ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Os vereadores da base de apoio ao governo Fernando Fernandes (PSDB) rejeitaram na sessão na terça-feira (2), a primeira no ano, um requerimento que pedia informações sobre as mortes sob suspeita de negligência médica no Pronto-Socorro e Maternidade Antena, apesar de os óbitos terem ocorrido já há pelo menos um ano sem nenhuma explicação por parte da Secretaria de Saúde nem da SPDM, organização privada que gerencia o PS no Jardim Record.
Um dos casos de forte indício de negligência médica foram as mortes de Adriana Andrade, 37, e da bebê que esperava, há mais de um ano, em setembro de 2014. Ela foi submetida a parto normal mesmo depois de o médico do pré-natal ter indicado cesárea. O outro foi o de Rose Manfrim, 25, que apesar de fortes dores pelo corpo foi encaminhada para dermatologista e morreu de parada cardiorrespiratória, em março de 2015. Ela foi atendida no PS por falso médico.
O vereador Moreira (PT) apontou em tribuna que, no total, 12 pacientes morreram por “suspeita de negligência e mau atendimento” no Antena e na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) desde 2013. “E muitos óbitos foram assinados por falsos médicos contratados por uma instituição que ganha a bagatela de R$ 330 milhões por quatro anos de serviços, entre aspas, prestados à cidade. Não vejo por que não aprovarmos o requerimento. Qual é o medo?”, criticou.
O autor do pedido de informações foi o vereador Luiz Lune (PC do B), que de antemão previu que os dez parlamentares governistas seriam contra. “Só queria entender porque alguns vereadores deixariam de votar neste requerimento de tamanha importância, se sequer mexeria com a administração do prefeito, já que a maternidade/pronto socorro onde ocorreram as mortes é administrada pela SPDM, que foi escolhida a dedo por licitação antecipada”, questionou.
Lune disse que não seria difícil para os vereadores votarem a favor. “O prefeito não seria tão rancoroso, daria só uma bronquinha, mas de leve”, ironizou. “Seria bom para a gente resgatar a imagem tão desgastada do político e a saúde levaria um chacoalhão. Afinal, o gordinho não atende ninguém”, afirmou, ao se referir ao superintendente da SPDM, Jorge Salomão. Após audiência em 2015, Salomão fugiu de jornalistas para não responder sobre falso médico no PS.
Marco Porta (PRB), evasivo, disse que para não ser contrário o requerimento deveria ser “retroativo”. “Não estou propondo, mas teria que se estender mais retroativamente, seria mais justo, para que eu pudesse pensar em votar favorável”, disse ele, referindo-se à gestão da saúde do governo Evilásio Farias (PSB), do qual foi secretário. Ele ainda rebateu Moreira e disse que “trem descarrilado” é o governo Dilma Rousseff (PT). O PRB, porém, tem ministério.
Érica Franquini (PSDB) alegou não aprovar o requerimento porque a Comissão da Saúde “já solicitou, e vamos ter esses dados em mãos”, mas não deu prazo. Presidente da comissão, Joice Silva (PTB), que prometeu às famílias empenho para esclarecer as mortes, calou. No fim, Joice, Érica, Porta, Eduardo Nóbrega (PR), Eduardo Lopes (PSDB), Marcos Paulo (Pros), Ronaldo Onishi (SD), André Egydio (PSDB) e Carlinhos do Leme (PP) rejeitaram o pedido de informações.
A mãe de Rose ficou revoltada com a decisão dos governistas. “É abominável. A gente põe filho no mundo, cria com todo amor e carinho para vir um desgraçado [falso médico] tirar a vida da minha filha, e os governantes não querem dar esclarecimentos. Por isso todo mundo tem que pôr no pau mesmo [ir à Justiça]”, disse Janalúcia de Souza, 57, sem ainda nenhuma explicação sobre a morte da filha. “Até liguei para a Joice, mas a infeliz não estava [na Câmara]”, contou.