Denunciado por matar no trânsito, Felipe do Rancho é empossado vereador de Embu

Especial para o VERBO ONLINE

Empresário Felipe do Rancho, 24, segundo suplente, assume cadeira de vereador

ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O empresário Felipe Arenzon, o Felipe do Rancho (PMDB), segundo suplente da coligação PMDB-PP, tomou posse nesta quarta-feira (7) como vereador de Embu das Artes, na Câmara Municipal cheia de apoiadores e amigos, além de familiares, entre eles o pai Milton do Racho, ex-vereador. O prefeito Ney Santos (PRB), que na campanha deu “apoio especial” a Felipe, prestigiou o ato, além do staff inteiro do governo – vice-prefeito, secretários e outros auxiliares.

Empresário Felipe do Rancho, 24, segundo suplente, assume cadeira de vereador em sessão na quarta-feira (7)
Empresário Felipe do Rancho, 24, segundo suplente, assume cadeira de vereador em sessão na quarta-feira (7)

Felipe assumiu uma cadeira no Legislativo em consequência do afastamento do vereador Gilson Oliveira (PMDB), que alegou precisar cuidar da saúde e se licenciou por 90 dias, na quarta passada (31). A ex-vereadora Rosana Almeida (PMDB), primeira – suplente – a ter direito de herdar a vaga, mas à frente da Secretaria de Cultura, optou por declinar do posto, conforme já decidido previamente. O presidente Hugo Prado (PSB) anunciou Felipe para assumir o cargo.

Felipe teve insuficientes 2.061 votos, fracasso que foi atribuído à direção do PMDB, que o elegeu como carro-chefe em vez de formar um time forte de candidatos, em prejuízo a nomes com mandato como Rosana, que acabou não reeleita. Preferido e com campanha “agressiva”, acusado de cooptar lideranças e cortejar antigos eleitores de adversários, virou alvo de “fogo amigo”. Candidatos da coligação de Ney acusavam Felipe de fazer propaganda “milionária” e desleal.

Apesar da campanha vultosa, pela quantidade enorme de “papel” nas ruas e em mobiliários públicos como orelhões, em flagrante irregularidade, Felipe não se elegeu, possivelmente, por crime no trânsito. Em setembro de 2011, após sair de casa noturna, bateu um Camaro em outros cinco veículos – o motorista de uma perua morreu carbonizado. Segundo peritos, ele, então com 19 anos, estava bêbado e dirigia a 123 km/h em via de máxima permitida de 60 km/h.

Familiares e amigos da vítima foram às redes sociais execrar Felipe. “Por mais absurdo que pareça, Felipe de Lorena Infante Arenzon, motorista do Camaro vermelho que em alta velocidade colidiu com veículo Towner de Edson Roberto Domingues, é candidato a vereador. Felipe não é proibido de concorrer e nem de assumir como vereador. No entanto, é revoltante e repugnante”, diz o blog “Não Foi Acidente” em setembro de 2016. O julgamento ainda não foi marcado.

Em discurso de posse, que iniciou com fala de que “gostaria, primeiramente, de agradecer a Deus pelo dom da vida”, Felipe disse não ser “perfeito”, mas desafiou existir um sem falhas. “Não posso e jamais irei me acovardar dos desafios que a vida me propõe, aprendi a enfrentá-los com dificuldade, confesso, mas sem perder a dignidade e a humildade de reconhecer minhas limitações. Não sou perfeito, quem for que atire a primeira pedra. Irei errar como todos”, disse.

Ao citar operação em fevereiro para retirar um tumor do cérebro, Felipe disse estar pronto para trabalhar pela cidade. “Após quatro meses de ser submetido a uma cirurgia gravíssima, de 12 horas de duração, e ficar 40 dias sem falar uma palavra, estou aqui assumindo a missão mais importante da minha vida. Seria mais fácil declinar, mas estou fortalecido e motivado para com os vereadores e o prefeito Ney Santos contribuir para a melhoria da vida da população”, disse.

Felipe disse que os políticos estão “desacreditados” e que também tem o papel de mudar essa realidade, mas “é bem verdade que minha passagem será breve” pela Casa “Temos a responsabilidade de representar o povo de Embu, somos vereadores de todos, a eleição ficou para trás”, falou. Disse esperar que Ney corresponda à expectativa da população no governo, “que é muito grande”. Procurado pelo VERBO no hotel da família, ele não estava nem retornou o contato.

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