RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
“Eu não sabia que tinha tantos amigos”, diz emocionado, em entrevista exclusiva ao VERBO, o carteiro Denivaldo Jesus de Matos, morador de Embu das Artes, solto sexta-feira (22) após dois meses preso, acusado de integrar organização criminosa, peculato (crime contra a administração pública) e falso testemunho. Denivaldo, que chegou a perder a esperança de passar as festas de fim de ano em casa, comemora com a família o Natal e, sobretudo, sua liberdade.
Funcionário dos Correios há 20 anos, Denivaldo estava preso no CDP (Centro de Detenção Provisória) de Pinheiros
(zona oeste de SP) desde o dia 24 de outubro, por determinação do Tribunal Regional Federal da 2ª Vara de Osasco (SP), acusado de comandar e simular crimes de roubo com a participação de adolescentes no dia 16 de junho deste ano. Em depoimento, os menores infratores apontaram o carteiro como mandante do crime, acusação acatada pelo Judiciário.
Durante o tempo em que Denivaldo ficou preso, familiares e amigos se reuniram com cartazes no dia 4 deste mês na avenida Paulista (região central de SP), em frente ao Tribunal Regional Federal, para clamarem pela liberdade do carteiro. A manifestação chamou a atenção de funcionários do tribunal, o que, para o advogado de Denivaldo, foi positivo. No dia 29 de novembro, uma moção de apelo pela liberdade dele foi também aprovada na Câmara de Embu.
Em audiência no dia 12, um pedido de habeas corpus de Denivaldo foi negado. A Justiça alegou que o caso seguia em investigação. Na Câmara, o vereador Gerson Olegário (PTC), autor da moção, protestou contra a decisão. O carteiro só tinha expectativa de conseguir a liberdade antes de seu aniversário, o que não ocorreu. “Depois do meu aniversário, no dia 19, acabei perdendo a esperança de passar o Natal com a minha família”, disse Denivaldo, agora 43, ao VERBO.
“Eu fiquei [preso] entre quatro paredes. É horrível, não é fácil, [a cadeia] é um lugar desumano. A cela onde abriga 20 pessoas são colocadas 40. Eu nunca imaginei que passaria por isso. Mas graças a Deus estou solto”, comemorou ele, que não tinha também noção da repercussão fora da prisão, inclusive da mobilização de familiares e pessoas que o querem bem. “Eu não sabia também que tinha tantos amigos. Como é bom ter amigos, é algo fora do sério”, agradeceu.
Segundo a defesa de Denivaldo, a liberdade aconteceu devido a “confusões jurídicas”. “O inquérito nasceu de uma ação penal que estava tramitando na 1ª Vara Federal de Osasco. No fim o inquérito sobre o Denivaldo estava tramitando na 2ª Vara Federal de Osasco. Pelas confusões jurídicas, a gente conseguiu o habeas corpus”, contou o advogado Diego Costa. “Solicitamos que fosse decretada a liberdade dele por excesso de prazo, esse foi o fundamento”, finalizou.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE