Ney diz condenar corrupção, mas votaria a favor de Cunha, réu na Lava Jato

Especial para o VERBO ONLINE

ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O presidente da Câmara de Embu das Artes, Ney Santos (PRB), voltou a declarar no último dia 11 que o governo Dilma Rousseff (PT) foi “corrupto” e que condena a prática de desvio de recursos públicos. Mas, curiosamente, Ney disse que, se precisasse votar em matéria que foi apresentada naquela sessão, votaria a favor do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), denunciado por corrupção e lavagem de dinheiro no escândalo da Petrobrás e réu na Operação Lava Jato.

Vereador Ney Santos (PRB), que disse que votaria contra moção pelo afastamento de Cunha por corrupção

Ney se posicionou durante votação de moção de apoio ao afastamento de Cunha da presidência da Câmara dos Deputados determinado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de autoria do aliado vereador Luiz do Depósito (PMDB). A todo momento da discussão da matéria, Ney ria por causa da iniciativa do colega de apresentar proposição contra um membro do próprio partido. Ele foi o único a declarar votar contra a moção, até aliados se manifestaram a favor.

“A prerrogativa é sua, é o partido no qual você está, você tem mais que colocar a moção, mas seu eu votasse, com todo respeito, eu votaria contra”, disse Ney, que só vota em empate. Ele chamou apenas de “dificuldades” o que pesa contra Cunha. “Esse cidadão, independente das dificuldades que passa, se passar uma peneira em Brasília hoje, não sobra 20 de 700 e não sei quantos, entre deputados e senadores, que tem lá”, falou. O Congresso tem 594 parlamentares.

“Ele foi a única pessoa que teve a coragem de peitar e colocar o dedo na ferida que estava acabando com o povo. Sei que a minha opinião é polêmica, mas ele deu início a um grande projeto de mudança, de salvação do povo. A opinião [de fazer a moção] é sua, mas eu não poderia ficar engasgado”, completou Ney, em dia de abertura no Senado do impeachment de Dilma, a quem se referiu como “governo corrupto, medíocre, que vem destruindo os sonhos do povo”.

Diligente em poupar um réu que responde na mais alta corte do país por desvio de recursos em caso sem precedente na história nacional, Ney colocou em dúvida a própria posição de combater a corrupção e reforçou a percepção de lideranças de atacar o PT só por ser ano eleitoral. Ney concorre à prefeitura de Embu contra um pré-candidato do PT, Geraldo Cruz, principal rival, em disputa que deve ser uma das mais acirradas e tensas em Embu nos últimos 20 anos.

Ney tem sido questionado pelo ataque sistemático ao PT também por alianças no passado. Ney ajudou a eleger Dilma para presidente – cargo para o qual ela se reelegeu. Em 2010, ele entregou aos eleitores material de campanha com a própria foto ao lado da de Dilma, do então presidente Lula e até do ex-prefeito Geraldo, em tentativa – fracassada – de se eleger deputado federal. Ao lado dos petistas, dizia “Vote no time do Lula”. Ele omite, porém, ter apoiado o PT.

Ney em ato anti-Dilma e ao pedir voto na hoje afastada presidente no material eleitoral ao lado de petistas

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