Movimentos e oposição protestam contra ‘desgoverno’ de Fernando em Taboão

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) de Taboão da Serra, membros de outros movimentos sociais e de sindicatos e líderes de oposição ao prefeito Fernando Fernandes (PSDB) protestaram no sábado (30) no centro do município contra o que chamaram de “desgoverno na nossa cidade”. Os cerca de 300 manifestantes se concentraram na praça Nicola Vivilechio e caminharam pela rodovia Régis Bittencourt, que chegaram a bloquear.

Integrantes de movimentos sociais e oposição ocupam a BR-116 no centro de Taboão em ato contra prefeito

Os participantes do ato fizeram críticas generalizadas à gestão de Fernando, expressas em dezenas de faixas. Uma das principais cobranças foi aumento aos funcionários municipais. “Aqui não é roça, é cidade rica, e eles ganham menos que um salário mínimo”, disse Claunir Rodrigues, do movimento Reaja Taboão. “O salário-base do pessoal da Usina é R$ 736. Não dá nem para comprar ovo no final do mês”, disse Plínio, que era de Fernando e trabalhava na Usina.

Do alto de caminhão de som, Eduardo Rijo, do Reaja Taboão, filiado ao PSDB, mas que não apoia Fernando, disse que os servidores não têm aumento, mas “parentes e amigos do prefeito têm altos salários”, ao acusar nepotismo. “Ele prometeu dias melhores, mas enganou o sr. e a sra. O que ele fez foi colocar a família na prefeitura”, discursou a pedestres e motoristas. Depois, afirmou que “faz quatro anos que a família do Fernando mama nas tetas da prefeitura”.

As críticas na área da saúde, porém, foram mais recorrentes. O vereador Moreira (PSD) disse que pais são agredidos no Pronto-Socorro Infantil ao reclamarem atendimento digno e que foi perseguido por Fernando após visitar o PSI lotado no início de abril. “Fomos fiscalizar, e ele fez um BO contra mim por pedir saúde de qualidade. É um governo que mentiu para o povo. Vamos banir esse prefeito da cidade nas eleições neste ano, chega de pinóquio em Taboão”, falou.

A reprovação à gestão Fernando teve eco entre moradores. “Não estou sabendo direito [sobre o ato], ouvi que é sobre a saúde. Acho bom, minha mãe vai pegar remédio no posto. O de convulsão está em falta, o da diabetes nunca tem. Ela [70 anos] passou mal, levei [à UPA] em frente ao shopping, tive que pedir para ela ser medicada deitada. Falaram que não tinha leito, a puseram na sala de gesso. É um absurdo passar por isso”, disse Denise Veras, 40, do Jardim Taboão.

O ex-vereador Paulo Félix, líder do MST de Taboão e outro ex-aliado de Fernando, disse que a situação é insustentável. “O momento exige que a gente vá para a rua lutar pelos nossos direitos, dizer aos que estão no poder, na prefeitura que não podemos aceitar mais os nossos filhos, pais, irmãos morrerem que nem gado no Pronto-Socorro Antena sem atendimento digno”, disse Félix, em alusão às cerca de dez mortes sob forte indícios de negligência médica nos PSs.

Ex-vereador Félix leva a erguer o braço membros de movimentos e oposição dispostos a ‘lutar pelos direitos’

“Não podemos assistir às mães terem de ir trabalhar e deixar os filhos de 7 anos cuidando de irmãos pequenos por não ter creche”, continuou Félix, que frisou que Fernando não cumpriu várias outras promessas de campanha como “bilhete único, um programa específico para moradia popular”. Ele defendeu a passeata, que foi pacífica, apesar de rápido bate-boca entre sem-terra e um motorista. “É o único jeito do pobre, na luta pelos seus direitos, sair na televisão”, disse.

“Este é o primeiro ato para unificar não só as oposições, mas o movimento sindical e o popular. Queremos fazer uma grande frente para cobrar do atual prefeito e dos futuros candidatos demandas dos movimentos, inclusive muita coisa que foi desmantelada nos últimos três anos na atual administração”, disse Félix ao VERBO. Fernando acompanhou uma corrida neste domingo, mas a reportagem não conseguiu falar com o prefeito, que foi embora antes do encerramento.

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