Chamado de ‘traidor’ e ‘ingrato’, Chico anuncia saída do PT para apoiar Ney

Especial para o VERBO ONLINE

ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes

O prefeito Chico Brito anunciou nesta quinta-feira (7) que deixou o Partido dos Trabalhadores, ao alegar não poder apoiar o pré-candidato a prefeito do PT, Geraldo Cruz, por ter compromisso com o arco de partidos que o ajudou a se eleger em 2008 e 2012 e que tem integrantes no governo que apoiam o ex-vereador (recém-cassado) Ney Santos (PRB) à sucessão municipal. Em entrevista coletiva, Chico disse que entrega a carta de desfiliação na manhã desta sexta (8).

Chico disse que ter “gratidão” aos partidos aliados nas eleições “até 31 de dezembro de 2016”, mas era criticado e pressionado por dirigentes e militância do PT a exonerar do governo apoiadores da candidatura adversária. “Eu relutei, resisti, não mandei embora ninguém do arco de aliança por não ter se definido pela candidatura do PT. Hoje, temos ligadas ao governo duas candidaturas, temos secretários e vereadores que apoiam Geraldo, e que apoiam Ney”, disse.

Chico na entrevista em que anunciou desfiliação ao PT para, segundo bastidores, apoiar o pré-candidato Ney

Após “reflexão”, Chico disse ter concluído, porém, que o PT “tem razão ao cobrar que a candidatura do governo seja a que o PT definiu”, mas não preterirá os aliados pró-Ney. “A minha decisão de me desfiliar do PT, que faço oficialmente hoje, é para manter uma isenção. Se eu continuasse no PT, teria, sim, que garantir exclusividade de apoio ao Geraldo. Mas eu não posso mandar as pessoas do meu arco de aliança embora por conta da disputa eleitoral”, afirmou.

“Essas pessoas me ajudaram durante 7 anos e 3 meses, não posso romper um compromisso por conta da conjuntura municipal, não acho justo, não acho correto. Eu prefiro sair do PT, me desfiliar do partido para garantir uma coerência com o arco de aliança. Eu não estou rompendo com o Geraldo. Estou me desfiliando do PT para que eu possa continuar respeitando quem está no governo que apoia Geraldo e quem está dentro do governo que apoia o Ney”, enfatizou.

Chico disse não ter postura de “neutralidade”, mas, curiosamente, de ajuda a Geraldo e Ney. Ele falou que levou o vice-prefeito Nataniel Carvalho Natinha (PTB) a apoiar o petista. “Como estou garantindo espaço para os dois no governo, estou colaborando com as duas candidaturas. Isso nenhum dos dois pode negar, haja vista a articulação que fiz para o grupo do Natinha ir inteirinho apoiar o Geraldo. Se quisesse prejudicar o Geraldo, não teria feito a articulação”, disse.

Chico disse que dos 18 secretários 12 apoiam Geraldo e seis, Ney, e que a decisão de se desfiliar do PT não implica em mudança no primeiro escalão do governo apesar de eventual frustração de auxiliares petistas. “Se depender de mim, o secretariado não muda até 31 de dezembro. É óbvio que para mim também não é a coisa mais tranquila do mundo, o PT foi o meu primeiro e único partido”, disse. Ele contou ter começado a militar em 1983, mas era filiado desde 1996.

Chico disse que não se filiará a outra sigla, que só pensará no assunto no ano que vem. “Na política não existe o ideal. Existe o possível dentro de uma conjuntura. Nessa conjuntura, é essa posição de não ser filiado a nenhum partido para que os dois grupos possam contar com meu apoio. E a disputa eleitoral lá fora cabe a eles, dentro do governo não vou permitir guerra entre secretários”, disse. Ele falou que não irá a atos de campanha de nenhum dos dois candidatos.

O VERBO disse que, após noticiar com exclusividade a desfiliação antes do anúncio, Chico já era tachado por militantes petistas de “covarde” e chamado de “ingrato” pelo presidente do PT de Embu, João Leite, por ter se desfiliado quando o partido enfrenta uma disputa acirrada com candidato eleito na oposição. “A candidatura do Ney é uma candidatura de oposição, sendo que tem gente na base apoiando o Ney? Não é uma candidatura clássica de oposição”, minimizou.

Chico na entrevista em que disse ter aprendido muito com PT, ‘mas também contribuí muito, e não ser ingrato

Chico criticou, sutilmente, Geraldo e rebateu o presidente. “É meia verdade que temos uma candidatura de oposição e uma de situação. Temos duas candidaturas que em alguns momentos são de oposição, em outros, de situação. Eu sou grato ao PT. Aprendi muito com o PT. Mas também contribuí muito com o PT. Uma contribuição de fundo é não deixar formar bloco de oposição na cidade ao governo, senão a situação do PT estaria muito mais delicada, ou não?”, disse.

Chico insistiu que Ney não faz oposição ao governo. O VERBO lembrou que Ney faz ataques ao PT, até então o partido dele. “A conjuntura é extremamente complexa”, esquivou-se. Chamado também de “traidor”, ele se disse pronto para enfrentar os petistas. “Na vida já enfrentei tantas batalhas, será mais uma, estou preparadíssimo. Terão que romper comigo, não vou romper com ninguém, não mandarei ninguém embora, mesmo se forem desagradável comigo”, disse.

O VERBO apurou nos bastidores do governo, porém, que Chico apoiará Ney a prefeito, sem alarde. Chico não se filiará a nenhum partido até dezembro, mas vários quadros ligados a ele deixarão o PT e irão para PMDB – controlado por Chico em Embu – e PRB, respectivamente, maior sigla que apoia Ney e legenda em que ingressou o pré-candidato. Secretários ligados a Geraldo serão levados a deixar o governo ou expulsos, em guerra aberta contra Geraldo e o PT.

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