Subsecretário de Ney não responde sobre rodeio em Embu e ataca jornalista de site

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O subsecretário de Comunicação do prefeito Ney Santos (PRB) atacou na quarta-feira (19) um repórter de site da região e atraiu a repulsa maciça de jornalistas e leitores que defendem a liberdade de informação. Auxiliar do secretário Jones Donizette, Renato Oliveira tachou o jornalista Allan dos Reis de “mentiroso” e o “Taboão em Foco” de “Fake News” após o profissional publicar reportagem sobre a realização de um rodeio em área pública sem compensação à prefeitura.

Subsecretário Renato Oliveira, que atacou jornalista da região, defende Bolsonaro e revolta Jô Soares em 2014
Subsecretário Renato Oliveira ataca repórter (acima esq) e moradora de Embu; site ‘TF’ expõe conduta ‘infantil’

Reportagem publicada pelo “TF” na própria quarta-feira apontou que Ney, apesar da crise financeira da prefeitura que resulta na falta até de agulhas e seringas nos hospitais para aplicar medicamentos, cedeu área do parque Francisco Rizzo para realização do Embu Country Fest, com cinco dias de shows com cobrança de ingressos, mas sem nenhuma contrapartida ao poder público. O site disse que solicitou por uma semana explicações, mas o governo não respondeu.

Com a reportagem no ar, Renato postou no Facebook: “Jornalista Allan Mentiroso!”; “Matéria falsa, mentirosa!”. Adeptos do subsecretário reproduziram o mesmo texto na rede social. Curiosamente, Renato resolveu atacar o repórter e o site sem ter respondido às perguntas do veículo sobre a cessão da área, apesar de ser o segundo principal responsável pela pasta. Na postagem ele deu esclarecimentos, mas de forma inadequada, não oficialmente – sem ser por e-mail ao “TF”.

Jornalistas em massa condenaram a conduta de Renato Oliveira. “Tem sido recorrentes seus ataques, cada vez mais sem propósito aos profissionais da nossa área, no exercício digno de sua atividade profissional. Sua atitude fere todo jornalista de verdade. O senhor agride, denigre, ataca, difama e não cumpre seu papel como funcionário público da prefeitura de Embu das Artes”, disse no Facebook a jornalista Sandra Pereira, repórter e proprietária do “Jornal Na Net”.

A leitora Ana Isidoro reprovou o ataque ao site. “Lamentável que a imprensa seja tratada dessa forma, pois as pessoas merecem saber onde vai seu dinheiro, seus impostos e isso só conseguimos através de notícias que só vocês podem nos informar”, disse. O leitor Donisete Manja frisou que “não é a primeira vez que esse tal de Renato insulta munícipes e fica por isso mesmo”. Em março, Renato chamou uma moradora de “petralha chata da porra”. Jones achou graça.

Leitores lembraram que Renato integra o grupo de direita MBL e é seguidor do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), acusado de racismo, homofobia e misoginia. Ele é apelidado de “menino do Jô” desde quando na plateia do programa de Jô Soares gritou “Viva Bolsonaro” ao tentar justificar Bolsonaro dizer que uma deputada não seria estuprada por ele por não merecer, em 2014. “Eu já ouvi muita bobagem na minha vida, mas essa supera a do Bolsonaro”, revoltou-se Jô.

O “Taboão em Foco” se pronunciou sobre a postura do subsecretário e lamentou o ataque, ao reforçar que solicitou “por uma semana explicações via assessoria de imprensa”. “Para nossa surpresa, o subsecretário de Comunicação Renato Oliveira, ao invés de responder as informações de forma oficial, decidiu – junto com outras pessoas – atacar de forma infantil o jornalista responsável [Allan dos Reis]. ‘Fake News’ e ‘Jornalista Mentiroso’ foram os adjetivos”, disse.

O site informou que “o ponto positivo nesta irresponsabilidade foi que tanto o prefeito Ney Santos quanto o secretário de Comunicação Jones Donizette ligaram ao repórter e deixaram claro que a atitude infantil do subsecretário merece repúdio”. Jones soltou nota em que “repudia veementemente os ataques ao jornalista” e afirma que “posicionamentos pessoais de funcionários” não expressam o pensamento da prefeitura “enquanto instituição”. Não falou em punição.

OUTRO LADO
Procurado, Renato disse que se voltou contra o site não como subsecretário. “Falei como cidadão comum, usando uma página pessoal”, disse. Questionado se em vez de atacar tivesse respondido oficialmente, ele alegou que “não sou eu que respondo aos e-mails oficiais da Comunicação”, apesar de segundo posto maior da pasta. Citou dois servidores que teriam a tarefa. “Já foram questionados sobre a não resposta a Allan. O secretário está tomando as medidas”, disse.

Renato disse, porém, que não precisaria ter respondido para reagir. “Se toda vez que um e-mail não for respondido a tempo a pessoa faltar com a verdade, fica complicado”, disse ele, que negou ter apagado a postagem. Ele falou que o prefeito o chamou e “orientou”. “Pediu cautela na hora de escrever. E pediu explicações sobre o e-mail não respondido”, disse. O VERBO perguntou se foi repreendido. Ele repetiu a mesma resposta. Só depois disse que recebeu “ultimato”.

Sobre a possibilidade de ainda sofrer alguma punição pelo ato, Renato disse que “só vou saber segunda-feira [hoje]” – neste domingo, porém, ele acompanhou normalmente o prefeito em jogo de futebol na cidade. Apesar de manter posição de questionar a reportagem, reconheceu “excesso” e falou que “teria dito diferente”. Indagado se ia se retratar publicamente, ele, porém, disse: “Assim que o Allan se retratar e falar a verdade, desmentindo o que falou na matéria”.

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