Renato dizia pedir ‘todo dia para deixarem resolver’; indiciado, ele apaga comentário

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O então subsecretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB), Renato Oliveira, escreveu em uma postagem no Facebook que pedia “todo dia” para deixarem “resolver” sobre pessoas que criticavam o governo e que só precisava de “autorização” de superiores para agir, em demonstração de que já pretendia atacar profissionais do VERBO três meses antes do atentado contra o jornalista e chargista Gabriel Binho. Indiciado pelo crime, Renato apagou o comentário.

O então subsecretário
Com Ney em Brasília, o subsecretário Renato Oliveira, que pedia ‘todos os dias para vocês deixarem resolver’
Renato ao lado do chefe maior,
Renato Oliveira, o chefe maior, prefeito Ney, e o superior imediato, secretário Jones, no início do governo
Comentário
Em post de Jones, comentário de Renato em 19 de setembro (dir.) e mantido por 5 meses, até o mês passado
No mesmo post de Jones, escrito de Renato não consta mais; ele apagou após indiciado por atentado a Binho
No mesmo post de Jones, texto de Renato ‘some’; ele apagou após indiciado por ataque, e faz outras ameaças
Charges de Binho, do VERBO, inspiradas por matérias sobre Jones ter sido 'fantasma' e que irritaram Renato
Charges de Binho, do VERBO, inspiradas por matérias sobre Jones ter sido ‘fantasma’ e que irritaram Renato

Renato escreveu: “Peço todos os dias pra vocês deixarem eu resolver. Mas ninguém autoriza”. Renato fez o comentário no dia 19 de setembro do ano passado, após o VERBO publicar reportagens que revelavam que o chefe imediato dele, o secretário de Comunicação, Jones Donizette, foi não só nomeado no governo do PT como era funcionário “fantasma”. Jones “esquece” que “não ia trabalhar, só embolsava o salário”, segundo secretários da gestão Chico Brito, e ataca o PT.

Depois da primeira reportagem, de que Jones era “‘cabide político’ no governo do PT” (com divulgação, inclusive, de portaria de nomeação) -, o VERBO publicou o texto “Com cargo no governo do PT, Jones era funcionário ‘fantasma’, afirmam secretários” no próprio dia 19, quando Renato fez o comentário. Com o ato “ilegal e imoral” de Jones, Binho passou a produzir charges e vídeos sobre “Assombrones” (“assombração + Jones”) com grande apelo e repercussão.

Três meses depois, Binho viraria alvo da tentativa de homicídio. Renato praticou o atentado, com a ajuda do segurança pessoal Lenon Roque, na madrugada de 28 de dezembro, ao derrubar o profissional do VERBO em cima de uma moto na rodovia Régis Bittencourt em Embu e mandar o comparsa atirar – fez três disparos – contra a vítima, de acordo com investigação da Secretaria Estadual de Segurança Pública. Binho sobreviveu – teve tornozelo fraturado e se recupera.

Horas depois de sofrer o ataque, Binho recebeu mensagem de ameaça de página “fake” – “Us proximu tiro vai se no meio da cara pra aprende a para de ser faladô” -, em evidência de que sofreu um atentado e por causa das reportagens e charges que produz. Renato é notório criador de perfis falsos nas redes sociais para atacar pessoas – ele é alvo de processo em que foi identificado como autor de difamações contra uma advogada ligada a vereador da oposição.

Renato fez o comentário de que podia “resolver”, bastava “autorização”, justamente em postagem de Jones. Naquele dia 19, após este site revelar que era “fantasma”, Jones escreveu, em tom de deboche, às 20h37: “Verbo On-Line me ama”. Uma hora depois, às 21h38, Renato fez a “ameaça”. Curiosamente, Jones, superior de Renato, em 19 de janeiro, quase um mês após o ataque, tentou desqualificar Binho e politizar o atentado, em ação vista como “cortina de fumaça”.

Renato, ao dizer que pedia para “vocês deixarem eu resolver”, em alusão a superiores no governo, sugere envolvimento não só de Jones, mas também do próprio prefeito. Em entrevista ao “Brasil Urgente” (Band), do apresentador José Luiz Datena, um homem não identificado cita comentário ameaçador de Renato ao dizer que “há indícios de que o acusado tenha sido orientado a atentar contra a vida de Binho por superiores, no caso, o prefeito da cidade, Ney Santos”.

Renato manteve o comentário por “cinco meses”. Após ser indiciado pelo atentado, no último dia 16, ele apagou – no dia 23, o Ministério Público denunciou Renato e o comparsa por tentativa de homicídio triplamente qualificado. Não foi a primeira vez que Renato quis “resolver”, ele desejou a morte e disse ter vontade de tirar a vida de outros “opositores”. “Desejo ao Datena e a alguns outros pilantras por aí. Eu mesmo queria tirar da terra, mas não cometerei crimes”, dizia.

Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE

comentários

  • >