Itapecerica tem debate com troca de acusações na disputa pela prefeitura

Especial para o VERBO ONLINE

PEDRO HENRIQUE FEITOSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra

Acusações, ataques, três ausências e propostas de melhorias para Itapecerica da Serra marcaram acalorado debate com os candidatos a prefeito na quinta-feira (22) no Santuário Nossa Senhora dos Prazeres e Divina Misericórdia, transmitido ao vivo pela internet. Estiveram presentes Dr. Osse (Rede), Prof. Elias (PSOL), Dr. Nakano (PDT) e Prof. Zé Maria (PMB). Alex Pires (DEM), Erlon Chaves (PHS) e Jorge Costa (PTB) também foram convidados, mas não apareceram.

No primeiro bloco, os candidatos responderam sobre suas prioridades para Itapecerica. Logo de cara, começaram as estocadas. Zé Maria lamentou as ausências, principalmente de Jorge Costa. “Ele menospreza a concorrência, acha que já ganhou a eleição. O grupo politico dele governou por três vezes a cidade e ele não veio nos enfrentar”, disse. Depois, disse que priorizará a saúde com a criação de policlínicas, um especial para mulheres, e informatização do sistema.

Dr. Osse (Rede), Prof. Elias (PSOL), mediador, Dr. Nakano (PDT) e Prof. Zé Maria (PMB) presentes ao debate

Nakano também prometeu priorizar a saúde com implantação do programa Saúde da Família, de visitas em domicílio. Já Dr. Osse afirmou que pretende fazer a cidade se tornar geradora de empregos. Prof. Elias disse que terá como foco o combate à corrupção, já que o desvio de dinheiro público interfere em todas as necessidades do município. No ano passado, vereadores, assessores e funcionários da Câmara foram presos pelo desfalque de pelo menos R$ 2,5 milhões.

No segundo bloco, os quatro candidatos responderam perguntas enviadas pela internet. Algumas geraram tensão e até constrangimento. Dr. Osse deve que explicar por que prestou concurso para a prefeitura, mas não tomou posse. Zé Maria foi questionado se seria um prefeito confiável por se envolver no escândalo na Câmara e chegar a ser preso. Ele se disse vítima de armação política e que no processo de seis mil páginas seu nome aparece em apenas cinco linhas.

Nakano também encarou uma saia susta quanto a rumores de que teria cobrado para ser vice de outro candidato. Ele disse que as acusações são mentirosas. Elias apontou que Jorge Costa é apoiado pela maioria dos que foram presos pelo escândalo. “Isso mostra o caráter dessa candidatura. Uma base de apoio toda envolvida em corrupção e uma diferença econômica gigante das outras campanhas. Esses candidatos enriquecem enquanto a cidade se acaba”, disse.

Quando deixaram a troca de farpas e falaram sobre propostas, Zé Maria disse que Itapecerica terá os CEUs (escolão). Nakano prometeu priorizar as crianças com deficiência e valorizar os professores. Osse respondeu sobre segurança pública prometendo aumentar o efetivo da GCM (Guarda Civil Municipal), que poderá chegar a 210 homens. Na mesma área, Elias disse que investirá em iluminação pública, GCM dentro dos bairros e na criação de uma delegacia da mulher.

O terceiro bloco, de perguntas entre os candidatos, com direito a réplica e tréplica, foi o mais tenso. Elias e Zé Maria criticaram o atual governo ao projetar possível aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 241, que mexe com a arrecadação das prefeituras. Elias disse que a PEC pode congelar investimentos dificultando a futura gestão. Zé Maria disse que com a lei em vigor Itapecerica precisará de mais apoio federal e estadual e a cidade tem muitas dívidas.

Osse protagonizou dois momentos quentes. Ao questionar Nakano, descendente de orientais, sobre alianças políticas, disse que a etnia tem relação com corrupção ao apontar desvios no Japão. Nakaro respondeu que o que determina uma pessoa ser corrupta é o caráter e que fez alianças com quem considerou ser o melhor naquele momento. Na réplica, Osse citou a bíblia e alertou eleitores católicos de que por mudar sempre de aliados Nakano não era confiável.

Depois, Osse indagou Zé Maria se alguém que esconde bens pode ser prefeito, em alusão a Jorge Costa, acusado frequentemente da prática. O candidato do PMB afirmou que uma pessoa assim não é preparada sequer para cuidar da própria família, que bens são escondidos pela origem ilícita e que podem ter vindo de obras superfaturadas. Em réplica, Osse disse que, se não for eleito, deseja ver na cadeira de prefeito uma pessoa íntegra, cristalina e competente.

Ao se questionarem como resolveriam os problemas de Itapecerica, os candidatos apresentaram algumas ideias parecidas, como quando Nakano e Zé Maria concordaram em valorizar os professores para melhorar o nível de aprendizado na cidade. Já no debate com Osse sobre saúde pública, Nakano discordou na questão de a pasta deixar de ser autarquia e se tornar secretaria. Os quatro postulantes também debateram sobre lazer, transportes e segurança.

Nas considerações finais, os quatro candidatos se revezaram em agradecimentos a família e aos aliados, críticas aos adversários ausentes, afirmações de que a cidade está abandonada e precisa de mudanças, e promessas de prisão aos corruptos. Promovido pelo jornal “O Católico”, do santuário, o debate entre prefeituráveis de Itapecerica foi o segundo realizado. Segundo a produção, estará no You Tube e poderá ser assistido pelos eleitores quantas vezes desejarem.

Ao final, o padre Alberto Gambarini avaliou que o debate foi positivo e que o clima quente entre os participantes não atrapalhou. “Na política é normal as pessoas tentarem questionar alguma coisa da vida do candidato. A politica é o meio que temos à disposição para que toda a população participe do bem do município. As pessoas que vão ser eleitas vão administrar o nosso patrimônio, por isso é importante um voto consciente”, disse o pároco do santuário ao VERBO.

 

comentários

>