RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A Câmara de Embu das Artes realizará sessão extraordinária nesta terça-feira (6), às 9h30, para votar “licença por tempo indeterminado” ao prefeito Ney Santos (PRB), oficialmente, “para tratar de interesse particular”. O presidente Hugo Prado (PSB), aliado de primeira hora de Ney, convocou os vereadores às pressas para reunião às 8h da manhã desta segunda-feira para discutir decreto legislativo sobre a licença, revelou com exclusividade o VERBO em rede social.
A movimentação do Legislativo – com 12 dos 17 vereadores aliados a Ney – indica que o prefeito deverá ser preso nas próximas horas, no processo em que é denunciado por associação com facção criminosa, lavagem de dinheiro e tráfico de drogas, fruto de investigação do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) do Ministério Público de São Paulo. O julgamento da liminar que mantém Ney no cargo acontece nesta terça no Supremo Tribunal Federal, em Brasília.
Em investida que indica temor de ser preso e deixar a prefeitura, Ney tentou adiar a apreciação do habeas corpus, concedido em fevereiro de 2017 pelo ministro Marco Aurélio Mello, mas teve pedido negado. A liminar será julgada pela 1ª Turma do STF, com cinco membros (Alexandre de Morais, Marco Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Luiz Barroso) – a mesma que julgou o goleiro Bruno, solto por liminar de Marco Aurélio e reconduzido pela 1ª Turma à prisão.
A negativa ao pedido de Ney de protelação do julgamento deixou o corpo jurídico do prefeito apreensivo. A seguida decisão de Ney de solicitar à Câmara pedido de licença, por sua vez, chamou a atenção na prefeitura nesta segunda-feira. “Agora entendi porque o pessoal está tão preocupado. Você sente que tem uma certa agitação. O dr. Joel [Matos, advogado de Ney] raramento é visto por aqui, mas na semana passada estava quase todos os dias”, disse um servidor.
O prefeito pode se licenciar em três situações, uma delas “para tratar de assuntos de interesse particular”. O pedido de licença por “tempo indeterminado” é visto como manobra para que o cargo não seja declarado vago. A lei municipal não restringe o período de licença, apenas diz que o prefeito ao ser impedido será sucedido pelo vice. Secretários falavam pela manhã que Ney vai se afastar e que em no máximo dez dias o vice Peter Calderoni (PMDB) assume.
Após as 12h, o governo divulgou nota em que diz que Ney “pediu afastamento na data de hoje (5/3/2018) para tratar de assuntos pessoais”. “Para não prejudicar o bom andamento da cidade e para que a disputa judicial não atrapalhe os projetos que estão sendo desenvolvidos em prol de nosso povo, peço afastamento do cargo para cuidar de perto do processo”, disse Ney. Ele teria se reunido até o início da tarde com secretários. Moradores creem que Ney pode fugir.
VEJA DOCUMENTO DA CONVOCAÇÃO DA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA CÂMARA SOBRE LICENÇA AO PREFEITO
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