ANA CAROLINA RODRIGUES
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
O vereador Ney Santos (PSC) faz duras críticas ao PT desde a campanha eleitoral há quatro anos e o primeiro dia de mandato na Câmara de Embu das Artes, em 2013, e radicalizou o discurso contra o governo e líderes do partido nos últimos meses ao assumir a pré-candidatura a prefeito – com ataques em viva voz ou hostilização por partidários e apoiadores. Ney apareceu, porém, ao lado de petistas em panfletos para pedir voto e disse ser do “time do Lula”.
No último dia 24, na Câmara, após ser cassado por compra de votos pelo TRE – e obter liminar –, Ney declarou em público, no ápice da repulsa ao PT, o que vem pregando em reuniões políticas ou partidárias e disse que “o PT nunca mais governará Embu das Artes, esse mesmo PT que está desgraçando a vida de nosso país vai sair de nossa cidade”. Ele foi no domingo (13) ao ato pró-impeachment da presidente e postou fotos com a faixa “Fora Dilma” na cabeça.
Apesar de querer ver Dilma Rousseff (PT) cassada, Ney ajudou a eleger a petista ao pedir voto nela para presidente – cargo para o qual se reelegeu. Em 2010, ele mandou fazer e entregar aos eleitores material de campanha em que estampou a própria foto ao lado da de Dilma, do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e até do ex-prefeito Geraldo Cruz, em tentativa – fracassada – de se eleger deputado federal. Ao lado dos petistas, dizia “Vote no time do Lula”.
Procurado pelo VERBO nesta terça-feira, Ney não respondeu ao e-mail enviado, nem o assessor. No fim de 2013, ele falou, porém, sobre o assunto e se esquivou quanto a “dobrada” com os petistas. “Eu não fiz placa nenhuma, aquelas, quem fez foram eles [do PT], na época”, disse. Ele ressaltou que, “infelizmente, aconteceu isso, sim, eu também vi algumas placas, mas sem a minha autorização”. Ney admitiu, porém, que “a gente quando é candidato quer voto, né?”
Eleitores ouvidos pelo VERBO confirmam que o material foi produzido por Ney. “Recebi em casa”, afirmou um morador de Embu que não quis se identificar. A reportagem ponderou que os “santinhos” poderiam ter sido distribuídos pelo candidato petista da cidade. “Os mesmos que hoje são assessores dele distribuíram. Pergunte para ele se em 2010 não fez coligações dentre elas com o PT, com a presidente Dilma e o ex-presidente Lula? Foi real essa coligação”, afirmou.
Nesta pré-campanha à sucessão municipal, Ney incorporou ao discurso a lembrança de que o pai morreu no antigo Pronto-socorro Vazame, segundo ele, “por negligência médica”, em 2007, em ataque a Geraldo Cruz, que era prefeito à época. Três anos depois, em 2010, porém, Ney não se “lembrou” do que aconteceu com o familiar e surgiu ao lado dos petistas em material eleitoral com exploração da imagem de Lula, que desfrutava de alta popularidade na ocasião.
“É engraçado para não dizer que é cômico isso agora em 2016, Ney Santos fala mal do PT, que Lula é isso e aquilo, que Dilma é isso e aquilo, que Geraldo Cruz é isso ou aquilo. Será que ele e sua péssima equipe de campanha acham que o povo não tem memória? […] E como todos podem ver na foto, ele apoiava Lula, que apoiava Dilma para presidenta e apoiava Geraldo Cruz para deputado estadual”, criticou o morador Ricardo Vasconcelos no Facebook sobre a “dobrada”.