácio dos Bandeirantes, Alexandre Padilha. Com a reviravolta, ele ficou com a confiança na vitória abalada já que não poderia ter “empurrão” de Chico em uma dobrada com o pré-candidato a deputado estadual João Leite, lançado pelo PT no governo e adversário de Geraldo Cruz.
Apesar de aliado do governo Dilma Rousseff, o Pros não teve a “compreensão” petista. Com Chico na coordenação de Padilha, o PT local tratou de anular uma das principais lideranças políticas da cidade para afastar qualquer tropeço em somar votos no projeto “inadiável” de eleger o petista governador. Teria avaliado que os candidatos teriam prejuízo eleitoral com a disputa majoritária PT-PMDB e ainda seriam tachados de “oportunistas” e atrairiam antipatia a Padilha.
Na sexta-feira, quando a direção estadual já tomara a decisão, Natinha chegou a reunião do Pros abalado, após conversa com Chico e o secretário petista Paulo Giannini. Segundo interlocutores, chamou de lado dirigentes do partido e disse: “Vão tirar minha campanha da rua”. Ele fez um discurso que não foi de despedida, mas sem o entusiasmo de antes. Para ultimato, o partido marcou nova reunião para domingo, mas Natinha se ausentou da cidade, para tentar ganhar tempo.
Nesta segunda, em reunião comanda por Chico e com a presença do presidente do Pros de Embu, João Honório, vereador Gilvan da Saúde (Pros), Giannini, e do presidente de cooperativa de vans (Arcav) e do PR, Leonel Novais, o Léo, a pré-candidatura de Natinha foi sepultada. Pressionado, ele teria aceitado a contragosto – não se conformava que a conjuntura no Estado barrasse acordo prévio local. Mas Natinha teve discussão ríspida e quase se atracou com Léo, apurou o VERBO.
Coordenador da pré-campanha de Natinha, Léo teria se colocado já como substituto, em postura que foi vista como indicativo de que PT e PR já estavam “fechados” – petistas buscam atrair o PR com vice de Padilha. Ele sairia ganhando com a decorrente mudança de apoio do Pros, do presidente nacional Eurípedes Junior, um amigo pessoal. Em 2013, Léo ia assumir o Pros, mas teve de recuar para não deixar o PR nas mãos do vereador Jefferson Siqueira, então oposição a Chico.
O Pros atribui o fracasso de Natinha a palavra não honrada pelo presidente nacional, que sabia que os filiados eram pró-PT antes de saírem do PPS e PDT para montar o partido. “Quando formamos o Pros aqui em Embu, foi dentro de um contexto, o alinhamento ao projeto de governo do Padilha e Dilma. Quando entramos, o presidente nacional nos garantiu. Na semana passada fomos pegos de surpresa com fechamento com outro partido”, disse o presidente Honório.
Com apoio irrestrito, Natinha tinha a pré-candidatura na rua desde outubro – fazia reuniões com lideranças e aliados e buscava visibilidade em outras cidades. Empolgado, em dezembro, em visita de Padilha a fábrica em Embu, ergueu uma jarra e disse a líderes do Pros: “Estou aqui para servir: 9010 [nº da candidatura].” Nos últimos meses, não era unanimidade mais. “Muito centralizador, não senta com grupo de apoio”, reclamou um apoiador. Ele não atendeu ligações do VERBO.