ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Itapecerica da Serra
O ex-vereador Zé Maria foi oficializado pelo PMB (Partido da Mulher Brasileira) candidato a prefeito de Itapecerica da Serra em convenção na última sexta-feira (5) no auditório da Secretaria da Cultura (centro). Zé Maria se defendeu sobre a investigação de desvio de dinheiro público da Câmara em que chegou a ser preso e motivou apoiadores e candidatos a vereador para a disputa ao dizer que “vai ter muita gente grande impedida de se candidatar” por problema jurídico.
Vereadores, ex-vereadores, servidores e ex-funcionários da Câmara foram presos em novembro do ano passado e permaneceram encarcerados por quase quatro meses acusados de desvio apenas em 2013 de cerca de R$ 2,5 milhões do Legislativo – soltos com habeas corpus, o processo segue. Em busca de superar o desgaste na corrida à prefeitura, Zé Maria questionou a condução da investigação pelo Ministério Público e disse que foi vítima de uma “prisão política”.
“Prisão não impede [de ser candidato], ainda mais se for prisão política. Alguém aqui tem dúvida, quer ler o processo? De seis mil páginas, a parte sobre mim tem cinco linhas. Lá diz que o Zé adiantou o salário. Não é crime isso, 90% dos servidores públicos – o eleito é um servidor – adiantam o salário. É legal, peguei convencido pela direção [da Câmara]. A mulher [diretora] me citou de forma positiva, disse que o Zé devolveu, e falou que sou candidato a prefeito”, criticou.
Ele se comparou a líderes e disse que ser preso é uma realidade comum nos lares. “Já ouviram dizer que o Zé Maria não ganha porque foi preso? Aqui no vizinho, Embu, Ney Santos não foi preso e não está para ganhar a eleição lá? Lula não foi preso e não ganhou? Dilma não foi presa e não ganhou? Mandela, Gandhi. Quem aqui é católico? Paulo e Pedro foram presos, e o povo adora santos. Desafio qualquer um aqui ou vizinhos se na família não teve alguém preso”, disse.
Zé Maria avaliou que perdeu a eleição à prefeitura em 2012, ainda no PT, “por diferença pequena, porque a eleição foi fraudada, foi parar em Brasília”, sobre o processo de compra de votos em que o prefeito Jorge Costa (então PMDB) disse a estagiários que continuariam na prefeitura se votassem em Amarildo Chuvisco (PMDB). Ele disse que 70% dos candidatos a vereador que lançou “receberam dinheiro” para votar no atual prefeito e que o tipo de prática persiste.
“Agora, sábado [retrasado], enquanto tinha convenção aqui [de Jorge], era [cabo eleitoral] passando WhatsApp dando números [cifras], dizendo ‘chega junto que vamos’. Nossa resposta sempre foi que não fazemos esse tipo de negócio. Estive 28 anos num partido onde aprendi isso, mas, infelizmente, nele também começou a se fazer assim, o que me fez sair”, disse, sobre o PT, que deixou em 2015. “Eu só não tenho mais partidos aqui porque não tenho dinheiro”, afirmou.
Ele considerou, porém, que “no quadro eleitoral que está desenhado ninguém está garantido”, ao citar o prazo final de registro de candidaturas. “Verão o que vai dar dia 15, não estou jogando praga nem desejando mal a ninguém, mas vai ter muita gente grande impedida de se candidatar, não porque entramos na Justiça. O outro lado acha que já ganhou a eleição. Não é porque tem toda a máquina do lado que vai ganhar a eleição. Não vai ganhar, algo me diz isso”, disse.
“Eu entro nas quebradas do Valo Velho, Jacira, Analândia, mas o outro lado não entra. O eleitor quer olho no olho, quer ouvir de você, não quer nada plagiado, eletrônico. E vamos deixar comprar voto? Não. Eles não sabem a surpresa que vão ter, queremos ganhar na urna, mas também no jurídico, temos dois advogados aqui, e tem vocês com filmadora. A disputa vai ser nesse nível”, disse. Sozinho, o PMB lança 13 candidatos a vereador (oito homens e cinco mulheres).
Ele disse estar preparado para administrar. “O outro [Jorge] disse saber fazer política e eu não. Se ele administrasse bem, não tinha escola de lata no Jacira, não ia gastar R$ 15 milhões comprando mansão para deixar cheio de mato”, disse. Ele sugeriu como candidata a vice Alaides Cabelereira. “Deus permita que se a gente chegar lá eu tenha você como um braço direito para trabalhar comigo, não tenho nada a oferecer, a não ser a minha vontade de fazer”, disse.