‘Levo meio mundo comigo’, avisa Aprígio se vereadores o investigarem em CPI

Especial para o VERBO ONLINE

MARCELO SOUSA
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

Três dias depois de ter sido alvo de denúncias e ataques por parte de vereadores que apoiam o prefeito Fernando Fernandes (PSDB), o ex-vereador Aprígio (PSB) afirmou nesta sexta-feira, 17, em nova entrevista que marcou, que a transação da compra da área onde construiu a Cooperativa Vida Nova foi feita “de forma a não ter nenhum prejuízo da prefeitura” e ameaçou que se uma CPI for aberta pelos parlamentares para o investigarem “levo meio mundo comigo”.

Na sessão na última terça-feira, dia 14, vereadores que se elegeram em 2012 na coligação de Fernando contra-atacaram após a apresentação de terceiro pedido seguido de investigação contra o prefeito, assinado por Toninho do PC do B, mas que foi atribuído pela base governista a Aprígio, chamado de “mentor” do “denuncismo” por aspirar à prefeitura em 2016. “Isso, para mim, parece desespero. Parece que estão desesperados e estão me perseguindo”, disse.

Aprígio em entrevista em que refutou favorecimento a cooperativa que fundou e preside e se disse perseguido
Aprígio em entrevista em que refutou favorecimento a cooperativa que fundou e preside e se disse perseguido

De tribuna, o pastor Eduardo Lopes (PSDB) disse que o empresário Aprígio foi favorecido na gestão do aliado prefeito Evilásio Farias (PSB), inclusive ao usar o mandato de vereador, na compra da área da cooperativa que teria sido, ao valor simbólico de 1 centavo o metro quadrado, por R$ 67, em vez de R$ 67 milhões e com contrapartida de parte do recurso para a prefeitura construir equipamentos públicos. “Isso é o político José Aprígio, que quer ser prefeito”, disse.

Aprígio refutou qualquer ato ilícito e fez ele acusações contra os opositores. “Esse vereador, o Lopes, é inexperiente e quis tirar vantagem da cooperativa, e como não conseguiu agora faz essas acusações”, falou. “Eu desafio qualquer um a provar que houve favorecimento. Pelo contrário, tudo foi feito de forma a não ter nenhum prejuízo da prefeitura! Ora, a rua que hoje está aberta quem fez? A cooperativa. A luz, as guias, sarjetas, quem colocou? A cooperativa”, afirmou.

Aprígio insistiu ser vítima de perseguição política. “Hoje, a prefeitura está entrando na Justiça para fechar a rua que passa por dentro da cooperativa por qual razão? Só pode ser perseguição”, afirmou. “Somos o maior pagador de IPTU da cidade, sem falar em ISS. Somos um grande gerador de empregos, mas somos perseguidos aqui. Estou até visitando outras cidades, como Itapevi [oeste da Grande São Paulo] e outras áreas, porque aqui não temos apoio”, disse.

Aprígio voltou a citar o Shopping Casa Outlet, que ainda não tem devida liberação da prefeitura para funcionar, apesar de o empresário afirmar já ter feito “de tudo” para ser atendido. “Veja essa construção aqui, pense nos lojistas que estão aqui e estão sendo penalizados por causa de política. Temos aqui parada a geração de 3 mil empregos enquanto outros empreendimentos, o Assaí [rede inaugurada em 2014 na cidade] começou a funcionar sem ter o documento do Corpo de Bombeiros e outras coisas. Por que só com a gente é assim? Só pode ser perseguição!”, declarou.

Ele reagiu à CPI sugerida por Lopes. “Por que esses vereadores não abrem uma investigação contra o shopping [Taboão]? Aí sim tem irregularidades, acho que é a coisa mais irregular da cidade. O terreno onde está funcionando a UPA hoje está irregular, a prefeitura não poderia ter construído naquele terreno que é do shopping. Como pode a prefeitura construir num terreno particular?”, disse, sem mencionar, porém, que a obra foi iniciada na gestão Evilásio.

Segundo Aprígio, a construção do shopping – aberto em 2002 – foi favorecida em troca de favores aos vereadores e ao prefeito, à época Fernando Fernandes. “Eles [Shopping Taboão] não abriram a avenida, não fizeram melhoramentos, não colocaram iluminação, não cederam uma parte do terreno como manda a lei, ou seja, não fizeram nada. Por que isso? Deve ser porque vereadores foram beneficiados, dizem até que têm loja até hoje no shopping”, acusou.

Ao lado de assessor, Aprígio ouve imprensa ao dizer que 'tem vereador que não pode esquecer do próprio rabo'
Ao lado de assessor, Aprígio ouve imprensa ao dizer que ‘tem vereador que não pode esquecer do próprio rabo’

Na sessão, também vereadores que foram eleitos na chapa de Aprígio – hoje aliados do inimigo político – engrossaram o coro de acusações. Ele disse que Marcos Paulo (Pros) e principalmente Ronaldo Onishi (SDD) foram decepção. “Me sinto decepcionado com o comportamento deles! Imagine falar que eu sou o mentor dos pedidos de CPI, ora, o pedido está assinado, quem entrou com o pedido assinou lá, porque estão falando que sou eu? Agora, ficam falando isso e não investigam as mortes no Antena, até acham ruim com os parentes das vítimas que vão lá pedir explicações”, retrucou.

Aprígio encerrou em tom sério e até “ameaçador”. “Se querem vir me investigar, podem vir, mas levo meio mundo comigo, eu conheço bem o que é a malandragem que existe na Câmara, já fui vereador e sei como é que funciona, tem muito vereador aí que não pode esquecer do próprio rabo”, disparou. E pontuou a importância da Cooperativa Vida Nova para a cidade, mas repetiu que poderá levar a iniciativa a outros municípios, ao não encontrar apoio em Taboão.

Na conversa com os jornalistas, Aprígio deixou ainda escapar que talvez saia do PSB em breve. Ele não confirmou, mas disse ter convite de outros partidos e que está pensando a respeito, porém continua na sigla. Ele acredita que o atual prefeito trabalha nos bastidores para o enfraquecimento da legenda na cidade – o PSB é aliado do PSDB no Estado, com Márcio França como vice do governador Geraldo Alckmin (PSDB), um “parceiro” de Fernando na administração.

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