Após atacar pleito de Lune, Nóbrega recua e pede relação contra nepotismo

Especial para o VERBO ONLINE

ADILSON OLIVEIRA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Após atacar na sessão passada o requerimento de Luiz Lune (PC do B) e alegar invasão à privacidade dos servidores comissionados, o vereador Eduardo Nóbrega (PR) recuou e falou em apresentar o mesmo pedido de informações sobre a folha de pagamento dos funcionários de indicação política do governo Fernando Fernandes (PSDB), na terça-feira (22). Nóbrega disse não ter “medo” da transparência, como acusou Lune, que ironizou a mudança de posição do desafeto.

Nóbrega disse que continuará a apoiar o governo Fernando, do qual é líder na Câmara, e não será Lune “que irá colocar espada na cabeça do líder do PR”. “Estou apresentando o requerimento na Casa hoje [terça] que solicita as mesmas informações pedidas pelo líder do PC do B. Todas. Que se abra a folha de pagamento da prefeitura, que se abra a folha de pagamento da Câmara, se demonstrem todos os nomes. Quem não teme não se assusta”, disse ele em tribuna.

Nóbrega fala em “abrir folha de pagamento da prefeitura e Câmara”, antes pedido por Lune (dir., de costas)

“Peço mais, sr. presidente: coloque ponto eletrônico na Casa, se alguém [vereador] tiver – e tenho certeza que não tem – [funcionário] fantasma, que se demonstre”, continuou Nóbrega, que negou ter voltado atrás ao evocar frase atribuída a Napoleão Bonaparte de que “se eu recuar, mate-me”. “Está apresentado o requerimento, peço o voto favorável de todos os vereadores, que coloquem de maneira clara para que não aconteça esse tipo de ilações [nepotismo]”, afirmou.

Lune retrucou e lembrou que Nóbrega o atacou por pedir a relação ao dizer que a divulgação dos livre-nomeados era “invasiva”. “O meu querido – nem tanto – vereador disse que não queria expor [pessoas], que com esse requerimento eu estaria fazendo política, expondo os servidores. Agora, este mesmo vereador fala que quer fazer o requerimento sim. Nóbrega, quando lhe apetece, muda-se a lei. Saiba quem chama para a briga para não passar um fiasco”, disse.

Lune disse, porém, não acreditar que o pedido seja para valer. “Eu duvido que esse requerimento venha à baila, até porque tem gente que não sustenta o que diz”, tripudiou, ao se referir à promessa de Nóbrega de “dar um pau” no “X-9” (delator entre governistas sobre conversa interna) – o prefeito demoveu Nóbrega para evitar um conflito maior na base com a descoberta do vereador. Apesar do discurso de Nóbrega, o requerimento não foi apresentado em plenário.

O vereador Marco Porta (PRB) disse ser uma “desinteligência relinchante colocar a família na rinha” sobre pedir relação para apontar emprego de parentes no governo e que, se a prática é considerada imoral, “é problema de quem acha”. “Eduardo Nóbrega tem o pai secretário. A lei permite, não é nepotismo”, disse, ao alertar a base para não ser acuada. “Há pessoas de plantão com uma 12 [arma] apontada para nós, esperando darmos munição para nos matar”, falou.

Ao discursar, Nóbrega se exaltou com o público. “Que esses dois cidadãos não se manifestem durante toda a sessão. O presidente toma uma atitude contra eles, ou tomo eu!”, esbravejou. Ele foi interrompido ao continuar a falar depois do tempo encerrado e ser chamado a atenção por Cido (DEM) mais de dez vezes. Lune disse que Nóbrega, além de querer pautar a imprensa, esqueceu que já não era mais o presidente ao não respeitar o tempo, acirrando mais os ânimos.

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