Nos 59 anos de Embu, Ney foge e evita falar sobre subsecretário autor de atentado

Especial para o VERBO ONLINE

PEDRO HENRIQUE FEITOSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O prefeito Ney Santos (PRB) fugiu dos jornalistas da região e evitou abordar o embaraçoso ato de seu subsecretário de Comunicação, Renato Oliveira, de protagonizar o atentado contra o jornalista e chargista Gabriel Binho, do VERBO, durante a sessão em comemoração aos 59 anos de emancipação de Embu das Artes, neste domingo (18), na Câmara. Renato e um segurança pessoal, o agente penitenciário Lenon Roque, foram indiciados por lesão corporal grave.

Prefeito Ney, que saiu sem falar com a imprensa
Ney,que saiu sem falar com a imprensa sobre atentado cometido por subsecretário, e Hugo no início da sessão
Vereadores (dir.), convidados e público
Vereadores, convidados e público lotam solenidade; Embu de hoje é melhor do que a que recebemos, disse Ney

Ney confirmou presença em entrevista coletiva após a sessão, por meio da assessoria, mas depois de posar para fotos com – poucos – moradores aproveitou para despistar os repórteres e saiu por uma das portas dos fundos do plenário, estrategicamente aberta. Um jornalista chegou a correr atrás do prefeito e comentar que não podia sair sem falar com a imprensa na data de aniversário de Embu. Entrando no carro, Ney respondeu: “Você cuida da minha agenda agora?”.

O principal tema da entrevista com Ney seria o futuro do subsecretário, indiciado sexta-feira (16) pelo atentado contra Binho – derrubado na rodovia Régis Bittencourt e alvo de três disparos, no fim do ano passado -, conforme revelou com exclusividade o VERBO. Flagrado pelo site na saída da Delegacia Central de Embu após ser acusado formalmente, Renato tentou fugir, mas sem sucesso teve de sair pela porta da frente e evitou falar sobre ter sido incriminado.

Com a “saída de fininho” do prefeito, coube ao presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB), ser questionado sobre o caso. Ele disse repudiar a violência contra a imprensa, mas se omitiu e afirmou que o problema era de responsabilidade apenas do Executivo, apesar de ser considerado o principal escudeiro do governo Ney. “Essa notícia chegou para nós via redes sociais na última sexta-feira, não tenho maiores informações sobre as ações do prefeito quanto a isso”, disse.

“Ele [Renato] é funcionário da prefeitura, cabe ao prefeito tomar a melhor medida. Acredito que o prefeito vai tomar uma posição na próxima semana. Não cabe a mim julgar se o funcionário deve permanecer, é uma decisão do prefeito, ele deve sim tomar as medidas cabíveis, acredito que à medida que tenha conhecimento de toda a situação, ele tomará”, disse, evasivo. Nem quando indagado se o ato fosse cometido por funcionário da Câmara Hugo se posicionou.

Pré-candidato a deputado estadual lançado por Ney, Hugo sofreu, porém, tentativa de vinculação ao atentado. Uma mensagem não identificada enviou fotos do guarda municipal que trabalha para Hugo ao lado do vereador e acusou o GCM de ser o autor do ataque, em possível “fogo amigo”. Questionado pelo VERBO, Hugo descartou romper com o grupo político. “A gente não pode classificar o que as pessoas isoladamente fazem com relação de governo”, disse.

“Vencemos as eleições juntos e temos um relação de independência, porém, de parceria pelo desenvolvimento da cidade. Não podemos deixar que interesses e ações pessoais isoladas interfiram”, frisou. Curiosamente, Hugo disse que era preciso saber “as motivações” do crime, apesar das evidências de cunho político. Binho recebeu, horas depois do ataque, a primeira mensagem, de que “os próximos tiros seriam no meio da cara para aprender a parar de ser falador”.

Antes de ir embora sem falar à imprensa, Ney discursou e aproveitou para fazer “prestação de contas” da prefeitura em 2017 com um vídeo que mostrou algumas obras e melhorias feitas pela cidade. Ele destacou entre as principais ações o início de programa de asfalto, “mais de 150 ruas” só na primeira etapa, lembrou que recebeu a cidade com dívida de mais de R$ 250 milhões, mas disse ter garantido a chegada de cerca de R$ 30 milhões em emendas parlamentares.

Ney também não perdeu a oportunidade de atacar as gestões anteriores petistas. “Aquilo que a gente foi escolhido pela população e por Deus para fazer são poucas as pessoas que têm a capacidade que nós estamos tendo. Se fosse para sermos prefeito e vereadores carismáticos, oportunistas e hipócritas, como foram as gestões passadas, seria muito fácil andar abraçando as pessoas nas ruas e mentindo, como foi feito a vida inteira aqui na cidade”, afirmou.

Ele procurou justificar medidas impopulares que minam o governo, como a criação da taxa de lixo, o aumento do IPTU com atualização da medição dos imóveis, o aumento da tarifa de ônibus três vezes acima da inflação. “Hoje apanhamos um pouco, mas uma coisa eles têm que engolir: a cidade de hoje é melhor do que a que recebemos ano passado e é por isso que eu me orgulho muito de estar aqui como prefeito comemorando os 59 anos da cidade”, declarou Ney.

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