ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
O prefeito Fernando Fernandes (PSDB) recuou e anunciou nesta segunda-feira (7) que não vai mais cortar 75 vagas do projeto “Criança e Adolescente” reclamadas pela organização não-governamental Solar dos Unidos, após reunião na prefeitura com a direção da entidade sediada no Jardim Clementino (região do Pirajuçara). O atendimento infanto-juvenil busca o fortalecimento de vínculos de famílias em vulnerabilidade social e é custeado com verba municipal.
Ao fim do diálogo com membros da entidade e algumas famílias atendidas, Fernando disse que ficou sensibilizado com o depoimento das mães para decidir restabelecer a assistência integral com 175 vagas disponíveis do projeto. Ele reafirmou, porém, que o país atravessa uma crise econômica e repasses de verba do governo federal vêm diminuindo a cada dia. A ONG foi recebida após ir à prefeitura protestar pela segunda vez contra a decisão de corte no atendimento.
Na quinta-feira (3), a Solar dos Unidos realizou uma barulhenta manifestação, encabeçada pelo vereador Moreira (PT), ex-presidente da ONG, em frente ao ginásio de esportes no Jardim Helena enquanto o prefeito participava de uma atividade de fim de ano da Secretaria de Educação para mostrar o trabalho feito por crianças de ensino infantil nas escolas. Uma das entradas foi fechada e na outra guardas municipais fizeram uma barreira com cassetes na mão.
Assessores do prefeito e o ex-vereador Aprígio (PSD), presente, tiveram discussão áspera sobre o local escolhido para o protesto, segundo o “Taboão em Foco”. Encerrada a manifestação – e a tensão –, Fernando foi enfático em dizer, porém, que não havia solução para evitar o corte já que os repasses federais diminuíram muito e que a ONG e famílias deveriam reclamar com a presidente Dilma Rousseff, “que não repassa os recursos que prometeu para nós [Taboão]”.
Ao site, Moreira disse que o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), serviço da prefeitura, “não consegue ter a qualidade de atendimento da ONG” e que o prefeito “se sensibilizou com os pedidos das mães” para manter o projeto integral. É a segunda vez em menos de dois meses que Fernando volta atrás em decisão após pressão da sociedade. Em outubro, ele aceitou revogar proibição de estacionamento após protesto de trabalhadores de cooperativa.
Pelo Facebook, a Solar dos Unidos – associação comunitária fundada em 1972 – celebrou a “vitória”. “Depois de muitas reuniões, debates, votos contrários da maioria dos conselheiros municipais de assistência social à ideia do governo municipal de cortar 75 crianças do projeto ‘Criança e Adolescente’, mobilizações com as mães das crianças em frente ao ginásio de esportes no último dia 3/12 e na prefeitura no dia 7/12 e recebidos pelo prefeito nessa mesma data, os representantes do Solar dos Unidos, junto com uma comissão de mães e acompanhados do vereador Waines Moreira, convenceram o governo da importância da manutenção das 75 crianças e adolescentes no projeto em 2016”, diz.
“Sem luta não há vitória! Obrigado, prefeito Fernando Fernandes, pelo reconhecimento da qualidade dos trabalhos e da importância do Solar dos Unidos na formação e cidadania das crianças e adolescentes da nossa cidade”, finaliza a ONG. “O povo unido jamais será vencido!”, arrematou Moreira – que tem sido criticado até por oposicionistas por supostamente fazer oposição branda por conta de a ONG ter convênios com o governo Fernando.