ANA PAULA TIMÓTEO
Especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
Moradores de Embu das Artes estão revoltados com a decisão do prefeito Chico Brito (PT) de subir a passagem dos ônibus e reclamam da qualidade do serviço prestado pela Coopercav, cooperativa responsável pelo transporte público da cidade – de cerca de 250 mil habitantes. Conforme informou o VERBO com exclusividade, Chico determinou reajuste de 10% na tarifa das linhas municipais, que a partir do dia 25, próxima segunda-feira, passa de R$ 2,90 para R$ 3,20.
Nas ruas da cidade, os passageiros são categóricos em afirmar que o valor cobrado pela passagem é muito alto se levada em consideração a qualidade do serviço oferecido. “Os ônibus demoram muito a passar, fico muito tempo esperando no ponto! Isso eles não levam em conta na hora de aumentar o preço”, diz Lucas Santos, morador do Jardim Valo Verde. O prefeito justificou o aumento alegando que a cooperativa queria uma tarifa bem maior, de R$ 4,50.
O transporte municipal sem o mínimo de conforto não é realidade apenas na periferia de Embu. Vinicius Oliveira conta que é um deus-nos-acuda voltar para casa nos horários de pico. “É praticamente impossível, se não entrar em um dos primeiros pontos do centro da cidade, a gente mal consegue subir no ônibus, lotado e cheio de empurra-empurra. Um desrespeito com a população”, diz o morador do Jardim do Colégio, inconformado com o reajuste do transporte.
“Esse valor é um absurdo, isso porque não pego o ônibus sempre, imagina para quem usa todos os dias. Dependendo de onde eu ia, para não pegar o que vai para Pinheiros que é mais caro, eu escolhia pegar a perua. Agora eu não tenho mais opção, eu tenho que vir a pé”, explica Roseli dos Anjos. O prefeito vai aumentar a tarifa menos de um ano depois da última alta, em 20 de abril de 2015, apesar de não ter reajustado em 2014 – coincidência ou não, ano de eleições.
O diretor da Coopercav Eric Oshima diz desconhecer um lugar do Brasil onde o transporte seja elogiado. “Infelizmente, em todas as cidades vai ter alguma reclamação. Em Embu das Artes, sabemos que tem deficiências e tem muito a melhorar, mas é visível a melhoria que já tivemos de dois anos para cá. Hoje temos 35 ônibus de grande capacidade, nossa meta é atingir 80. Se for olhar os vizinhos, o transporte de Embu se destaca em crescimento e melhorias”, afirma.
Oshima cita a acessibilidade como um dos pontos positivos do transporte da cidade. “100% da nossa frota possui elevador e espaço para cadeirantes”, aponta. Apesar dos possíveis avanços, pelo Plano de Mobilidade Municipal até 2014 toda a frota deveria ser de ônibus em vez do desconfortável micro-ônibus, como anunciou a prefeitura há dois anos e meio. Até o fim de 2015, deveria ter em circulação 58 coletivos grandes – atingiu apenas 60% do prometido.
Oshima afirma que a Coopercav está ciente e vai praticar a nova tarifa decretada pelo prefeito. Na semana passada, uma funcionária disse que a cooperativa não havia sido notificada do reajuste. Ele alegou falha na comunicação interna. “Existe uma tabela, onde todo o Brasil se baseia para o reajuste tarifário, e a nossa tarifa já estava desfasada. Do ano passado para cá, tudo sofreu reajuste, tudo aumentou, o valor é cobrado por quilometragem”, diz o diretor.
Apesar da justificativa da cooperativa, as reclamações não param também nas redes sociais. “É um absurdo pagar esse valor em um transporte. Não temos retornos favoráveis nunca, são veículos ruins, bancos soltos, apertados, janelas emperradas, motoristas e cobradores de mal com a vida, enfim, pagar pra sofrer”, diz a moradora Dalva dos Santos no Facebook. “Um Absurdo! Para andar espremido nas lotações”, resume a insatisfação a internauta Gisa Souza Dias.