RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Vereadores de Embu das Artes que votaram contra a taxa de lixo criada pelo prefeito Ney Santos (PRB), no dia 27 de setembro, tiveram imediatamente os indicados para trabalhar na prefeitura mandados embora. A retaliação não é novidade. Chamam a atenção o “desrespeito” e a “falta de humanidade” de Ney com quem trabalhava e só defendia o “pão de cada dia” para levar para a família, parte com “salário de fome”, segundo os parlamentares e interlocutores.
Conforme apurou o VERBO, no dia seguinte ao da criação da taxa de lixo, livre-nomeados ligados à vereadora Dra. Bete (PTB) decidiram ir ao departamento pessoal pedir para serem exonerados. O secretário chefe-de-gabinete do prefeito, pastor Marco Roberto, porém, mandou os funcionários para a sala dele. “O certo era ir ao DP, lá dar a exoneração, não ir para gabinete. Ele fez isso para esculachar a vereadora. Mas ele que foi esculachado”, disse testemunha no recinto.
O episódio “foi tenso”, segundo o relato. “Eles têm de tratar as pessoas com dignidade. Ele [Ney] desrespeitou os quatro vereadores, inclusive a Dra. Bete. Ele afirmou que eles não pisariam mais na prefeitura. E irá mandar embora quem fizer algo para algum deles. Sem princípios, não respeita ninguém”, completou o interlocutor. Votaram contra a taxa de lixo, além de Dra. Bete, André Maestri (PTB), Rosângela Santos (PT), Edvânio Mendes (PT) e Luiz do Depósito (PMDB).
Com Luiz do Depósito – o mais bem votado na coligação de Ney, aliás -, o tratamento foi ainda mais “nojento”, de acordo com moradores ligados ao vereador. Indicados do vereador também foram mandados embora da prefeitura, claro. “Fui demitida do meu emprego pelo prefeito Ney Santos. Sei que todos esses anos que prestei meu serviço na cidade fiz com muita responsabilidade e dedicação”, disse a servidora Rosânia Rosário, em relato público emocionado.
“Mas eu quero deixar claro, vereador Luiz do Depósito, que eu não esperava outra atitude de você. Você hoje tem ainda mais o meu respeito. Sei que por onde passei conquistei a amizade e o respeito das pessoas as quais atendi e dos meus colegas de trabalho, diferente do prefeito Ney Santos e sua assessoria, que nem tratar as pessoas sabem. Quando forem embora daqui [prefeitura], não vai restar nem saudade”, finalizou Rosânia, em uma rede social.
Mas a retaliação do governo teve contornos de crueldade. Ney demitiu também funcionários da frente de trabalho indicados pelo parlamentar, pessoas humildades que ganhavam cerca de 1/3 do salário mínimo (R$ 350). Ainda disse que foi o vereador Luiz do Depósito que mandou. “Sim, até frente de trabalho. Gente que passa fome. Ainda chamaram um a um e disseram que foi a pedido do Luiz”, disse a chefe-de-gabinete do vereador, Fernanda Rosário, ao VERBO.
“Tadinha. Teve uma senhora [da frente de trabalho] que me procurou, perguntando o que ela havia feito para o Luiz, já que disseram que foi o Luiz que a mandou embora”, relatou Fernanda. O vereador votou contra a taxa de lixo por entender que a população pobre está desempregada e não pode suportar pagar R$ 418 ou mais, a partir de 2018. “O Luiz está muito abalado, porque sofre pelo grupo. Mas não tinha condições de permanecer neste governo”, disse ela.
Em mais uma cena “deprimente” do bastidor da criação da taxa de lixo, o próprio vereador falou ao VERBO e pôs a “boca no trombone”. “[A demissão] das frentes de trabalho foi uma vergonha, uma dez pessoas que deixaram ainda mais na miséria, coisa de gente sem coração e postura”, disse Luiz do Depósito, vereador pela quarta vez. “O pior foi a lavagem cerebral feita nos demitidos, dizendo que eu estava pedindo a dispensa, ato para me desmoralizar”, disparou.
“É bom frisar que está proibido dentro do governo qualquer atendimento aos vereadores que votaram contra [a taxa de lixo]”, disse Luiz do Depósito, ciente do “estilo” truculento de Ney. “Eu sabia que iria dispensar os [meus] indicados, porém votei consciente, e tudo o que for penalizar a população, eu voto contra. Gosto de exercer o poder de vereador e não aceito que mandem o que devo fazer. Prefiro fazer um mandato simples e com a cabeça erguida”, avisou ele.
OUTRO LADO
Sobre a conduta do governo em demitir indicados dos vereadores contra a taxa de lixo, o VERBO enviou e-mail ao principal auxiliar de Ney, o secretário Jones Donizette (Comunicação), que preferiu responder via mensagem de texto. “Qual posicionamento [a reportagem] quer, visto que já afirma as informações, quando deveria era verificar se são verdadeiras?”, disse. O VERBO indagou se estava dizendo que vereadores mentiram. Sobre a questão, ele emudeceu.
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estranha essa reportagem, indicados por vereadores, isso nao é compra de voto!
a populaçao carente deve ir a prefeitura e se cadastrar. muito estranho vereador intrometer no legislativo e indicar os seus amigos.
ademais legislativo nao pode meter o bedelho no executivo, sop pena de violaçao da tripartiçao dos poderes.