RÔMULO FERREIRA
Redação do VERBO ONLINE
Com 28 anos de idade e vereador pela primeira vez, Hugo Prado (PSB) foi eleito presidente da Câmara e se tornou prefeito interino de Embu das Artes, em sessão de posse neste domingo (1°). Ele assumiu o governo da cidade com a suspensão da diplomação (condição para exercer cargo público) do prefeito eleito Ney Santos (PRB), que teve a prisão decretada, denunciado por tráfico de drogas, associação a facção criminosa e lavagem de dinheiro. Ele está foragido.
Ney virou alvo de ação criminal, investigado por promotores do Gaeco (grupo de combate ao crime organizado), do Ministério Público de São Paulo, mas com reflexo na Justiça Eleitoral, daí ter tido a suspensão da diplomação, decisão que afetou também a condição de eleito do vice Dr. Peter (PMDB), que não pôde também assumir a prefeitura. É que parte da campanha eleitoral da chapa, que inclui Dr. Peter, foi financiada com dinheiro do crime, de acordo com o MP.
Hugo deverá responder pela prefeitura até a sentença da ação de investigação eleitoral e, em caso de procedência e trânsito em julgado (decisão final) pela condenação de Ney, até nova eleição e posse dos novos eleitos, prefeito e vice – a Lei Orgânica (Constituição) de Embu prevê a convocação de novas eleições após 90 dias do cargo vago. Nos discursos na cerimônia, o prefeito interino fez questão de defender o “líder” e dizer que torce para que Ney tome posse em breve.
“Eu fui eleito vereador para estar aqui na Câmara Municipal. Eu não fui eleito prefeito. O meu cargo hoje é de vereador. Infelizmente o que está acontecendo em nossa cidade deixa, não só a minha pessoa triste, mas a cada munícipe, que muitas vezes nem tem a condição de ter saído da sua casa. É uma indefinição, é uma insegurança, é uma instabilidade. […] Eu sonhei para chegar esse momento ao lado do homem [Ney] que incansavelmente lutou por essa cidade”, disse.
“A você Ney Santos, você é o prefeito da nossa cidade, você foi eleito e escolhido pelo povo. A mim, coube a missão, escolhido pelos meus pares vereadores, e enquanto durar essa situação de estar a frente da administração municipal, vocês podem ter certeza que irei fazer o meu melhor”, discursou ainda Hugo, certo de que Ney assistia online à posse. Ney foi eleito com 79,45% dos votos válidos, mas praticamente por “WO” com os votos de Geraldo Cruz (PT) anulados.
Do grupo político de Ney e apesar da defesa incessante do aliado, Hugo disse não ter condições de falar sobre as acusações do Gaeco contra Ney – a toda instante, ele era assessorado pela equipe do prefeito foragido. “É uma situação que entra na questão criminal, e não tenho os dados para entrar nessa seara. O que posso falar é sobre o trabalho do Ney, quanto eu vi ele se esforçar por essa cidade, perder noites de sono para construir esse projeto político”, disse.
Ausente do ato de posse para não ser preso, Ney enviou uma carta que foi lida por um assessor no início da cerimônia – conduzida por aliados -, em que voltou a negar as acusações – que afirma serem as mesmas de 2010 – e dizer ser vítima de perseguição. “Me acusam de ter envolvimento em crimes, por que não aceitam a ideia de que um menino que veio da periferia possa ser bem sucedido e principalmente possa governar a cidade em que cresceu”, diz ele em trecho.
Ney alega que não se entregou por temer pela própria vida. “Em breve me apresentarei a justiça, ainda não o fiz por que temo ate mesmo pela minha vida, pois não sabemos ate onde pode ir a covardia dos meus adversarios. E muitas partes dessa acusação ainda não ficaram claro para mim”, diz. Algumas pessoas levantavam cartazes “#Confio No Ney”. Outras o vaiavam – do lado de fora, faixas padronizadas indicavam terem sido feitas pela equipe do prefeito foragido.
MESA-DIRETORA
Na sessão que foi conduzida pela vereadora Rosângela Santos (PT) por ter sido a mais votada (3.356 votos), Hugo foi eleito quase que por unanimidade. Com a ausência de Dra. Bete (PTB), em recuperação de cirurgia, apenas Rosângela, que votou em si para presidente, e Júlio Campanha (PRB), que se absteve, não escolheram o candidato indicado por Ney – apesar de ser da mesma sigla de Ney, Júlio contrariou a “determinação” por ser descartado para mesa-diretora.
A mesa-diretora para o biênio 2017-2018 ficou: Hugo Prado (PSB), presidente; Carlinhos do Embu (PSC), vice-presidente (exerce a presidência da Câmara enquanto Hugo estiver à frente do Executivo); Edvânio Mendes (PT), 1º-secretário (depois de aliados de Ney cederem em composição com PT); Danilo Alves Daniboy (DEM), 2º-secretário; e Jefferson do Caminhão (PSDB), 3º-secretário. Para vaga de Hugo na Câmara, o suplente Marcão do Vista Alegre (PTC) foi convocado.