ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Dez dias apenas depois de empossado, após dois meses foragido alvo de ordem de prisão, o prefeito Ney Santos (PRB) participou na Câmara Municipal da comemoração aos 58 anos de autonomia político-administrativa de Embu das Artes, neste sábado, 18 de fevereiro – quando em 1959 Embu deixou de ser distrito de Itapecerica da Serra e virou município. Em sessão solene esvaziada, mesmo com a “novidade” do novo prefeito, “apenas” cerca de 300 pessoas compareceram.
Diante da “dúvida” da população e empresários em torno do chefe do Executivo, denunciado pelo Ministério Público de São Paulo por tráfico de drogas, associação a facção criminosa e lavagem de dinheiro, Ney pediu mais de uma vez em discurso que os munícipes confiem no governo que inicia – ele assumiu a prefeitura graças a uma decisão provisória (liminar) de um ministro do Supremo Tribunal Federal e ainda é réu no processo e pode ser preso e deixar o cargo.
Apesar da indefinição jurídica e da turbulência política na cidade, Ney pediu apoio por conta de rombo nas contas da prefeitura. “Todos aqui temos a consciência e a responsabilidade de que estamos representando o sonho de 260 mil habitantes, cada um com uma cabeça diferente. Que nos próximos aniversários falemos das conquistas. Assumir uma cidade sem credibilidade, endividada em mais de 247 milhões, não é fácil, mas não podemos esmorecer”, discursou.
“O que a gente tem que fazer é se unir, Legislativo, Executivo e Judiciário se unir e colocar a cidade no rumo que tem que estar, no do desenvolvimento. Hoje, poderíamos estar fazendo festa, mas preferimos estar aqui juntos, pedindo, eu principalmente à frente do Executivo, que confiem no nosso governo, independente de sigla partidária estejam com o governo. Sem a ajuda da população e de vocês servidores não vamos conseguir fazer o que tem que ser feito”, disse.
Ney voltou a se queixar das finanças da prefeitura. “Queria como prefeito ter muitas obras para entregar, entregar as viaturas novas da Guarda Municipal, mas não temos credibilidade pelas dívidas. Queria entregar posto de saúde, mais creches, mas não tivemos condição, mas também o mandato começou na semana que vem”, disse sobre quando assumiu o cargo. Apesar das críticas, ele apoiava a gestão Chico Brito (sem partido) e era vereador, para fiscalizar.
Em discurso de mais de 30 minutos, Ney depois prometeu ações de impacto como a criação da “Cidade Digital” para acesso gratuito à internet e comunicação entre equipamentos públicos e implantação de um “cartão da saúde” para atender pacientes que residem no município, com direcionamento a unidades menos cheias, e restringir o serviço a moradores de outras cidades. Ele não citou, porém, a reativação do Pronto-Socorro Vazame, promessa de campanha.
Ney anunciou a construção de um paço municipal, chamado de “novo complexo administrativo da prefeitura”, na área do projeto do Parque da Várzea – onde seria a universidade federal, que não saiu do papel. Ney justificou a mudança do centro para desenvolver a região e disse que a área terá em maio um festa de rodeio. Com as ações, Embu será uma “cidade moderna”, disse. Apesar da pompa, a grande maioria das “58 ações de governo” são intervenções corriqueiras.
Ney ainda lembrou que quem reajustou a tarifa do transporte municipal, para R$ 3,80, foi o presidente da Câmara, Hugo Prado (PSB), quando prefeito interino, mas confirmou que não revogará. Ele alegou que combustível e outros insumos tiveram alta. Para justificar o aumento “salgado” de 18,8%, ele anunciou a circulação de 20 ônibus 0 km e outros 20 “até junho”. Após a sessão, ele entrou num ônibus novo diante da Câmara e sentou no banco do motorista.
Ney não ouviu críticas da principal opositora ao governo, Rosângela Santos (PT), e afagou o adversário Doda Pinheiro (PT) ao exaltar os pioneiros da elevação de Embu a cidade. “O vereador Doda, sempre sábio, fez uma bela homenagem com um minuto de silêncio aos que se foram”, disse. O primeiro prefeito de Embu, Annis Bassith, único emancipador vivo, foi representado pelo ex-vice-prefeito Roberto Terassi. Familiares de sete emancipadores receberam medalha.
Com tom conciliador, Ney causou boa impressão ao pedir que adversários “esqueçam” a eleição pelo bem da cidade. Apesar do pedido, Hugo disse que Ney sofreu uma das piores perseguições do país. O vice-prefeito Dr. Peter (PMDB) citou o slogan da campanha, “Embu tem jeito, Ney Santos prefeito”. Partidários provocaram a imprensa que cobriu o caso Ney. Cúpulas das polícias Militar e Civil, avessas a Ney pelo passado dele no crime, não compareceram à sessão.
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Não estou entendendo, se a Prefeitura está quebrada, se temos uma Paço Municipal Próprio, bem localizado, onde atende de maneira plena, como construir uma nova Sede? de onde virá os recursos? Se é para priorizar recursos, levar a prefeitura para um local ermo, que demoraria uma década para a sua total consolidação. Por que não ir atrás dos recursos para investimentos na UNIVERSIDADE FEDERAL, que inclusive já tem imóvel destinado, que só falta readequar sua infra-estrutura.
Nova sede, precisa? O atual prédio da prefeitura é próprio, sem dívidas, bem localizado e todo mundo sabe onde é. Quanto vai custar um novo prédio? Localização difícil para o povo. E a festa do peão, o famigerado rodeio? Que não passa de tortura animal. Povo de Embu!, abaixo assinado, barulho, protesto pacífico, lutemos contra essas coisas desnecessárias.