ALCEU LIMA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Em cena inusitada em novo capítulo da posição “desastrada” de vereadores governistas de aprovar a taxa de lixo, Índio Silva (PRB), líder do prefeito Ney Santos (PRB) na Câmara, deu vexame ao interromper discurso da colega Rosângela Santos (PT) e pedir que não fosse exposto por ter votado a favor da cobrança do tributo, na sessão na quarta-feira (4). No dia 27, o projeto de criação da taxa de lixo proposto por Ney foi aprovado por dez votos a favor e cinco contra.
Rosângela, no uso regular da palavra, saudou os colegas, “em especial os que votaram contra a taxa de lixo”. “Parabéns pela posição, é isso mesmo, é defender a população. Em lugares públicos, o munícipe vir nos procurar e parabenizar é gratificante, é um reconhecimento de que valeu a pena ter votado em nós. Ser vereador é isso, é avaliar o certo e o errado, se for certo votar a favor, mas, se ver que vai prejudicar a população, ser contra sim”, disse a vereadora.
Índio, sem pedir aparte, interrompeu bruscamente a vereadora. “Pela ordem, sr. presidente. Gostaria de pedir para a nobre vereadora que respeitasse a posição dos demais vereadores que votaram a favor [da taxa]”, disse. Com a interrupção indevida, Índio foi censurado pelo vereador Carlinhos do Embu (PSC), que na ausência do presidente Hugo Prado (PSB) presidia a sessão. “Não pode, sr. vereador. Por gentileza, vamos garantir a fala da vereadora”, advertiu.
Ao retomar o discurso, Rosângela disse apenas lembrar “que cada vereador tem sua posição”, e expôs ainda que Ney retaliou os vereadores que votaram contra a taxa de lixo com a demissão dos apoiadores deles da prefeitura. “Sempre estavam apoiando [o governo], no momento que foram contra [a taxa], ele [Ney] fez foi simplesmente descartar. Está errado. Quero colocar a minha indignação contra o tratamento do prefeito aos vereadores que votaram contra”, disse.
Com a palavra, Índio insistiu em fazer o pedido “insólito” e ainda tentou ludibriar ao dizer não ter votado na taxa de lixo. “Eu gostaria de pedir para a vereadora falar sobre a questão dela, mas não expor os demais vereadores que votaram a favor da taxa de lixo, embora não ter sido votada aqui a taxa de lixo, foi votado aqui um requerimento em que exigimos que fosse abaixada a taxa, ressaltando que teve vereador que em 2007 votou a favor da taxa de lixo”, disse, evasivo.
Ao contrário de Índio, o vereador Bobilel Castilho (PSC) teve uma postura altiva e não se “escondeu” por ter aprovado a taxa de lixo. “Para mim, não tem problema nenhum alguém me expor, eu não votei nada escondido, debaixo de uma mesa. Eu tenho certeza do que faço e vou fazer, depois o povo que tome a decisão se eu tomei a atitude certa ou não. O engraçado é que todos os vereadores, sem exceção, votamos [um requerimento] para regulamentar a taxa”, disse.
O vereador Jefferson do Caminhão (PSDB) reforçou o ataque de que os vereadores contrários à taxa de lixo aprovaram o pedido para que Ney enviasse uma lei que considerasse que quem produzisse menos lixo pagasse menos e quem produzisse mais pagasse mais. “Em 9 de agosto teve a votação do requerimento – a vereadora [Rosângela] debateu, mas também votou a favor. Fomos nós mesmos que pedimos que o prefeito mandasse a esta Casa a proposta”, disse.
As farpas de Índio e Jefferson provocaram a ira dos contrários à taxa. “É muito grave ouvir um vereador mal orientado dizer que lá em 2007 aprovaram uma lei [da taxa] do lixo, e que Luiz do Depósito, vereador mais antigo da Casa, votou nesse projeto. Que projeto é esse, que até hoje não se pagou [a taxa de lixo]? Então já é mentira”, disparou Luiz do Depósito (PMDB), sobre a aprovação há dez anos da inclusão do tributo no Código Tributário, mas nunca cobrado.
“Sr. Jefferson, não subestime as pessoas, falando no microfone de uma Casa de Leis de um requerimento em que pedimos que o prefeito mandasse [informações] para avaliação. Está bem claro. Se o sr. votou, assuma. Eu nunca disse que votaria contra a taxa de lixo por achar que não devia ser implantada. O problema é que a situação [econômica do país] está crítica para as pessoas, não é momento de fazer taxa, tem é que diminuir os custos”, falou Luiz, aplaudido.
> Compartilhe pela fanpage do VERBO ONLINE