MP diz que suástica foi ‘inapropriada’ e dita recomendações à prefeitura

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

A Promotoria da Infância e Juventude de Taboão da Serra emitiu na última sexta-feira (25) recomendação à Escola Municipal de Educação Básica Darcy Ribeiro e à Secretaria Municipal de Educação para que passem a informar o tema de todos os “espetáculos” públicos que venham a ser promovidos e tenham a participação de crianças e adolescentes. A medida foi tomada por conta do uso no desfile de 7 de Setembro de símbolos que lembraram a suástica nazista.

O Ministério Público observou que todas as escolas abordaram o mesmo tema, a história dos Jogos Olímpicos da Era Moderna (em virtude da edição no Rio, em 2016), na avenida Fernando Fernandes, no Pirajuçara, mas a apresentação da Emeb no Jardim das Margaridas acabou em “polêmica provocada nas redes sociais”, a partir de foto publicada pelo vereador Luiz Lune (PC do B) – educadores e moradores em geral fizeram comentários em tom de repulsa à escolha.

Alunos da Emeb Darcy Ribeiro levam símbolos que lembraram nazismo; secretário João Medeiros no desfile

A Promotoria diz que a Emeb, ao retratar as Olimpíadas de 1936, em Berlim, colocou alunos carregando cartazes com cruzes gamadas para pontuar a universalidade dos Jogos. “Ocorre que as cruzes lembram as suásticas nazistas, o que provocou polêmica”, diz. O episódio foi revelado pelo VERBO e depois ganhou a mídia no país – órgãos de comunicação evitaram mostrar o rosto das crianças e adolescentes e advertiram que os estudantes “expostos” eram negros.

Ouvida pela Promotoria para explicações, a diretora da escola, Sandra dos Santos, argumentou que várias imagens típicas da Alemanha, como trajes folclóricos, foram utilizadas e apresentados personagens como os compositores Beethoven e Sebastian Bach e o atleta olímpico Jesse Owens. Sandra também disse que foram utilizadas cinco cruzes gamadas, cada uma representando um continente, mas sem a intenção alguma de fazer apologia ao nazismo.

A Promotoria considerou que a escola não cometeu nenhum crime ou infração administrativa nem afronta ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e não instaurou inquérito civil. “Há, no caso concreto, visivelmente, uma escolha inapropriada do símbolo das cruzes gamadas para representar as Olimpíadas de 1936, na Alemanha, já que a semelhança com a suástica faz menção a um símbolo político e não esportivo”, descreve a recomendação do MP.

Reportagem do VERBO publicada no dia do desfile chamou a atenção para a questão, a partir da avaliação de um professor de história de colégio particular ouvido pelo site, que considerou a utilização “inapropriada já que o símbolo era político e não esportivo, além de [representar] uma política desumana”. “Não merece aparecer em um evento cívico”, afirmou. Em resposta às críticas nas redes sociais, Sandra disse que o contexto histórico justificava o recurso.

A Promotoria recomendou que a Secretaria de Educação a informe sobre o tema de desfiles ou comemorações públicas na cidade com no mínimo 15 dias de antecedência. Também solicitou à Emeb que explique aos alunos sobre o significado da cruz gamada e da suástica, e do nazismo, além da realização, até o fim deste ano letivo, de atividades que informem crianças e adolescente sobre temas como prevenção ao uso de drogas e álcool, igualdade entre os sexos.

O VERBO revelou que o secretário de Educação repreendeu diretores das escolas por causa da suástica nazista. João Medeiros exaltou a importância do desfile, mas reclamou de que a utilização do símbolo teve mais repercussão – negativa – que o próprio evento cívico. Ele censurou em particular a diretora Sandra, responsável por levar a suástica à avenida, e disse que em 2016 monitorará a preparação do desfile para evitar erros “constrangedores”, como quer o MP.

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