Vereadores reagem a fala de que ‘não fazem nada’; se levaram para lado pessoal, é com eles, diz Dacal

Doze dos 13 parlamentares se 'chatearam' com áudio do subprefeito; eleitos na oposição foram os mais incisivos contra auxiliar do prefeito Engenheiro Daniel

Especial para o VERBO ONLINE

Vereadores de Taboão na sessão em que se disseram 'chateados' e 'indignados' com fala de Dacal; secretário-subprefeito em foto no site da prefeitura |Leandro Barreira-CMTS/PMTS

Vereadores de Taboão da Serra ficaram contrariados e até disseram estar “indignados” na sessão na última terça-feira (13) com uma fala do secretário-subprefeito do Pirajuçara, Tenente Dacal, que cobrou atitude dos membros da Câmara frente aos problemas vividos pela população. Dos 13 parlamentares, só um não se pronunciou. Celso Gallo (PDT) e Enfermeiro Rodney (Podemos), eleitos na oposição, foram os mais hostis ao auxiliar do prefeito Engenheiro Daniel (União).

Dacal, PM aposentado que ingressou na política, gravou o áudio em um grupo de WhatsApp pessoal com seguidores. Ele disse que os moradores estavam reclamando da segurança e da saúde, “só que não levantam da cadeira e não escrevem uma linha para a secretaria que tem que tomar providência”. Ele afirmou que cumpre a atribuição do subprefeito, de podar árvores, e manda queixa de buraco nas ruas ao secretário responsável, mas “cobra”, enquanto os vereadores, não.

“Agora, eu vejo que 90% das pessoas ficam em casa sentadas no sofá, assistindo novela. […] E aí como sempre, na época das eleições, votam nos mesmos vereadores que aí estão, que também não cobram nada – que seriam os nossos representantes. Mas que não querem saber, porque somem e daqui 3 anos e meio [após eleitos] passam na casa de todo mundo, pedem voto, e muita gente bate palma. É por isso que a nossa política, nossa sociedade, nosso país não muda”, disse Dacal.

Sandro foi o primeiro a reagir ao dizer que os vereadores aprovaram a criação da subprefeitura. “E a gente é surpreendido com o subprefeito fazer uma fala infeliz. Ele fala que a poda até comanda, mas tem que pedir a outros secretários [em outras demandas], que os vereadores não fazem nada. A gente tem feito muito. Temos os nossos ofícios, solicitamos. Eu quero deixar a minha indignação. Secretário tem que respeitar a Câmara. Não vou permitir secretários falarem mal”, disse.

Gallo cobrou desculpas públicas. “É inadmissível que um secretário solte um áudio para tentar diminuir a gente. […] A gente trabalha muito para chegar até aqui. E chega um secretário [no cargo] que eu votei dizer que a gente fica 3 anos e 6 meses sentados no sofá e só sai para a rua para disputar a eleição? Senhor prefeito, espero que tome uma atitude. Não vou admitir como vereador e base do governo. Que ele [subprefeito] venha aqui na Câmara se retratar. É o mínimo”, disse.

Rodney expressou “repúdio” a Dacal e instigou os pares a ir a tribuna para, segundo ele, “defender a Câmara”. “Porque atacou todos”, falou. Ele vinculou o secretário ao prefeito, mesmo ao citar que Daniel “não compactua” com a fala. “Quando um secretário ataca vereadores, coloca o prefeito na mesma esteira. Você representa o prefeito! […] Prefeito, não dá moleza para esse pessoal que não quer trabalhar. Se não quiser, manda embora”, disparou, ao criticar outro secretário.

Donizete (PSDB) sugeriu que Dacal visou a próxima eleição. “Não se pode ouvir um áudio desse, expondo a gente como vereador. Eu trabalhei na poda de árvore lá [no governo Aprígio]. É uma máquina de ganhar voto”, disse. Dídio Conceição (PP) se disse “chateado”. Ele criticou a atuação do subprefeito ao reclamar de “pontos escuros por falta da poda” e rebateu a acusação – que considerou contra os vereadores – de que ficam “sentados no sofá, assistindo novela”.

Ao dizer “estar dialogando com o governo de forma fraterna ainda”, Wanderley Bressan (PDT) se queixou sobre “parecer que vereador é um problema”. Anderson Nóbrega (PSD) reprovou a ação de “alguns secretários, na ânsia de virar vereador, de criticar os vereadores”, mas reconheceu que “todos estão passíveis de crítica”. Professora Najara Costa (PC do B) considerou “muito desrespeitoso, muito desonroso esse tipo de fala, de ataque aos vereadores que estão trabalhando”.

Thamires de Cássia (União) classificou o áudio de “desrespeitoso e infeliz”. Ronaldo Onishi (União) apontou que o secretário visa obter apoio eleitoral. “Não é hora de pedir voto. É hora de trabalhar. E os vereadores aqui merecem respeito, todos eles, sem exceção. Foram ungidos pela urna popular”, disse. Joice Silva (PSD) falou que Daniel convidou para a base “vereadores que não foram eleitos com ele”, mas “tem algumas pessoas no governo querendo construir muros”.

Como presidente, Carlinhos do Leme (MDB) aproveitou o tempo entre cada discurso dos colegas para se pronunciar e subiu o tom a cada manifestação contra a fala do secretário. “Não posso ficar em silêncio. A pessoa é paga para trabalhar, e o puxa-saco quer mostrar o que justamente não faz”, disparou. Apesar dos “murmúrios”, a grande maioria dos vereadores não cobra de governos e secretarias soluções para os maiores problemas da população – segurança e saúde.

Dacal falou com o VERBO sobre as manifestações na sessão e viu a reação como desproporcional, inclusive por não ter falado o nome de nenhum vereador. “Não foi ataque a ninguém. Eu falo o que penso e o que sinto. Se a pessoa levou para o lado particular, aí é com ela. Não ofendi ninguém, não citei ninguém, falei de modo geral para quem está ali [no grupo]. O grupo é meu. Algum puxa-saco levou para vereador ou está querendo motivo para me derrubar”, declarou.

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