Acusado de fraudar gasolina diz ser ‘sócio’ de Ney e ter 2 secretarias, diz ‘Fantástico’

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes

Um dos principais denunciados na chamada operação Pane Seca – grande investigação da Polícia Civil sobre venda de combustível adulterado no Paraná e em São Paulo -, o empresário Eugênio Rosa, dono de pelo menos três postos em Curitiba e na região metropolitana que vendiam gasolina “batizada”, disse ser sócio do prefeito Ney Santos (PRB) e que tem “duas secretarias” na prefeitura de Embu das Artes, de acordo com o “Fantástico” (TV Globo) deste domingo (2).

O empresário Eugênio Rosa, denunciado por adulteração de combustíveis, e Ney Santos, chamado de sócio pelo acusado
Empresário Eugênio Rosa, denunciado por adulteração de combustíveis, e Ney, chamado de sócio pelo acusado
Em escutas, Eugênio Rosa fala da relação com o prefeito
Em escutas, Eugênio Rosa fala também ter duas secretarias na prefeitura, de Transportes e Serviços Urbanos

Conforme a reportagem, os postos que vendiam combustível fraudado misturavam na gasolina até uma substância proibida, o metanol, que pode causar cegueira, além de manipular bombas para enganar o consumidor na hora de abastecer. O dinheiro faturado de forma criminosa pode ir para o crime organizado. Na semana passada, a Justiça fechou os nove postos denunciados, e prendeu oito pessoas, que hoje respondem em liberdade, caso de Eugênio.

Ele tinha telefonemas monitorados. Numa escuta, negociou a compra de um avião que custa pelo menos R$ 4 milhões. “São quadrilhas de poder financeiro alto, os bens apreendidos até o momento indicam o grau de rentabilidade desses crimes”, diz o secretário de Segurança do Paraná, Wagner Mesquita. “Acusado de ser um dos principais fraudadores do Paraná, Eugênio Rosa se diz sócio de um político, o prefeito Ney Santos, de Embu das Artes”, revela o “Fantástico”.

“O prefeito de Embu das Artes é meu sócio. ‘Tô’ em Brasília. Vou chegar em Embu das Artes no final de semana”, diz Eugênio na escuta. O programa relata que Ney se elegeu vereador em 2012, depois assumiu a presidência da Câmara, e no ano passado foi eleito prefeito com 79% dos votos (válidos). Mas em dezembro, um mês antes da posse, teve a prisão decretada pela Justiça – em ação do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) do Ministério Público (MP).

“As acusações: associação para o tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e ligação com o crime organizado. No caso, a quadrilha chefiada por Marcos Camacho, o Marcola”, diz a reportagem. “Ney Santos, segundo a denúncia, comandava não só o tráfico de entorpecentes, mas todas as demais atividades relacionadas à lavagem de dinheiro oriunda desse tráfico”, diz o subprocurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Luiz Sarrubbo. Para não ser preso, Ney Santos fugiu.

Ainda de acordo com o “Fantástico”, em 2 de fevereiro deste ano, o prefeito eleito Ney, com prisão preventiva, ainda era um procurado pela Justiça, mas nesse dia, num telefone, Eugênio Rosa diz – a uma pessoa não identificada – que está com Ney Santos. “O Ney vai embora amanhã cedo. O senhor precisava ‘vim’ aqui ‘pra’ combinar com ele”, fala o empresário do Paraná. O homem responde: “Já resolvemos de vez tudo, né?”. Eugênio concorda: “Isso, isso, isso.”

A polícia tem uma certeza sobre Eugênio Rosa, diz a reportagem. “Ele dava guarida ao prefeito de Embu das Artes enquanto ele estava foragido”, diz o delegado-chefe da Delegacia de Defesa do Consumidor do Paraná, Guilherme Rangel. Ainda segundo o “Fantástico”, no dia 8 de fevereiro, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, revogou a prisão do prefeito, que – depois de ficar 60 dias foragido – tomou posse e está no cargo até hoje.

A reportagem diz que em 1999, aos 19 anos, Ney foi condenado por receptação e formação de quadrilha. Em 2003, outra condenação. Crime: assalto a carro-forte. Ficou dois anos preso até ser absolvido em segunda instância. Segundo o MP, ele entrou no ramo de combustíveis em 2005. “Havia a necessidade de se lavar o dinheiro, tentar legalizar esse numerário. Isso era feito através dos mais variados estabelecimentos, a maioria postos de gasolina”, afirma Sarrubbo.

Sobre como Ney teria conhecido Eugênio, o “Fantástico” diz que em 2010 os dois foram candidatos a deputado federal pelo mesmo partido, o PSC – cita que Ney foi denunciado por distribuir vale-combustível em troca de votos. Quando Eugênio foi preso, a polícia encontrou um papel escrito a mão. Nele, aparecem a palavra “negociação” e os nomes “Eugenio” e “Nei Santos”. Entre imóveis e carros, o valor chega a R$ 36 milhões e 400 mil, aponta a reportagem.

Ainda conforme o “Fantástico”, além de se dizer sócio de Ney, Eugênio conta a um amigo, em uma escuta, sobre uma suposta influência na prefeitura de Embu. “Eu tenho duas secretarias que eu peguei lá”, diz o empresário. “De boa, né?”, diz o interlocutor. “Eu peguei a Secretaria de Transportes e a Secretaria de… Urbana”, continua. “Qual é a cidade? É…”, pergunta o amigo. “Embu das Artes”, diz Eugênio. A segunda secretaria em questão seria a de Serviços Urbanos.

OUTRO LADO
O advogado de Eugênio disse que vai se manifestar em momento adequado, após ter acesso pleno ao conteúdo das investigações. O “Fantástico” também procurou Ney Santos. O prefeito disse que conhece Eugênio há 3 anos, mas que nunca foi sócio e não tem “nenhuma ligação política” com o empresário. Afirmou ainda que Eugênio não indicou nem “possui dois secretários” na prefeitura, que acredita na Justiça e está à disposição para quaisquer esclarecimentos.

“Perguntamos quantos postos de gasolina ele tem hoje e sobre as acusações de envolvimento com a quadrilha de Marcola, mas o prefeito não respondeu”, conclui o “Fantástico”. Diante da repercussão negativa nas redes sociais, com vários moradores da cidade desconfiados ou indignados, Ney publicou que estará nesta segunda-feira (3), às 10h, em transmissão ao vivo em sua página no Facebook, para responder às denúncias mostradas no programa dominical.

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comentários

  • Manda esta reportagem para o Ministro Marco Aurelio de Melo e o Ministro do TSE, que deram guarita ao atual prefeito de Embu das Artes, depois que todas as outras Instâncias Judiciarias não acreditavam nas contestações feitas nos Autos, este Dois “Deuses” da Justiça acreditaram e liberaram o homem para nos governar e agora os cidadãos embuenses ficam totalmente constrangidos com tudo Isto.

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