ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Acionada por demanda de ativistas que querem o fechamento do zoológico de Taboão da Serra, a bióloga Elizabeth Teodorov disse, porém, não defender que o Parque das Hortênsias não tenha mais animais. Professora da Universidade Federal do ABC, ela se deslocou do outro lado da região metropolitana requisitada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em São Bernardo do Campo – da qual fazem parte uma das idealizadoras e outros integrantes do movimento.
“Eu não defendo o fechamento de nenhum zoológico. Enquanto instituição, serve para pesquisa, ensino e preservação”, afirmou Teodorov, 39. A preservação consiste em acolher animais descartados, acidentados ou traficados, por exemplo. Ela disse não ser a favor de se retirar o animal do habitat de origem para “servir de exposição”, mas o zoo atende a função de receber bichos abandonados se dispõem de recintos e manejo adequados, para que as espécies “estejam saudáveis”.
No ato no domingo, dia 9, os ativistas reafirmaram que não querem o espaço com animais – diziam em cartazes “Não queremos jaulas maiores, queremos jaulas vazias”. “Primeiro, temos que interditar, depois, queremos fechar isso daqui”, disse a advogada Antília Reis, da OAB de São Bernardo, em reunião com Teodorov. Ela, que se apresenta como um dos dois mentores do protesto, reconhece a técnica, que busca a retirada dos animais doentes, como “bióloga dos ativistas”.
Teodorov disse que não é ativista e que o trabalho sobre o zoo é técnico, “não tem nada a ver com ativistas”. Ela disse que o parque, após a reforma prevista em termo de ajuste de conduta, “pode abrigar um zoo”. O TAC deve ser seguido, sob pena de prisão, a recair sobre o prefeito Fernando Fernandes (PSDB) e “toda a gestão da prefeitura que assinou”, frisou. Contudo, até o prazo máximo de dois anos dado para revitalização, os animais recolhidos “não aguentam”, observou.
“Com o manejo e os recintos adequados, este zoológico pode abrir à visitação. O problema é fazer obras de grande porte com os animais aí, não há nenhuma condição, eles precisam ser retirados. Aqueles que já estão doentes, pelo estresse provocado, acabarão vindo a óbito, e aqueles saudáveis acabarão ficando doentes”, afirmou a bióloga. O parque tem hoje cerca de 220 animais. “Queremos que os animais doentes sejam transferidos de imediato, transferidos e tratados.”
Teodorov disse que “já temos os lugares para os animais serem realocados” e que a remoção não é feita por falta de emissão de guia pelo Departamento de Fauna da Secretaria de Meio Ambiente, responsável por “selecionar locais e destinar os animais, inclusive providenciar transporte”, apontou. “Existe morosidade em todo o processo.” Para destravar o caso, o deputado estadual Feliciano Filho (PEN) agendaria uma reunião com o secretário Bruno Covas e o DeFau.
Os ativistas querem ver confrontados o último laudo elaborado pela bióloga e o projeto de melhorias ou expansão para o zoo feito pelos técnicos do parque. Para Teodorov, “falta mais experiência” aos profissionais do espaço. “É uma equipe multidisciplinar jovem, o biólogo é recém-formado, os veterinários também são jovens. Por isso, estamos propondo um trabalho conjunto, ninguém aqui quer brigar com ninguém, ou simplesmente querer fechar o zoológico”, disse.
A bióloga disse que o Parque das Hortênsias – inaugurado em 1978 – deve ser preservado com zoo, apesar de os ativistas quererem o fechamento. “Nós, da equipe técnica, eu ressalto, queremos propor melhorias, a região de Taboão da Serra já é carente, é um parque muito bonito, gratuito, onde famílias vêm passar o fim de semana. Só que os animais têm que estar saudáveis, o único problema é que tem animais doentes em exposição, o que é contra a lei”, afirmou Teodorov.