Em Taboão, cônsul da Bélgica prestigia alunos do Edgard ‘delegados da ONU’

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

O cônsul-geral da Bélgica no Brasil visitou na noite desta quinta-feira (30) uma escola estadual em Taboão da Serra, a EE Edgard Francisco, no Jardim Guaciara (região do Pirajuçara), para se encontrar com alunos de ensino médio numa rica atividade escolar. Charles Delogne acompanhou apresentação e debate dos estudantes sobre a organização política e social de países a partir de diversos temas atuais e polêmicos como terrorismo e punição ao adolescente infrator.

Desenvolvido pela EE Edgard desde o começo do ano, o projeto “Debates Diplomáticos – ONU” consiste em abordar temas da atualidade em âmbito internacional em uma simulação das discussões de delegações de países na ONU (Organização das Nações Unidas) – dois grupos de alunos ficam em mesas frente a frente e expõem posições da nação que representam sobre o assunto tratado e questionam um ao outro sobre pontos controversos de cada política.

“Os países abordados foram escolhidos a partir dos temas, levantamos algumas questões como terrorismo, Estado Islâmico, maioridade penal, corrupção, aquecimento global, crise migratória. A partir disso, fizemos levantamento de alguns países para poder criar os debates dentro dos territórios. Buscamos em todos os grupos escolher países contrários para surgir o debate”, disse o professor Alexandre Santos, de filosofia, idealizador do projeto na escola.

O projeto é revelador de que o ensinar não precisa se limitar a lousa. “Criamos a ideia já fechada com algumas questões textuais, habilidades, competências para que o aluno tivesse visão crítica, não só da sociedade enquanto Taboão da Serra-São Paulo-Brasil, mas de forma global. Lançamos o projeto, já analisando se os alunos conseguiriam acompanhar a proposta discursiva, de leitura. Foi dado o desafio, vimos que era possível e abraçamos a causa”, disse.

Idealizado em especial para o 2º ano do ensino médio e com participação dos professores Leandro Freitas (sociologia), Mauro Franco (geografia), Wagner Klain (física), José Alexandre (português), do coordenador pedagógico Jean Francalino e da vice-diretora Sonia Santos, o projeto se conclui com as apresentações, que começaram segunda e terminam hoje (1º). “Teremos debate sobre Boko Haram, um dos piores regimes terroristas da atualidade, na Nigéria”, disse Santos.

Nesta quinta-feira, membros da OAB de Taboão estiveram entre os “observadores” da “sessão da ONU”. “É legal ver os alunos saírem do básico, aprofundarem as discussões e terem as próprias opiniões sobre o que está acontecendo no mundo”, disse o advogado Edilson Albuquerque. Os dois primeiros grupos discutiram a tragédia dos refugiados, com “delegados” de Somália e Turquia. As “representações” de Etiópia e Bélgica se debruçaram sobre a maioridade penal.

Recebido pela diretora Silvia Garcia, o cônsul elogiou a ideia da escola. “Quero parabenizar esse projeto de simulação de uma discussão internacional. Para os jovens é uma etapa muito importante na educação, de poder entender que vários povos podem discutir temas muito técnicos apesar de culturas diferentes. Para mim, é muito claro que os brasileiros vivem num país muito legal, mas existem outros países, às vezes, legais também”, disse Charles Delogne.

Ele enalteceu o empenho dos alunos. “As pesquisas nem sempre são fáceis, para começar falar de um país que não se conhece. Encontrar informações técnicas detalhadas não é uma coisa fácil”, discursou. Ao VERBO, Delogne disse que a iniciativa transcende a escola. “É uma educação ao civismo, de abertura a outras civilizações, outras culturas, outros povos”, afirmou. Ele esbanjou simpatia. “Encontrar os brasileiros é sempre um momento muito agradável para mim.”