Ney indica que não irá baixar tarifa, nega ligação com facção e tráfico e ataca juiz

Especial para o VERBO ONLINE

RÔMULO FERREIRA
Redação do VERBO ONLINE

Em entrevista na sexta-feira (10), um dia depois de empossado, o prefeito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), indicou que não baixará a tarifa do transporte municipal, voltou a negar envolvimento com facção criminosa, denunciado pelo Ministério Público de São Paulo, e atacou o juiz que expediu a ordem de prisão contra ele. Depois de 60 dias foragido, Ney assumiu o cargo após um ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) conceder habeas corpus, decisão provisória.

O prefeito eleito Ney Santos (PRB) concede entrevista no gabinete, empossado após obter suspensão da prisão

Ney respondeu inicialmente sobre a passagem de ônibus reajustada em 18,8%, bem acima da inflação em 2016, de 6,29%. Ele não garantiu que reverá o valor de R$ 3,80, em vigor desde a última segunda-feira, dia 6. “Primeiro, vou ver o estudo que foi feito, o projeto que foi aprovado na gestão passada, para ver se está dentro da lei. Se estiver, não vejo porque revogar o aumento que o prefeito interino [Hugo Prado], que estava aqui e é responsável, assinou”, disse.

Indagado sobre os compromissos de campanha, Ney admitiu que não cumprirá à risca o que prometeu ao apontar que a dívida parcial da prefeitura é de R$ 247 milhões. “A nossa vontade é sair fazendo tudo o que prometemos ao povo, só que infelizmente não tem condição de fazer isso. Vamos planejar as prioridades, a saúde é uma delas, por isso é o primeiro contrato em que vamos mexer, para colocar uma empresa competente que venha melhorar o serviço”, disse.

Ney se referiu à decisão do governo interino de romper contrato com o Instituto Social de Saúde e Resgate à Vida, que gerencia o Pronto-Socorro Central e a Maternidade Municipal, medida que aprovou. “Essa empresa vai sair, tem muitas irregularidades”, afirmou. Ele disse que manterá o corte de verba para o Carnaval para investir na saúde e que cada secretário terá seis meses para “fazer as coisas acontecerem”. “Se ele não produzir, não vai ficar”, afirmou o prefeito.

Mesmo o impopular aumento da tarifa de ônibus, Ney, curiosamente, endossou 100% das decisões tomadas pelo prefeito Hugo. Ele disse, porém, não ter interferido no governo enquanto estava foragido. “A pessoa que estava aqui é responsável pelos atos, eu não teria que interferir como não interferi”, disse. Ele disse que, sobre o processo, estava “em contato diariamente” com o advogado Joel Matos. Contudo, o interino tinha Matos como chefe-de-gabinete.

Sobre a operação do MP, Ney disse ser “inocente” das acusações de elo com bando criminoso, à espera de ter o caso levado ao Tribunal de Justiça, ao ter foro privilegiado como prefeito. “Quem não deve não teme, o que foi falado não passava de mentiras e vou provar isso no processo. O sentimento é de revolta, quiseram me denegrir. Eu sou inocente, quem me conhece sabe que não tenho envolvimento nenhum com facção criminosa nem com tráfico de drogas”, disse.

Ney atribuiu a “perseguição” ao PT, que governava a cidade desde 2001. “Em 16 anos que ficaram aqui, eles deixaram muitos podres, e terão que vir à tona agora. [Para eles] É melhor denegrir a imagem da pessoa que vai falar do que deixar ela com moral. Seja quem for que faz parte desse governo, todos pagarão pelo que deixaram para trás”, disse. Mas alguns secretários mantidos eram do “governo do PT”, admitiu. “Continuam porque são competentes”, alegou.

O prefeito negou “caça às bruxas”. “Tem 4.600 funcionários na prefeitura, não estou dizendo que é perseguição aos 4.600 funcionários que estavam aqui. [Mas] As pessoas que fazem parte desse conluio dos que querem atrapalhar Ney Santos, e atrapalhando Ney Santos estão atrapalhando a cidade, vamos identificar”, disse. Ele disse que o número de funcionários de indicação política “não passará de 330 cargos, no máximo”. “Na gestão anterior tinha 800”, criticou.

Ney disse não ter receio de que a decisão final sobre o habeas corpus seja desfavorável. “Não tenho essa preocupação, da mesma forma que nunca tive dúvida de que a Justiça ia ser feita, e vai continuar dessa forma”, disse. Ele criticou a ação do MP. “Fizeram uma denúncia anônima em Itapecerica da Serra. [Mas] Tudo aquilo que o Ministério Público induziu a imprensa a falar, eles não colocam na denúncia, porque não existe. Eles não falam, porque não têm”, disse.

“Tudo o que fizeram com a gente vai acabar em nada, porque não devemos”, afirmou Ney. Quando a entrevista já estava no fim, ele fez uma afirmação grave ao acusar de parcialidade o juiz Rodrigo de Godoy, do Fórum de Embu, que decretou a prisão dele. “A mulher do juiz é advogada do meu maior adversário [na eleição], que foi o Geraldo Cruz. No mínimo, [é] imoral. No mínimo, no mínimo, suspeito”, acusou. Conforme o VERBO apurou, porém, o juiz é divorciado.

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