RÔMULO FERREIRA
Reportagem do VERBO ONLINE, em Taboão da Serra
Cerca de 20 alunos da escola estadual Domingos Mignoni, próxima à delegacia de polícia no centro de Taboão da Serra, ocupam o colégio desde a tarde desta segunda-feira (23) em protesto contra a reorganização escolar determinada pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB). O grupo tem a expectativa de que até 60 estudantes ainda vão aderir ao movimento. Primeira a ser ocupada no município, a unidade não será fechada, mas terá fim de ciclo e transferência de alunos.
A reorganização da rede do governo estadual tem como objetivo a divisão das escolas por ciclos, que acarretará a desativação de fases de ensino ou períodos de aula em muitas unidades e o fechamento de 93 colégios em todo o Estado – parte dos imóveis terá outro fim educacional. Em Taboão, no entanto, nenhuma escola será desativada, mas após protesto de alunos, pais e professores contra o plano inicial de fechar a EE Alípio Oliveira e Silva, no Monte Alegre.
A Secretaria de Educação informa que criará mais 754 escolas de ciclo único, focadas em uma faixa etária específica. No total, 2.197 colégios no Estado passarão a funcionar no novo modelo a partir de 2016. Em Taboão, das dez unidades afetadas pela reorganização, oito terão um único ciclo e duas seguirão com mais de um. Outras escolas podem ter sofrido mudança, já que o governo não informa sobre extinção de EJA (educação de jovens e adultos, ex-supletivo).
Com a medida, a Domingos Mignoni atenderá a partir do ano que vem somente alunos no ensino fundamental do 6º ao 9º ano. Os estudantes que estão no ciclo seguinte ou concluem em 2015 o 9º ano deverão ser remanejados para a escola estadual Wandick de Freitas, que deixará, vice-versa, de ter o fundamental dos anos finais para abrigar só o ensino médio (1º ao 3º ano) – a distância entre as escolas é de 1,5 km, limite prometido pela Secretaria de Educação.
“A nossa preocupação é a questão das salas superlotadas, porque vão ser mais de 50 alunos em uma sala, é quase certeza que vai acontecer”, disse Fabíola dos Santos, aluna do último ano do ensino médio. “A gente fez uma assembleia ontem aqui dentro [da escola] e 99% dos alunos da tarde apoiaram [a ocupação]. Dos que apoiaram, nem todos poderiam ocupar, mas uma grande parcela vai vir”, falou. A escola é uma das mais tradicionais da cidade.
“É uma necessidade nossa, porque aqui se acontecer a reorganização vão fechar o ensino médio e o EJA, é muita história carregada aqui dentro e a gente quer permanecer com isso”, completou Fabíola. No portão, os estudantes estenderam faixa preta com a frase “A escola é nossa”. Segundo o Censo Escolar, a Domingos Mignoni tinha no ano passado mais de 530 alunos no ensino fundamental do 6º ao 9º, cerca de 200 no ensino médio e mais de 270 no EJA.
A ocupação é totalmente organizada pelos estudantes. “A gestão é por parte dos alunos, nenhum professor está participando, e quando [alunos] entram nós exigimos RG e autorização dos pais [para participarem da ocupação]. Temos também controle de entrada e saída, se a gente não organizar assim, vira bagunça”, disse Daniele Soares, estudante no 3º ano do ensino médio. Quando o VERBO chegou à escola, alunos guardavam o portão de entrada.
‘LUAL DA OCUPAÇÃO’
Na região, a Domingos Mignoni é a segunda escola simultaneamente ocupada contra a reorganização do ensino. Em Embu das Artes, a EE Ede Wilson Gonzaga, no Jardim São Luiz, permanece ocupada desde quinta-feira (19), por alunos e membros do MTST (sem-teto). Na noite desta quarta, os estudantes farão o “Lual da ocupação”. A EE Elizete de Oliveira Bertini, no Santo Eduardo, em Embu, foi ocupada no dia 13 também pelo MTST, mas deixou o colégio dois dias depois.
> Colaborou o repórter Adilson Oliveira, especial para o VERBO ONLINE, em Embu das Artes
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