ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Um dos aliados mais “fiéis” do candidato a prefeito de Embu das Artes Ney Santos (PRB), o vereador Clidão do Táxi não se importou de ser o líder do prefeito Chico Brito (sem partido) na Câmara e acusou, sem qualquer constrangimento, o próprio governo de “perseguir” o postulante à sucessão municipal que apoia, na sessão na última quarta-feira (31). Ele se manifestou em meio a outra situação inusitada, o prefeito retirar o veto após ter assinado a rejeição a lei aprovada.
Após leitura de ofício em que o Executivo comunicava a retirada o veto, o vereador Júlio Campanha, coautor do projeto, enalteceu o ato e gesto de Clidão. “Agradeço ao líder do governo por ter intercedido junto ao prefeito, que suspendeu o veto, e agora manda para esta Casa a lei no todo aprovada”, disse. “Esse projeto é meu e seu, a gente agradece o prefeito por ter respeitado este parlamento e o líder do governo por ter feito esse encaminhamento”, reforçou Ney.
Clidão pediu a palavra e fez fala surpreendente, como simples correligionário de Ney, ao sugerir que o governo Chico é aliado e não deveria ter tal postura ou insinuar ação de petistas na prefeitura. “O prefeito não entendeu porque fizeram esse veto. É sinal que o senhor é perseguido até dentro da própria administração, mas Deus está com você e está com nós, vamos à vitória”, disse. Ele, que deixou o PC do B, aliado histórico do PT, Júlio e Ney trocaram de partidos pelo PRB.
“É isso aí, está certo”, disse Ney, concordando com fala de Clidão sobre “perseguição”. Antes, Ney tinha criticado o juiz Gustavo Sauaia por ter tido a candidatura a prefeito indeferida, por compra de votos em 2012 – recorreu ao TRE-SP e passa a constar como “indeferido com recurso”. Ele disse não saber “qual é a cabeça” do juiz de Embu ao “ir contra a decisão de um superior dele”, efeito suspensivo dado pelo presidente do TRE-SP. Sauaia cobrou no mínimo “respeito”.
Após fazer acordo com Chico para chegar à presidência, entre outros benefícios, Ney tentava se desvincular da imagem do aliado por conta de o governo ter reprovação da população e chegou a desqualificar e mandar atacar o prefeito às escondidas. Cansado da investida, Chico divulgou vídeo em que diz que Ney tem o apoio de oito de 18 secretários e ao falar que não tem nada a ver com o governo “está mentindo”. Se mente na campanha, imagina se for eleito, rebateu.
Apesar do “fogo amigo” do líder do prefeito, o veto à lei que cria câmara técnica e fundo municipal para preservação do patrimônio histórico, artístico e natural teve justificativa técnica, de inconstitucionalidade, por ser matéria reservada ao Executivo, conforme apurou o VERBO junto à prefeitura. Procurado, o governo, oficialmente, não respondeu. No ofício lido, Chico, apesar de ter primeiro assinado, diz, laconicamente, que “foi encaminhado de forma equivocada o veto”.