ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
A falta de medicamentos considerados básicos, mas essenciais para o funcionamento de qualquer atendimento de urgência e emergência está revoltando pacientes que procuram o Pronto-Socorro e Maternidade Antena, no Jardim Trianon, em Taboão da Serra. Após ouvir relatos sobre o desabastecimento de remédios, o VERBO foi até o PS na tarde deste domingo (13) e confirmou o problema a partir de informações de moradores que foram atendidos na unidade.
Pacientes contam ter voltado do PS Antena para casa, após consultas com médicos, sem conseguir ter a administração de remédios para dor como Buscopan e simples Dipirona, para hipertensão, caso do Captopril, antibióticos como a Benzetacil, entre outros. “Como pode deixar faltar remédio para a pressão? Um medicamento tão simples, mas que pode salvar a vida de quem tiver um pico de pressão alta”, criticou um paciente que aguardava para ser atendido.
A moradora Marilena Farias, 34, buscou remédio em casa para medicar a mãe que estava internada no Antena. “Ela foi hospitalizada ontem [12], teve um infarto. Estava com a pressão alta e passando mal, a enfermeira do plantão da noite disse que não tinha o medicamento que o médico havia receitado. Fui buscar o medicamento em casa e quando cheguei aqui, eles tinham conseguido arrumar em outro lugar, porque aqui no pronto-socorro não tinha”, relatou.
As críticas se estendem ao “mau atendimento” da equipe médica do PS. “Estou acompanhando meu filho que está com dengue e faz nove dias que está em tratamento. Ele chegou aqui passando muito mal, praticamente inconsciente e não me permitiram entrar como acompanhante. Levaram ele sem documentos e ninguém dava informações. Fiquei horas esperando notícias”, disse uma moradora que preferiu não se identificar com medo de o tratamento ser prejudicado.
Para a cuidadora Isaura Gomes, 57, o Antena é comparável ao Hospital Campo Limpo, onde também já foi atendida. “O atendimento aqui é péssimo, difícil saber onde é pior, se é esse ou o Campo Limpo. Os médicos atendem muito mal, e os enfermeiros também. Já precisei de vários medicamentos e não tinha aqui, inclusive o meu marido morreu aqui nesse hospital há cinco anos por falta de atendimento. Ele teve infarto, chegou vivo aqui, mas não resistiu”, relatou.
“A reclamação é geral. Começa pela falta de educação e desrespeito dos funcionários e médicos até a falta de remédio”, resumiu um paciente. Desde 2014 pelo menos, no governo Fernando Fernandes (PSDB), o Antena “ostenta” casos mais graves ainda, de forte indício de negligência médica, como as mortes de Adriana Andrade, 37, e da bebê que esperava, após o parto, e de Rose Manfrim, 25, com dores no corpo, mas mandada para dermatologista, por um falso médico.
O VERBO procurou a direção do Antena, administrado pela organização privada SPDM. A responsável pelo plantão, Maria do Socorro Carlos, disse não poder dar informações à imprensa. A Prefeitura de Taboão, em nota à reportagem, diz desconhecer a falta dos remédios na unidade. “De acordo com a administração do Pronto-Socorro do Antena informamos que até a presente a data não acusamos falta de medicamentos essenciais conforme relatado”, afirma.