ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Uma das lideranças mais respeitadas e queridas em Embu das Artes – onde iniciou a organização da população para lutar por direitos básicos e abriu o vasto trabalho social pelo qual é reconhecido no país -, mesmo depois de quase 30 anos que deixou de atuar na cidade, o padre Jaime Crowe disse no sábado (25) reprovar o fechamento da maternidade municipal para reforma e disse que a prefeitura devia ter planejado alternativa de atendimento na própria cidade.

Um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores “histórico”, Jaime classificou a suspensão provisória do atendimento, conforme anuncia a prefeitura, de “lamentável”. “Como proposta do PT, a área da saúde é prioritária. Saúde, educação, transporte sempre foram prioridade para nós”, afirmou. Eleito pelo PT, o prefeito Chico Brito deixou o partido neste ano ao alegar não poder apoiar, “apenas”, o pré-candidato a prefeito da sigla, Geraldo Cruz – contrário ao fechamento.
“Para Embu, com 150 partos [por] mês, é essencial que seja mantida [a maternidade]. Que sejam arrumados recursos para manter. Isso tem que vir do SUS [sistema público], do município também, tem que haver participação [priorizar dinheiro municipal]. Tem que olhar as prioridades em tudo isso”, disse Jaime, que perguntou há quantos anos a maternidade estava funcionando. A unidade foi inaugurada em 2004 pelo então prefeito Geraldo Cruz.
Jaime questionou a cobertura durante a anunciada obra. “Se for para fazer uma reforma, aí tem que ter uma alternativa para cuidar dos partos no município”, disse. O governo Chico disse que as gestantes serão direcionadas para parto em unidades vizinhas. “Pelo que conheço da região, não tem maternidade à disposição, em todos os hospitais a demanda já está acima do que pode atender. Tem que ter mais maternidade, não fechar a que tem”, criticou.
O religioso disse que a prefeitura deveria ter providenciado o serviço em Embu, ainda que com adaptações. “Claro, no próprio município. Tem o centro de saúde [recém-inaugurada UPA] no Santo Eduardo… É imprescindível que seja providenciado um atendimento de emergência enquanto [se] faz a reforma. E a reforma não precisa ser feita toda de uma vez, faça por partes”, disse. A maternidade foi fechada no dia 16 e pegou os moradores de surpresa.
O governo municipal alega que o prédio tem problema que ameaça a estrutura. “Eu não conheço para dizer sim ou não, mas tinha que ter providenciado outro espaço [no município]”, disse Jaime. A gestão diz que o telhado está com infiltrações no primeiro andar, onde funciona a maternidade, e na recepção do pronto-socorro infantil. Afirma que a maternidade será reaberta “até o final de 2016”. Até a primeira quinzena do mês, o prazo era antes – novembro.