Papa pede atenção aos anseios do jovem para que tenha pleno desenvolvimento

Especial para o VERBO ONLINE

DA REDAÇÃO

Papa-e-Dilma-2Após receber calorosa recepção de cariocas e peregrinos nas ruas da capital fluminense e retribuir com acenos aos fiéis e beijos em crianças, o papa Francisco participou de cerimônia de boas-vindas do governo do Brasil e ao iniciar o primeiro pronunciamento no país pediu “licença para entrar no coração dos brasileiros”, revelando que veio participar da Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Papa e Dilma 2Em discurso humilde e límpido, disse não ter “ouro nem prata” para oferecer, mas o que recebeu, o ensinamento de Jesus Cristo, reverenciou a madre América Latina, venerou Nossa Senhora, e desejou que os brasileiros dos quatro cantos do país se sintam abraçados pelo papa – em 10 minutos (tempo ideal para uma boa homilia), o pronunciamento foi agradável de se ouvir pela ternura no tom das palavras e feição afável do pontífice de 76 anos, que, porém, não aparentou cansaço.

“Aprendi que para ter acesso ao povo brasileiro é preciso ingressar pelo portal do seu imenso coração. Por isso, permitam-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta. Peço licença para entrar e transcorrer esta semana com vocês. Não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”, disse Francisco.

“Venho em seu nome, para alimentar a chama de amor fraterno que arde em cada coração. E desejo que chegue a todos e a cada um a minha saudação: a paz de Cristo esteja com vocês!”, prosseguiu. Em seguida, saudou com deferência a presidente Dilma Rousseff e as outras autoridades presentes e convidados em agradecimento à acolhida.

Ele dirigiu ainda palavra de afeto aos bispos, “sobre quem pousa a tarefa de guiar o rebanho de Deus neste imenso país, e às suas amadas Igrejas particulares [dioceses]”. “Esta minha visita outra coisa não quer ser senão continuar a missão pastoral própria do bispo de Roma de confirmar os seus irmãos na fé em Cristo, de animá-los a testemunhar as razões da esperança que dEle vem e de incentivá-los a oferecer a todos as inesgotáveis riquezas do seu amor”.

Francisco observou que sua presença no Brasil transcende as fronteiras do país já que veio para a JMJ. “Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem aconchegar-se no seu abraço para, junto de seu coração, ouvir de novo o seu potente e claro chamado: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’”, disse, em referência ao lema da Jornada.

“Cristo abre espaço para eles, pois sabe que energia alguma pode ser mais potente que aquela que se desprende do coração dos jovens quando conquistados pela experiência da sua amizade. Cristo ‘bota fé’ nos jovens e confia-lhes o futuro de sua própria causa: ‘Ide, fazei discípulos’. Ide para além das fronteiras do que é humanamente possível e criem um mundo de irmãos”, falou, usando expressão de jovens católicos do país.

“Também os jovens ‘botam fé’ em Cristo. Eles não têm medo de arriscar a única vida que possuem porque sabem que não serão desiludidos”, continuou. Ele disse ter consciência de falar não só aos jovens, mas também “às suas famílias, às suas comunidades eclesiais e nacionais de origem, às sociedades nas quais estão inseridos, aos homens e às mulheres dos quais, em grande medida, depende o futuro destas novas gerações”.

“Os pais costumam dizer por aqui: ‘os filhos são a menina dos nossos olhos’. Que bela expressão da sabedoria brasileira que aplica aos jovens a imagem da pupila dos olhos, janela pela qual entra a luz regalando-nos o milagre da visão! O que vai ser de nós, se não tomarmos conta dos nossos olhos? Como haveremos de seguir em frente? O meu auspício é que, nesta semana, cada um de nós se deixe interpelar por esta desafiadora pergunta”, completou, em mais um recurso a termos brasileiros.

O papa não fez menção direta aos protestos públicos recentes no país, protagonizadas por milhares jovens, mas ressaltou que a juventude “é a janela pela qual o futuro entra no mundo”, daí que impõe grandes desafios, em mensagem considerada de defesa dos anseios dos jovens e de direitos e políticas sociais a que têm direito e advertência às autoridades para que correspondam às expectativas manifestadas nas ruas.

“A nossa geração se demonstrará à altura da promessa contida em cada jovem quando souber abrir-lhe espaço; tutelar as condições materiais e imateriais para o seu pleno desenvolvimento; oferecer a ele fundamentos sólidos, sobre os quais construir a vida; garantir-lhe segurança e educação para que se torne aquilo que ele pode ser; transmitir-lhe valores duradouros pelos quais a vida mereça ser vivida, assegurar-lhe um horizonte transcendente que responda à sede de felicidade autêntica, suscitando nele a criatividade do bem; entregar-lhe a herança de um mundo que corresponda à medida da vida humana; despertar nele as melhores potencialidades para que seja sujeito do próprio amanhã e corresponsável do destino de todos”, declarou.

Francisco pediu a todos a “delicadeza da atenção e, se possível, a necessária empatia para estabelecer um diálogo de amigos”. “Nesta hora, os braços do papa se alargam para abraçar a inteira nação brasileira, na sua complexa riqueza humana, cultural e religiosa. Desde a Amazônia até os pampas, dos sertões até o Pantanal, dos vilarejos até as metrópoles, ninguém se sinta excluído do afeto do papa”, falou.

Ao final do discurso, lembrou que, “se Deus quiser”, estará também no Santuário de Aparecida para rezar missa com os devotos – como ele – de Nossa Senhora, nesta quarta-feira, dia 24, às 10h30. “Tenho em mente recordar-lhes todos a Nossa Senhora Aparecida, invocando sua proteção materna sobre seus lares e famílias. Desde já a todos abençoo. Obrigado pelo acolhimento!”, disse.

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