RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador de Embu das Artes e pré-candidato a prefeito Ney Santos (PRB) tenta se descolar da imagem de Chico Brito e diz que como presidente da Câmara tem apenas uma “relação institucional” com o chefe do Executivo. Mas Ney passou os dois últimos anos aos elogios a Chico e chegou a receber na casa da mãe para comemorar a eleição para comandar o Legislativo o próprio prefeito, o “mentor” da vitória do vereador, em flagrante união de ambos.
Ney foi eleito vereador pelo PSC coligado com PSDB, mas fez oposição ao governo só no primeiro ano de mandato. Sem obter melhorias sobretudo para o reduto eleitoral, Valo Verde, e sem perspectivas para o “projeto” de ser prefeito de Embu, Ney se aliou a Chico. Já Chico fez acordo com Ney para derrotar Geraldo Cruz a prefeito e ter sobrevida para futura candidatura em Embu, além de garantia de aprovação de matérias como as contas do governo rejeitadas por má gestão.
Ney aceitou os “termos” de “estar junto” com Chico e ainda em 2014 fez aceno simbólico, em inauguração no Valo Verde, ao parar de dizer ter sido cassado por ação do prefeito para insinuar que o juiz de Embu estava a serviço de Geraldo. Foi o bastante para Chico passar a atender o novo aliado. Ele orientou os vereadores da base a eleger Ney novo presidente da Câmara e enquadrou os petistas na Casa a não se opor se não quisessem ter dificuldades no governo.
Conforme apurou o VERBO, logo após ser eleito presidente, em 20 de dezembro de 2014, Ney recebeu Chico com festa na casa da mãe e bem à vontade, de camiseta, serviu almoço para o prefeito, sentado ao lado de Ney, em deferência muito além de uma “relação institucional” – na cabeceira da mesa, Ney estava cercado de aliados e correligionários mais próximos, entre eles o assessor informal Celso Vasconcellos, bastante esfuziante, que hoje posa de crítico ao prefeito.
Em maio de 2015, já destacado no palco de inauguração de obra de Chico, Ney chegou a defender que Chico ficasse mais dois anos à frente da prefeitura, ponto aventado em reforma eleitoral discutida então em Brasília. Já em fevereiro deste ano ao ser cassado pela terceira vez, Ney fez o mais duro ataque ao PT, mas não só poupou, como elogiou Chico, apesar de o prefeito continuar no PT e ser o grande autor do processo contra ele. “O prefeito Chico Brito faz um ótimo trabalho”, disse.
Em ato ainda mais emblemático da união entre Ney e Chico, em 6 de abril deste ano o presidente da Câmara conduziu aprovação de contas do governo Chico de 2012, apesar de contundente parecer do Tribunal de Contas do Estado pela rejeição por grave descontrole financeiro – o mesmo que hoje paralisa ou atrasa obras. Apenas um dia depois, Chico anunciou a saída do PT ao alegar não poder apoiar exclusivamente o pré-candidato Geraldo para ajudar Ney.
Depois de mais de dois anos de aliança, Ney tenta agora, a três meses da eleição, se descolar do aliado por Chico ter alta “rejeição”. Ney se “esconde” e não ataca, mas manda aliados dizerem que Chico e Geraldo “estão juntos”. Ironicamente, quando se dizia que o apoio de Chico era a Geraldo, o coordenador da campanha de Ney, Fabio Pereira (PMDB), disse: “É apoio de araque”, indicando que Chico ia apoiar Ney. Ney oficializa candidatura a prefeito em convenção neste domingo.