ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Cerca de duas mil pessoas, de acordo com os organizadores, saíram às ruas no domingo (6) para protestar contra o “caos” na saúde municipal e cobrar promessas de campanha de Fernando Fernandes (PSDB) que poderiam melhorar a vida da população e resultaram na eleição do prefeito, mas ainda não saíram do papel como a implantação do bilhete único do transporte coletivo, faltando praticamente 12 meses para o fim de quatro anos de governo do tucano.
O protesto denominado “Marcha pela Recuperação de Taboão” aconteceu na região da avenida Cid Nelson Jordano, no Jardim Salete, na periferia, organizado pelo Movimento Reaja Taboão, Movimento das Mulheres Negras, Movimento Sem-Terra (MST) e Movimentos de Moradia Família Feliz – os dois últimos com empreendimentos habitacionais no bairro –, além de vários grupos nas redes sociais de moradores insatisfeitos com o governo Fernando Fernandes.
Os manifestantes carregaram várias faixas e cartazes com reivindicações de melhorias na saúde, sobretudo. Levaram representação de caixões simbolizando as dez mortes, pelo menos, sob suspeita de negligência médica ocorridas no Pronto-Socorro e Maternidade Antena e na UPA Akira Tada em pouco mais de um ano, para sofrimento permanente de famílias, além de seringas gigantes alusivas a denúncia de reutilização do material na UPA veiculada em rede de TV.
Os participantes cobraram também compromissos do prefeito na área de moradia e de infraestrutura urbana não cumpridos como a construção de creche, escola e posto de saúde nas imediações dos conjuntos habitacionais na região, mas priorizaram a reivindicação por serviço de saúde de qualidade. “Os hospitais viraram um açougue, nossa saúde realmente está na UTI”, disse o ex-vereador Paulo Félix, líder do MST de Taboão e ex-aliado de Fernando.
Representante do Reaja Taboão, Claunir Lins disse que o protesto visou cobrar “os dias melhores que não vieram”, ironizando slogan de campanha de Fernando. “A marcha foi uma demonstração da insatisfação principalmente com a saúde. O povo está insatisfeito, não aceita a forma de gestão da atual administração e faz coro com os movimentos na cobrança de propostas até hoje não cumpridas. Por tudo isso, pedimos a saída dele do comando da cidade”, disse.
O protesto foi avaliado como positivo. “Os moradores compareceram, e renderam muitas críticas na saúde e na segurança”, disse Lins, sobre outra área de insatisfação na cidade. O ato teve percurso curto e durou menos de uma hora. “Assim a população tem oportunidade de participar mais e não causaremos transtorno aos demais cidadãos. Mas vamos fazer os atos bairro a bairro, abrindo o microfone para os moradores locais mostrarem sua indignação”, disse.
Participaram também da marcha os vereadores Luzia Aprígio (PSB) e Moreira (PT), o ex-vice-prefeito Israel Luciano e o ex-vereador Aprígio (PSD). “Hoje a cidade está dando o seu recado. O político que não cumprir o programa de governo e faltar com a verdade está sendo cobrado publicamente pelo povo, que vai se lembrar disso no futuro. Espero que os governantes da nossa cidade repensem suas decisões e passem a administrar a cidade com o povo”, declarou Aprígio.
Fernando não comentou publicamente sobre o ato. No Facebook, ele postou, porém, fotos de visita nesta terça (8) à UBS no bairro do protesto. Apesar do sinal de resposta aos opositores, ele recebeu na página alguns elogios tímidos e muitas queixas e críticas, não só em relação ao posto local, mas no Panorama, Parque Pinheiros, Santa Cecília, Santo Onofre, UPA. “Já chegou material pra colher sangue, vai vencer minha guia”, reclama Jailma Carreira sobre a UBS Salete.
