Após tentar ofuscar ação de petista, Ney refuga e cancela audiência sobre cemitérios

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O governo Ney Santos (PRB) recuou da decisão de realizar uma audiência pública para tratar da terceirização dos cemitérios municipais de Embu das Artes, que tinha sido marcada para ontem (17), mas foi abortada. Através dos vereadores governistas, o prefeito articulou a discussão após a vereadora de oposição Rosângela Santos (PT) marcar antes uma audiência sobre o tema, que está mantida e acontece nesta terça-feira (18), a partir das 18h, na Câmara.

Vereadora Rosângela Santos (PT), que realiza audiência sobre terceirização dos cemitérios de Embu hoje (18)

Conforme apurou o VERBO, Ney ficou contrariado ao avaliar que a petista busca capitalizar a indignação da população com os preços praticados pelos cemitérios sob gestão de uma empresa quando a terceirização foi decretada, no ano passado, pelo prefeito Chico Brito, que era do PT. Ney procurou fazer a audiência antes para não passar a imagem de omisso, por não ter fiscalizado quando vereador, e de inerte, ao não ter contestado o contrato feito enquanto prefeito.

Sem o prefeito reagir, os vereadores governistas desistiram de fazer críticas à terceirização. Nas primeiras sessões, “sensíveis” às queixas dos moradores que precisaram dos serviços funerários, voltados aos anseios da população em um frescor de independência perante o Executivo, os parlamentares exigiram solução para o “roubo” das taxas. Com o loteamento dos cargos da prefeitura liberado e o “pito” de Ney de não querer mais ouvir cobranças, o ímpeto acabou.

O governo teve que se mexer por causa da audiência de Rosângela. “Um dos pontos que tiramos como consenso de dificuldades é a gestão dos cemitérios municipais. Em discussão com o prefeito Ney Santos, decidimos convocar uma audiência para discutir a melhora dos serviços prestados pela empresa. […] Que possamos apresentar soluções, nosso povo paga hoje um valor alto na hora de dificuldade, de um óbito”, disse o presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB).

Ney avaliou, porém, que pior que não fazer frente à audiência de Rosângela seria dar “palanque” à oposição sobre discussão “nebulosa” e que não teve habilidade política de conduzir, entre outras questões. Ele se viu obrigado a refugar. Aliado de “primeira hora” de Ney, Hugo passou constrangimento na sessão na quarta-feira (12), uma semana depois, ao anunciar que a audiência não mais aconteceria – o que fez só no fim das votações, para atenuar o desgaste.

“Em entendimento com o governo, recebemos um comunicado por parte do secretário de Governo, Francisco Carlos [o Cal], solicitando que fizéssemos uma reunião antes da audiência, para discutir a fundo as questões contratuais com as empresas que foram vencedoras no processo licitatório. […] Dessa forma, vamos estabelecer para a próxima semana uma data para que possamos nos empoderar desse contrato para fazer as considerações necessárias”, disse Hugo.

No dia do anúncio da audiência “governista”, Rosângela foi diplomática. “Eu já tinha organizado uma audiência sobre a privatização dos cemitérios no dia 18, mas acho que uma não impede a outra. Tem pessoas que compraram jazigo e estão com problema, outras com problema de exumação, taxas. Quanto mais levantarmos os problemas, melhor. Um técnico analisará o contrato, vamos fazer documento [com as queixas] para encaminhar ao órgão competente”, disse.

O presidente Hugo explicitou o tamanho do desconforto do governo com a “habilidade” da vereadora, que disse que era prerrogativa do mandato convocar audiências públicas. “Sem sombra de dúvida, vereadora, é seu trabalho. Mas sempre uso a frase de Luther King: ‘Nenhum de nós é tão bom quanto todos nós juntos'”, respondeu. Indagada pelo VERBO se Ney quis atrapalhar a audiência sobre os cemitérios que convocou, Rosângela respondeu: “Provavelmente”.

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