RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em São Paulo
Foragido há mais de 30 dias para não ser preso, o prefeito eleito de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), está procurando encontrar e inutilizar provas que o incriminem em relação à investigação do Ministério Público de São Paulo de que é alvo. Ney é denunciado por promotores do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado) por tráfico de drogas, associação a facção criminosa e lavagem de dinheiro, procurado desde 9 de dezembro, quando o MP deflagrou a ação.
Ney teve a prisão decretada pela Justiça de Embu das Artes, que acatou pedido do Gaeco. Os promotores executaram 63 mandados, 49 de busca e apreensão e 14 de prisão – sete pessoas foram presas e sete continuam foragidas, entre elas Ney. Devido à denúncia, ele foi impedido de tomar posse como prefeito eleito, no dia 1º. Como parte da campanha da chapa foi paga com dinheiro ilícito, de acordo com o MP, o vice Dr. Peter (PMDB) também não pôde assumir o cargo.
Na denúncia do Ministério Público resultado da operação Xibalba (submundo governado por “senhores malignos”, na mitologia maia), os promotores afirmam que “é certo que Claudinei Alves dos Santos [verdadeiro nome de Ney] há mais de dez anos constitui, de forma criminosa, verdadeiro império, tendo como objetivo principal, além do conforto e luxo que lhe proporciona o dinheiro ilícito angariado, o seu ingresso no Poder do Estado” – Câmara Municipal e prefeitura.
Entre os crimes, Ney responde por liderança da organização criminosa, cuja pena vai de 2 a 8 anos, e a prática, em 130 ocasiões, de lavagem de dinheiro, cuja pena prevista em lei para cada fato é de 3 a 10 anos. Os demais 13 denunciados são réus pelos mesmos delitos. O MP pede que a população ajude a encontrar Ney e os outros foragidos – orienta que qualquer informação sobre o paradeiro deles pode ser comunicada ao Disque Denúncia, através do número 181.
Conforme apurou o VERBO, Ney, de onde está escondido, busca material crucial que custaria não só o próprio futuro político, mas também pessoal, com nulas chances de ser julgado inocente. A reportagem não conseguiu identificar o tipo de documento, mas Ney, com grande receio de que chegue às mãos dos promotores do Gaeco, está atrás do conteúdo “comprometedor” e que “seria o fim dele”, admite o próprio Ney em conversas com assessores “íntimos”.
Escondido “por perto”, Ney mantém contato direto com os comandados e monitora cada passo do governo do aliado prefeito interino Hugo Prado (PSB). “O Hugo só faz o que ele determina, não é à toa que o Joel assumiu a secretaria, ele é a ponte entre Ney e o prefeito interino”, disse um interlocutor, ao se referir a Joel Matos, nomeado chefe de Gabinete de Hugo, advogado e amigo pessoal do prefeito eleito foragido. O VERBO procurou Matos, mas ele não respondeu.
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“com nulas chances de ser julgado inocente”. Então vocês do Verbo já tem o veredito? Que matéria imparcial, tendenciosa
Prezado leitor, a avaliação de que a prova descoberta resultaria em nulas chances de ser julgado inocente partiu do staff de Ney Santos, tanto que o réu tenta se apoderar e inutilizar o material em questão – o VERBO apenas repercutiu a avaliação.