RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O repórter-fotográfico e chargista Gabriel Binho, do VERBO, foi perseguido e derrubado da moto que dirigia por um carro i30 prata na rodovia Régis Bittencourt na madrugada do dia 28 de dezembro, quebrou um tornozelo e ainda foi alvo de três disparos do atirador, além de ameaçado via rede social, conforme investigação, mas o secretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB), Jones Donizette, procurou desqualificar a vítima e politizar o atentado.
Em um vídeo ao vivo (“live”) no dia 19 de janeiro, Jones chamou a tentativa de assassinato, em duas graves investidas, de “suposto atentado” e se referiu a Binho como “petista”, várias vezes. De forma tendenciosa, ele passou a relacionar o ataque a casos violentos da história política de Embu das Artes que tachou de suspeitos, com o então prefeito e hoje deputado estadual Geraldo Cruz (PT) como vítima, para insinuar armação arquitetada “mais uma vez em ano eleitoral”.
“Vamos falar um pouco sobre o suposto atentado que sofreu o petista Gabriel Binho. É um fato seríssimo […]. Só que conhecendo a história do Partido dos Trabalhadores em Embu das Artes, isso nos gera uma certa desconfiança. Quem não se recorda no ano 2000 do suposto atentado a bomba na casa de Geraldo Cruz? Posteriormente, em outro ano eleitoral, um possível assalto à casa do deputado colocou ele como vítima, e mais uma vez nada ficou provado”, disse.
“Agora em outro ano eleitoral, o petista Gabriel Binho sofre um suposto atentado novamente. Espero que, desta vez, fique comprovado e se chegue aos verdadeiros culpados, não dá para em todo eleitoral ter um suposto atentado sempre contra o PT e sempre quando Geraldo Cruz está concorrendo a algum cargo”, continuou Jones. Ele disse que o presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB), foi envolvido. Binho, porém, não acusou ninguém e levou o caso à polícia.
Ao citar que secretários já tiveram a casa invadida por bandidos sem que apontassem crime político, Jones tentou mais uma vez desqualificar o ato criminoso e chegou a dizer que o profissional sofreu uma simples queda, além de procurar difamar a vítima. “Agora o Gabriel Binho sofreu um acidente. Todo mundo sabe também que o Gabriel Binho gosta de ficar pelos bares, beber uma coisinha ou outra. Todo mundo sabe que ele caiu com a moto e se machucou”, apelou.
“Até onde se sabe é isso. Depois apareceu essa história do atentado”, disse Jones, em nova provocação. Interessado em “partidarizar” o caso, ele evitou citar o veículo no qual Binho atua, o VERBO, e omitiu ameaça sofrida pelo profissional via Facebook. Na mensagem, o criminoso diz que “us proximu tiro vai se no meio da cara pra aprende a para de ser faladô”, em evidência de que Binho sofreu um atentado e em consequência de reportagens e charges que produz.
Logo após ser socorrido com o tornozelo esfacelado – que rendeu um pino em cirurgia -, Binho foi procurado por um agente da Polícia Rodoviária Federal que o indagou se faria o teste do bafômetro. Ele disse que sim. Binho voltava de um trabalho, tinha feito um vídeo de cantores de rua no centro de Embu. Ele disse que vai processar Jones. “Vou fazer isso. Ele [Jones] falou que quem me conhece sabe que vivo nos bares da vida. Prova que ele não me conhece”, rebateu.
Após falar à vontade, no fim do vídeo Jones mencionou que Binho passou a assistir à transmissão e se apressou em encerrar. Questionado por uma jornalista da região se estava acompanhando a investigação, ele, pressionado, também não respondeu. Profissionais da imprensa que viram o vídeo ficaram perplexos com a posição do secretário e miraram o governo. “Vestiu a carapuça, berrou antes da hora”, comentou o repórter e editor de um portal de notícias da região.
“Olha o desespero”, disse não um adversário, mas um livre-nomeado do governo, sobre a ordem de Jones para que os comissionados compartilhassem o vídeo nas redes sociais. A reação foi sintomática. Jones fez a “live” para atacar Binho após ser procurado pelo “Agora”, que questionou a gestão Ney sobre o atentado. O jornal noticiou que um dos dois guardas municipais suspeitos “é ligado diretamente ao grupo político do prefeito Ney Santos, segundo a polícia”.
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