TRT determina que Cavo pague 9,5% e coletor de lixo encerra greve em Taboão

Especial para o VERBO ONLINE

KAREN SANTIAGO
Especial para o VERBO ONLINE, em Taboão da Serra

A greve dos coletores de lixo de Taboão da Serra se encerrou com o julgamento do dissídio da categoria nesta quinta-feira, dia 16. O Tribunal Regional do Trabalho (TRT) determinou que a Cavo Serviços e Saneamento S/A terá de pagar 9,5% de reajuste aos trabalhadores da limpeza urbana e garantir salário integral de 23 dias parados e 90 dias de estabilidade no emprego. O sindicato patronal (Selur) só aceitava pagar 8,5%, após inicialmente querer dar 6,5%.

“As conquistas obtidas no julgamento são consideradas como uma vitória pelos trabalhadores”, disse ao VERBO o presidente do Siemaco (Sindicato dos Empregados de Asseio e Limpeza Urbana) de Taboão, Cotia e região, Donizeti França. Às 7h da manhã desta sexta, será realizada a última assembleia na porta da Cavo, no Parque Laguna, em Taboão, “para o fim da greve ser comunicado”, disse. O julgamento coube ao desembargador Celso Ricardo Oliveira.

Coletores de lixo de Taboão, que tiveram 9,5% após TRT determinar nesta 5ª-feira que a Cavo pague o reajuste
Coletores de lixo de Taboão, que tiveram 9,5% após TRT determinar nesta 5ª-feira que a Cavo pague o reajuste

O Siemaco já contava que com a inflação acumulada já acima de 8,5%, proposta do Selur, a categoria ia conseguir pelo menos a reposição obtida em cidades do ABC. Não seria o ideal. “Não se considerarmos que começamos pedindo no mínimo 11,73%, que achávamos justo, que era a inflação, mais em torno de 5% de aumento real”, falou França. Mas com a “intransigência demais” da empresa, disse o sindicalista, o resultado foi comemorado pelos trabalhadores.

Entre 8,5% que o sindicato patronal passou a admitir pagar e 9,5% que a representação da categoria se conformou em aceitar de reajuste, o empregado da empresa de limpeza urbana embolsaria só mais R$ 10. “É pouca diferença, mas já faz falta ao trabalhador, ele necessita receber”, disse França, em tom de desabafo, na semana passada à reportagem. Hoje, um coletor recebe R$ 1.134, mais R$ 520 em benefícios, e o varredor ganha R$ 982, mais R$ 536 em benefícios.

“Os trabalhadores estão sendo ameaçados, uma parte da população está forçando que eles vão e retirem todo o lixo. É compreensível, mas não estamos com todo o pessoal na rua, a determinação da Justiça é que 70% da coleta domiciliar esteja em serviço, porque estão lutando por salário digno”, dizia ainda. França relatou que no Jardim Scândia uma equipe foi obrigada a fazer a coleta sob a mira de arma de fogo, mas o bando fugiu após a polícia passar pelo local.

Os trabalhadores chegaram a bloquear com duas passeatas a rodovia Régis Bittencourt até a praça central em protesto para terem a reivindicação atendida e informar e pedir à população apoio à necessidade de terem a reposição da inflação ao salário. “Tem uns [moradores] que são bravos com a gente, mas a varredora é brava também. Aos poucos, a gente conquista eles. Não fomos nós que quisemos isso [greve]”, falou ao VERBO uma gari, bem-humorada.

França acusou o governo Fernando Fernandes (PSDB) de “não ter responsabilidade com a cidade” e ser insensível ao sofrimento da população na situação de calamidade pública com o lixo ao não se apresentar para mediar o fim do impasse. “No preço dos serviços contratados estão inclusos todos os custos, inclusive encargos sociais e trabalhistas, portanto, não compete à Prefeitura interferir na relação entre empresa e empregados”, respondeu o governo.

Equipe faz coleta em bairro do Pirajuçara antes de a greve completar uma semana, mas com lixo já acumulado
Equipe faz coleta em bairro do Pirajuçara antes de a greve completar uma semana, mas com lixo já acumulado
Muito lixo em Taboão como no Jd. Maria Helena na última 3ª, apesar de prefeito falar em ação emergencial
Muito lixo em Taboão como no Jd. Maria Helena na última 3ª, apesar de prefeito falar em ação emergencial

Pelo Facebook, Fernando afirmou que estava trabalhando com “130% do efetivo” durante o dia e 100% no período noturno “para conseguirmos normalizar a situação o mais rápido possível”, assim que foi informado da paralisação dos coletores. Ainda segundo o prefeito, os servidores da Secretaria de Manutenção também estavam realizando o trabalho de limpeza e conservação das praças, e “já haviam recolhido cerca de três mil toneladas de lixo nas vias do município”.

A categoria havia retornado ao trabalho, apesar de “em estado de greve”, na terça, dia 14, à noite, após aceitar a condição do TRT de suspender a paralisação, iniciada em 23 de março, para que o dissídio fosse julgado nesta quinta. A realização das coletas foi bastante comemorada pelos moradores e o lixo acumulado estava em quantidades menores. Em greve de 23 dias, as ruas ficaram tomadas por muita sujeira, ratos e muitos mosquitos – sem contar o cheiro forte.

> Colaborou o repórter Adilson Oliveira, especial para o VERBO ONLINE em Taboão da Serra

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