ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
A direção estadual do PT de São Paulo determinou que o partido em Embu das Artes retire filiados do grupo do prefeito Chico Brito e coloque militantes ligados ao deputado estadual Geraldo Cruz em metade dos postos da chapa na executiva e no diretório na cidade. A decisão, a que o VERBO teve acesso, mas só será oficializada na segunda, dia 19, foi tomada após Geraldo entrar com recurso em que acusava irregularidades nas eleições internas para novo comando do PT local.
Com a ordem “de cima”, o grupo de Chico não ocupa mais as 17 cadeiras no diretório e cinco na executiva a que a chapa tem direito e fica com oito e três, respectivamente. Já o grupo de Geraldo ganhou o restante, nove vagas no diretório e duas na executiva – divisão negociada para composição ímpar. No total, o diretório é composto por 32 cadeiras e a executiva, dez. As outras 15 e cinco foram repartidas entre as demais chapas, dos vereadores João Leite e Doda Pinheiro.
Com 54% dos votos no PED (processo de eleições diretas) em novembro, a chapa que conquistou mais cadeiras incluía Chico e Geraldo. “E aí ficou o impasse”, disse um filiado. Após sequência de conflitos apaziguados, ambos passaram a fazer duras críticas mútuas em relação à postura e atuação em cada mandato, ainda nos bastidores. Chico deixou de apoiar o candidato a presidente que lançara com a adesão de Geraldo ao mesmo nome, o ex-secretário Helton Rodrigues.
Com a derrota do candidato de Geraldo e a vitória de João Leite, a quem Chico passou a apoiar para presidente do PT, a divisão das vagas entre os dois grupos que compunham a chapa vencedora gerou embate – apesar de apenas uma chapa, três tinham poder sobre os filiados componentes. Geraldo acusou que a representação do seu grupo na chapa estava incorreta. “Eles deram nossas vagas para as chapas do Doda e do João, isso não pode”, disse uma assessora.
O grupo de Chico Brito diz que fez “várias” propostas de composição, inclusive com número de cadeiras maior que o grupo adversário obteve no PED, mas que Geraldo queria acima de 60% das vagas. O deputado nega. “Eles não estavam aceitando nem a que foi feita agora, imagina outra. Não fizeram nenhuma. E não queríamos 60%, queríamos o que tínhamos direito. Na verdade, eles recusavam qualquer composição que fizéssemos”, disse Geraldo à reportagem.
Chico foi ao PT estadual tentar alterar a decisão, apurou o VERBO. Foi ouvido, mas avisado que não teria mudança – instância superior, ele não teve chance de discutir e agora só pode recorrer à direção nacional. Com a reviravolta, o grupo de Geraldo ficará com o cargo de vice-presidente, que será a ex-vereadora Maria Cleuza, a Ná, ex-mulher do deputado. “Ih, então vai dar trabalho”, disse um militante. Outro cargo, a secretaria de cultura do PT será ocupada por Erismar Santos.
Chico foi procurado na prefeitura. A secretária Cristina Santos (Comunicação) atendeu e disse que ele não falaria. Minutos depois, ela ligou e disse: “Ele não está aqui, e não estou conseguindo falar. Isso diz respeito ao partido, o Executivo não se manifestará”. O presidente em exercício do PT, Felipe dos Santos, disse que só se pronunciará após as mudanças serem oficializadas. Um dos que serão “sacrificados” do PT governista é Silvino Bomfim, secretário de Chico e ex-vereador.
> Colaborou Adilson Oliveira, especial para o VERBO ONLINE